O mundo atingiu, em 2020, a meta prevista para 2030 no número de pessoas com diabetes. Nos dois últimos anos o aumento foi de 16%, segundo dados preliminares que integram o novo Atlas do Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes.
Atualmente a doença já atinge 537 milhões de adultos, com idades entre 20 e 79
anos, sendo 32 milhões nas Américas do Sul e Central. A previsão é que esse
número aumente para 643 milhões em 2030 e 784 milhões em 2045.
Em 90% dos casos, o Diabetes se manifesta como o Tipo 2, que está relacionado
ao sobrepeso, obesidade e maus hábitos de vida.
"Ainda não saíram os dados brasileiros, mas em 2019 estávamos em 5º lugar
no mundo e o 6º de subdiagnóstico, estima-se que a metade das pessoas que têm
diabetes no mundo nem têm diagnóstico, apesar da importância do tratamento
precoce, que visa evitar complicações da doença", declarou a
endocrinologista, Tarissa Petry.
Ela apresentou os dados preliminares, nesta quinta-feira (11), no XXI Congresso
Brasileiro de Cirurgia Bariártica e Metabólica, que acontece até o dia 13 de
novembro, em São Paulo. O novo Atlas do Diabetes será lançado oficialmente, no
dia 06 de dezembro.
Ainda de acordo com o Atlas, 81% dos adultos com diabetes vivem em países com
baixa e média renda. No próximo domingo, dia 14 de novembro, é celebrado o Dia
Mundial do Diabetes, com o objetivo de incentivar o diagnóstico e tratamento
precoce.
Cirugia para o Diabetes
A cirurgia metabólica para o tratamento do diabetes tipo 2 será discutida por
cirurgiões e endocrinologistas durante dois dias - 11 e 12 de novembro - no
Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica . O debate "Novas Fronteiras
no Tratamento do Diabetes Tipo 2", conta com a participação de
representantes de entidades que atuam diretamente com pacientes portadores da
doença.
A cirurgia metabólica é realizada de forma semelhante a cirurgia bariátrica,
porém o objetivo principal é o controle da diabetes e não a redução de peso. É
indicada principalmente para os pacientes que não obtêm sucesso no controle
clínico e medicamentoso da doença.
O procedimento foi aprovado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2017,
mas seu acesso ainda não é garantido por planos de saúde. No Sistema Único de
Saúde (SUS), a cirurgia para o diabetes apesar de regulamentada enfrenta a
lentidão das filas.
Segundo o presidente da SBCBM, Dr. Fábio Viegas, ampliar o acesso ao tratamento
cirúrgico do diabetes tipo 2 é importante para evitar complicações e óbitos
causados pela doença. "O procedimento é seguro, eficaz e realizado por
videolaparoscopia. Essa alteração promove a passagem mais rápida do alimento do
estômago para o intestino e traz mudanças metabólicas como a aceleração da
produção de hormônios, que atuam no pâncreas melhorando a produção de insulina,
o que normaliza os níveis de glicose no sangue", informa.
Estudos têm demonstrado benefícios a médio e longo prazo para a qualidade de
vida destes pacientes como, por exemplo, que 45% dos pacientes entram em
remissão do diabetes (deixam de tomar medicamentos e insulina) já no primeiro
ano de cirurgia.
Além disso, a cirurgia metabólica é uma ferramenta eficaz para prevenir
complicações graves do diabetes como a insuficiência renal, a retinopatia
diabética, acidentes cardiovasculares e os problemas de úlcera e gangrena dos
membros inferiores que levam muitos pacientes a ter de amputar parte da perna.
XXI
Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
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