Neurocientista Dr. Fabiano de Abreu comenta sobre as alterações comportamentais e físicas que ocorrem no cérebro quando há excesso do uso de videogames.
De acordo com estudos do NPD Group, uma empresa que realiza pesquisas de mercado global, 9 em cada 10 crianças jogam videogames. A popularidade dos aparelhos de games é notável desde a sua criação, não são raros os relatos de pessoas que passam horas em frente às telas dos jogos. O problema é que muitos estudiosos acreditam que o excesso de games antes dos 21 ou 22 anos podem causar alterações no cérebro.
“Pesquisadores na China realizaram ressonância magnética no cérebro de 18 estudantes que passavam cerca de 10 horas por dia jogando e puderam perceber que eles apresentavam menos massa cinzenta do que outras pessoas que passavam menos de duas horas por dia online”, relata o neurocientista, phd e biólogo Dr. Fabiano de Abreu. De acordo com ele, na década de 90, os cientistas também alertavam para o risco de subdesenvolver regiões do cérebro que são responsáveis pelo comportamento, emoção e aprendizagem, já que os games estimulam a visão e o movimento.
No entanto, apesar das
evidências científicas de possíveis prejuízos com o excesso de jogos, é difícil
definir o limite entre a diversão e o vício. “Os jogos têm qualidades
viciantes. O nosso cérebro está programado para ansiar por gratificação
instantânea, ritmo acelerado e imprevisibilidade. Todas essas características
podem ser adquiridas no videogame”, detalha o neurocientista.
Quando se afasta uma pessoa ‘viciada em jogos’ dos videogames, ela pode apresentar mudanças notáveis de comportamento como se fossem crises de abstinência, podendo chegar até a agressão. “Mas, nem tudo é ruim. Os videogames podem ajudar o cérebro de várias maneiras, como aprimorar a percepção visual, a capacidade de alternar entre tarefas e melhorar processamento de informações”, defende o Dr. Fabiano de Abreu.
Para ele, o importante é
encontrar um equilíbrio. “Os jogos promovem habilidades úteis, com certeza, mas,
se exercidas excessivamente, também podem se tornar problemas. Afinal, quando
as crianças ficam tão acostumadas a realizar multitarefas e processar grandes
quantidades de informações simultaneamente, elas podem ter problemas para se
concentrar em uma palestra em um ambiente de sala de aula”, exemplifica o
especialista.
Fabiano de
Abreu Rodrigues - PhD, neurocientista com formações também em
neuropsicologia, biologia, história, antropologia, neurolinguística,
neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à
aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição
clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito;
Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University
International e membro da Federação Européia de Neurociências e da Sociedade
Brasileira e Portuguesa de Neurociências.
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