Tabagistas devem abandonar o vício para manter a saúde dos
ouvidos em dia
Alcatrão, monóxido de carbono,
nicotina, formol, solventes e amônia são apenas algumas das cerca de 4700
substâncias tóxicas que compõem o cigarro. Essas substâncias somadas aos outros
presentes no cigarro causam, dentre vários problemas de saúde, a diminuição na
capacidade de oxigenação sanguínea, causando obstruções vasculares e alterando
a resistência que o sangue oferece ao seu próprio movimento. E o que isso
tem a ver com a audição?
A Dra. Rita de Cássia Cassou
Guimarães otorrinolaringologista e otoneurologista, de Curitiba, explica
resumidamente. “Os ouvidos possuem estruturas muito sensíveis e qualquer
mudança na circulação sanguínea pode afetá-los. A redução do oxigênio e de
nutrientes no órgão provoca a morte das células auditivas, ocasionando perda de
audição progressiva,” diz.
A dependência é causada pela
nicotina, uma substância que estimula o cérebro ao prazer e está presente no
tabaco. "Ao entrar em contato com a corrente sanguínea, a nicotina provoca
uma sensação de bem-estar, relaxamento e minimiza a ansiedade", explica.
A lista de malefícios provocados pelo tabagismo é grande e inclui alterações
auditivas. De acordo com um estudo apresentado como dissertação de mestrado da
Unifesp, quem fuma, no mínimo, cinco cigarros por dia há mais de um ano tem
quatro vezes mais chances de sofrer com zumbido. Foram avaliados 72 fumantes e
72 não fumantes, com idade entre 20 e 31 anos e de ambos os sexos. "O
zumbido é um sintoma percebido na cabeça ou nos ouvidos sem a presença de uma
fonte sonora externa. A perda de audição e alterações no sistema auditivo são
as suas principais causas", ressalta a médica, mestre em clínica
cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Parar
de fumar traz benefícios a curto e longo prazo
Rita destaca que a melhor maneira de
evitar os danos do cigarro é parar de fumar o mais rápido possível. Ficar 20
minutos longe do tabaco contribui para a redução da frequência cardíaca e da
pressão sanguínea e em duas horas já não há mais nicotina no organismo. Em 72
horas sem o produto, a quantidade de monóxido de carbono no corpo é
normalizada. "Com o passar do tempo, a função respiratória é recuperada e
a oxigenação dos tecidos volta ao normal, contribuindo para a saúde dos ouvidos
e de todo o organismo", enfatiza a médica.
Dois anos sem fumar reduz pela metade
as chances de ocorrer algum evento cardiovascular e em 10 anos o organismo do
ex-fumante corre menos riscos de ter câncer. Quanto menor for o tempo do vício
e a intensidade de consumo do cigarro, mais cedo os benefícios irão surgir.
"O ideal é parar de fumar gradualmente para minimizar os sintomas de
abstinência, que são desagradáveis e desencorajam o indivíduo a seguir em
frente. O fumante deve procurar um médico especializado para que seja indicada
a melhor estratégia terapêutica para interromper o hábito", acrescenta.
Rita, responsável pelo Setor de
Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de
Clínicas da UFPR, dá algumas orientações para ajudar os fumantes que desejam
largar o vício:
- Retarde a hora de fumar o primeiro cigarro. Assim você passará a consumir
menos cigarros por dia;
- Pratique exercícios físicos. A atividade física provoca bem-estar, reduz a
ansiedade, ajuda a melhorar os sistemas respiratório e cardiovascular e ainda
contribui para a manutenção do peso;
- Mude seus hábitos. Evite locais onde há fumantes e mude atitudes que
incentivem o uso do cigarro.
- Escove os dentes após as refeições. O gosto da comida na boca aumenta a
vontade de fumar.
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica
cirúrgica pela UFPR
Blog: http://canaldoouvido.blogspot.com
Email: ritaguimaraescwb@gmail.com
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