Ortopedista infantil ensina o bê-a-bá para preparar mães e pais para o uso do Canguru e do Sling e alerta para possíveis perigos
Primeiramente, é
preciso entender a diferença entre esses acessórios que deixam as mãos livres
do adulto que os utiliza: o Canguru é um suporte acolchoado e macio que
usamos na frente do tronco, sendo que há alguns modelos para uso nas costas; e
o Sling é uma longa tira de tecido que, geralmente, fica presa nos
ombros e cintura da mãe ou pai; é utilizado na frente do tronco e o bebê pode
ficar em diversas posições. "Com esses acessórios, os bebês podem ver o
mundo ao redor e, se usado corretamente, é uma boa forma de transportar os pequenos
enquando se dá um passeio", garante a ortopedista pediátrica Dra. Natasha
Vogel.
Mas como escolher um
deles?
A primeira dica para
quem pensa em comprar esse tipo de acessório, segundo Natasha, membro titular
da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira
de Ortopedia Pediátrica, é verificar se você consegue colocá-lo sem ajuda.
"Caso a mãe não consiga, sempre deve pedir ajuda até que se acostume a pôr
o suporte sozinha. Uma boa saída é treinar antes com bichinhos de pelúcia ou
bonecas", indica.
Outras observações
valiosas para a segurança do bebê e da mãe, de acordo com ela, são:
- Experimente vários
modelos antes de escolher o seu. Gaste tempo e não tenha pressa para efetuar a
compra;
- Procure por peças
com alças mais largas e acolchoadas, quando estiver buscando um Canguru. As
alças devem passar nas costas e uma tira deve estar presa à cintura: isso
ajudará a distribuir o peso do bebê;
- O suporte escolhido
deve ficar firme ao seu corpo;
- Cuidado, em dias
quentes, para não superaquecer o seu bebê;
- Para usá-lo por mais
tempo, verifique o peso que o Canguru ou o Sling aguentam e se existe a opção
do bebê poder olhar para frente, pois esse interesse só aumenta com o seu
crescimento.
Quais são os cuidados
que devemos ter?
Atenção: antes dos
quatro meses de vida, ambos suportes podem oferecer risco de sufocar o bebê se
não forem usados corretamente. "Isso acontece porque os músculos do
pescoço não são fortes o suficiente para controlar a cabeça. Neste caso, verifique
se o aparelho oferece apoio à coluna cervical do bebê. Também não podem
pressionar a boca ou nariz da criança, e deixá-la no formato em ‘C’, porque
isso dificulta a respiração", alerta Natasha.
Outras dicas
importantes sobre as posições do bebê, ao utilizar os acessórios, de acordo
com a médica, são:
- Verifique o peso do
bebê que o suporte é capaz de tolerar e leia o manual atentamente e
completamente;
- Cheque se, ao
posicionar o bebê, o suporte não obstrui suas vias aéreas;
- O rosto do bebê deve
estar sempre visível. Esteja certo de que rosto, nariz e boca estão descobertos
e perto o suficiente para facilmente beijá-lo ao estar com a cabeça para
frente;
- O queixo dele deve
ficar afastado do seu peito, pois se estiver pressionado, pode dificultar a
respiração;
- O apoio nas costas
correto faz com que a coluna esteja apoiada, com a barriga e o peito bem
encostados ao seu corpo;
- Antes de posicionar
o bebê nele, veja se não existem rasgos, se as presilhas estão funcionando ou
se não está desgastado;
- Confirme se o bebê
consegue mexer cabeça, pés e mãos livremente e se seus quadris estão abertos e
suas pernas abraçadas contra o seu tronco, no caso do Canguru. Tanto joelhos
como quadris devem ficar dobrados fazendo o formato da letra "M";
- O acessório deve
estar justo ao corpo, com apoio cervical e na posição vertical;
- Cuidado ao se
abaixar! Sempre dobre os joelhos para o bebê não cair do acessório.
Com relação aos movimentos
e o preparo da mãe, ao utilizar o suporte, há mais conselhos importantes:
- Feita a escolha pelo
melhor suporte, ao usá-lo, escolha calçados que sejam fáceis para caminhar,
confortáveis, e ande em superfícies regulares para não tropeçar;
- Lembre-se: não corra
com o bebê no Canguru ou Sling, nunca, jamais;
- No momento mais
crítico, que é a hora de retirar o bebê do suporte - pois é quando os acidentes
acontecem - se possível, peça a alguém para ajudá-la ou sente-se no chão;
- Muito cuidado ao
inclinar-se, e se for o caso, segure-se em uma superfície firme, dobre os
joelhos e segure sempre o bebê ao movimentar seu corpo para cima ou para baixo;
- Não cozinhe com o
bebê preso ao seu tronco. Eles podem se queimar;
- Da mesma forma,
nunca segure comidas ou bebidas quentes.
Sinais de alerta
Algumas posições
merecem atenção e reposicionamento do bebê. Ou seja, esteja alerta se:
- O rosto estiver
coberto ou com o queixo encostado no peito;
- Se o bebê estiver em
posição fetal;
- Se estiver
respirando com dificuldade ou fazendo barulhos como um chiado ou assobiando;
- Se estiver com a
pele cinza ou azulada;
- Se estiver agitado,
inquieto ou se contorcendo.
"Essas
informações servem para ajudar os pais na hora de definir qual é a melhor opção,
de acordo com seus costumes de locomoção e movimentação. A escolha é muito
pessoal, então teste cada um deles e fique atento aos cuidados, pois são
essenciais para a segurança do adulto e da criança", finaliza a médica.
Dra. Natasha Vogel • Médica Assistente em Ortopedia e Traumatologia do
HSPM-SP São Paulo, Brasil • Mestrado em Ciências do Sistema Muscoesquelético.
Universidade de São Paulo, USP São Paulo, Brasil •
Especialização - Residência Médica Universidade
de São Paulo, USP São Paulo, Brasil
Título: Ortopedia Pediátrica • Especialização - Residência Médica Hospital do Servidor Público Municipal, HSPM/SP
São Paulo, Brasil Título: Ortopedia e Traumatologia •
Graduação em Medicina Faculdade de
Medicina de Jundiaí, FMJ Jundiai/SP, Brasil.
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