Silencioso, pé
diabético atinge paciente que não está seguindo o tratamento corretamente
Complicações podem
levar à amputação
14/11 – Dia
Mundial do Diabetes
Um
milhão de indivíduos com diabetes mellitus (DM) sofre uma amputação em todo
mundo. Isso pode ser traduzido em três por minuto. Uma das complicações mais
comuns da glicemia alta em países em desenvolvimento é a úlcera de pés
diabéticos (UPD), que, em 85% dos casos, precede a amputação. Esse quadro
atinge pacientes com DM descompensada, ou seja, que não está seguindo o
tratamento.
Dados
do estudo Eurodiale (European Study Group on Diabetes and the Lower
Extremity) apontaram que 77% das UPD cicatrizaram em um ano e que o
retardo se deveu a comorbidades (insuficiência cardíaca, doença arterial
periférica e doença renal terminal em diálise) e inabilidade para caminhar de
forma independente. Além disso, eles também tinham um mau controle glicêmico,
ou seja, não estavam fazendo o controle da DM. No Brasil, o estudo
multicêntrico BRAZUPA (Baseline characteristics and risk factors for
ulcer, amputation and severe neuropathy in diabetic foot at risk)
mostrou que a doença arterial periférica (DAP) foi um fator de risco frequente
de amputação.
A
Dra. Denise Franco, endocrinologista do Instituto Correndo Pelo Diabetes (CPD),
organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo estimular a prática
regular de atividade física como ferramenta de promoção da saúde e inclusão da
pessoa com diabetes, explica que o pé diabético progride de forma silenciosa.
Em alguns casos, o paciente sente um formigamento. “No exame físico é possível
perceber pele seca, rachaduras, unha encravada, com micose, calos, machucados,
ausência de pelos, entre outros. É a causa mais comum de internações
prolongadas e com custos elevados. Grande proporção dos leitos hospitalares em
emergências e enfermarias, nos países em desenvolvimento, é ocupada por
pacientes com UPD. Aqui no País, o conhecimento dos profissionais de saúde
sobre pé diabético é crítico, e a resolução é muito baixa, sobretudo quanto à
revascularização. Isso leva ao quadro de amputação e 30% desses casos têm como
desfecho a morte”, alerta a especialista.
Mas
por que isso acontece? Por que o paciente com DM descompensado pode ter feridas
nos pés? O diabetes, quando não tratado, pode reduzir a sensibilidade à dor e
temperatura nas extremidades do corpo, por causa da hiperglicemia, que impede
uma boa circulação sanguínea. Sem a oxigenação correta dos vasos naquela
região, a resposta inflamatória fica comprometida, sendo assim, uma simples
topada ou um calo de um sapato apertado não se regeneram e a ferida aumenta
cada vez mais.
Prevenção:
É possível levar uma vida sem medo dessas complicações, de acordo com Bruno
Helman, Fundador e CEO do Instituto Correndo Pelo Diabetes. “Manter alimentação
saudável e equilibrada, seguir o tratamento orientado pelo especialista e a
prática diária de atividade física são as principais formas para prevenir a
evolução do diabetes e todas as consequências que a doença pode trazer”,
explica Helman, diagnosticado com a diabetes aos 18 anos.
De
acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, outros itens indispensáveis à
prevenção de UPD são: educação sobre o assunto tanto de pacientes como de seus
cuidadores e até mesmo de equipes médicas; exames anuais para identificar
indivíduos em risco de ulceração; cuidados podiátricos e uso de calçados apropriados;
tratamento efetivo e imediato quando houver qualquer complicação nos pés;
estruturação do serviço, com o objetivo de atender às necessidades do paciente
com relação a um cuidado crônico, em vez de buscar apenas a intervenção de
problemas agudos, de urgência.
Estima-se
que 40% dos pacientes com histórico de UPD apresentem recidiva em um ano; 60%,
em dois anos; 65% em até cinco anos. Assim, é importante estimular a adesão do
paciente por meio de processo educativo, motivar o autocuidado e consultas
regulares para avaliação por equipe especializada.
Sobre
o Correndo pelo Diabetes
O
Instituto Correndo pelo Diabetes (CPD) é uma organização sem fins lucrativos,
que tem como objetivo estimular a prática regular de atividade física como
ferramenta de promoção da saúde e inclusão da pessoa com diabetes. Desde 2018,
recebe o apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e atualmente faz parte
das ações do Departamento de Diabetes, Esporte e Exercício da SBD.
https://correndopelodiabetes.com/
https://instagram.com/correndopelodiabetes
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