Brasil ocupa a 103ª posição em ranking de saneamento: Terceiro Setor se torna aliado na busca de soluções inovadoras para a universalização
Falta de saneamento
básico sobrecarregou o Sistema de Saúde com 273.403 internações por doenças de
veiculação hídrica em 2019
Dia 19 de novembro, Dia Mundial do Banheiro. A
data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de
chamar atenção para a falta de saneamento básico em todo mundo. No Brasil, mais
de 100 milhões de pessoas não possuem acesso à coleta de esgoto e 35 milhões de
habitantes não têm água tratada, de acordo com dados do Sistema Nacional de
Saneamento (Snis). O país ocupa a 103ª posição em ranking de saneamento mesmo
sendo a 9ª economia mundial. E diante desta realidade surge o Terceiro Setor
para testar soluções inovadoras, propor modelos de engajamento e gestão
comunitária, sistematizar experiências e assim contribuir com a formulação de
políticas públicas para o setor.
Renata Ruggiero Moraes, diretora-presidente do
Instituto Iguá de Sustentabilidade - que tem como missão contribuir para a
universalização do saneamento no Brasil - afirma que o DNA do terceiro setor é
ser um grande Hub de tecnologias sociais. "Temos realizado pilotos, cases
em comunidades, testando soluções inovadoras, acessíveis e Sustentavel, assim
como modelos de engajamento e participação comunitária. Com bons resultados
práticos, é possível sistematizar essas experiências e contribuir a formulação
de políticas públicas eficazes. O Terceiro setor tem essa flexibilidade para
testar, que muitas vezes o setor público não tem, pelo engessamento e
burocracia. E diferente também do setor privado que tem mais foco no resultado.
O terceiro setor tem o papel de promover a inovação social, já que conhece
profundamente o desafio na ponta", afirma.
A gestão de saneamento básico é feita pelos
municípios e, de acordo com a diretora-presidente do Instituto Iguá, muitos
deles sequer possuem plano de saneamento básico. "A maior parte é composta
por cidades pequenas, cujos prefeitos não estão preparados, e não é culpa deles,
é o contexto de educação, de conhecimento. Muitos municípios sequer desenvolvem
plano de saneamento básico e, sem ele, não conseguem acessar os recursos
públicos para essa gestão", afirma.
Para se ter uma ideia, pesquisa realizada pelo
Instituto Trata Brasil indica que a falta de saneamento básico sobrecarregou o
Sistema de Saúde com 273.403 internações por doenças de veiculação hídrica em
2019 - aumento de 30 mil hospitalizações ao comparar os índices do ano
anterior. Foram 13,01 casos a cada 10 mil habitantes e uma despesa de R﹩ 108 milhões, segundo
o DataSus. No mesmo ano, o crescimento em investimentos em saneamento básico
foi de 18,8%. Saindo dos R﹩ 13,2 bilhões em 2018 para R﹩ 15,7 bilhões.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
indicam que a cada R﹩ 1 investido em saneamento básico, há uma economia de R﹩ 4 em saúde.
"Isso nos mostra que, mais do que necessário, é um investimento que se
viabiliza totalmente. Porém, infelizmente, do ponto de vista de alguns é
inviável porque não dá voto. É algo enterrado, de longo prazo e um impacto que
não é tão visível diretamente. É mais fácil gastar numa obra de hospital,
enquanto poderia muito mais investir em saneamento e evitar que as pessoas
fiquem doentes".
Em 2020, o Instituto Iguá e a Climate Ventures,
junto com um grupo de investidores sociais comprometidos com a causa, lançaram
um fundo de Venture Philanthropy chamado "Ipu - Water & Sanitation
Venture Philanthropy", que é a primeira iniciativa de Venture Philanthropy
no Brasil ligada à causa da água e do saneamento. "Busca fomentar o
ecossistema de impacto socioambiental no Brasil, apoiando startups e/ou
organizações sociais por meio de doações e/ou capital paciente e de uma
aceleração customizada, de acordo com os principais desafios de cada
organização. Pretendemos usar mecanismos inovadores para promover mudanças
significativas no setor. É o negócio para impacto e não o negócio com
impacto", afirma Renata.
O conceito de Venture Philanthropy originalmente
disseminado pelo IVPC (International Venture Philanthropy Center) ainda é
recente no Brasil, mas já vem sendo praticado há cerca de uma década,
principalmente na Ásia e na Europa. O termo refere-se ao fomento de negócios de
impacto e/ou organizações da sociedade civil, visando promover a
sustentabilidade financeira dos projetos apoiados e o impacto socioambiental
crescente no médio e longo prazo.
Sobre o Instituto Iguá
O Instituto Iguá de
Sustentabilidade nasceu da intenção da Iguá Saneamento, empresa investida da
IG4 Capital, em fazer a diferença no setor, promovendo a ampliação do impacto
social dessa atividade. Para isso, assumiu uma missão ambiciosa: contribuir
para a universalização do saneamento no Brasil, por meio da inovação no setor e
da educação para o desenvolvimento sustentável. A entidade compreende que atuar
no saneamento vai muito além de tratar e fornecer água ou coletar e tratar o
esgoto. Significa levar dignidade, saúde e perspectiva de futuro para milhares
de brasileiros. O Instituto Iguá é uma associação sem fins lucrativos, de
direito privado, que nasceu de forma independente e atua de forma
multisetorial, reunindo esforços de diversas empresas e organizações para a
causa do saneamento.
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