O ferro é um mineral
vital para quase todos os organismos. Ele faz parte da hemoglobina que fica na
hemácia e é a proteína que transporta o oxigênio pela corrente sanguínea. Isso
significa dizer que quando uma pessoa tem deficiência de ferro, ou um quadro
anêmico, as células do corpo recebem menos oxigênio do que deveriam, impactando
a saúde e o bem-estar.
Para suprir os efeitos
dessa falta de oxigênio, o corpo humano tenta fazer ajustes provocando sintomas
como taquicardia, sonolência e cansaço excessivo, além de dores de cabeça e nas
pernas. Muitas pessoas apresentam, ainda, queda de cabelo e unhas quebradiças.
Se a taxa de hemoglobina estiver abaixo de 10 g/dL, já há deficiência de ferro.
E quando os estoques de ferro começam a ficar esgotados e o corpo não consegue
mais produzir hemácias, a anemia se instala.
A absorção do ferro
pelas células do intestino requer uma grande quantidade de energia porque a
molécula é muito grande. Outro ponto é que apesar desse metal ser fundamental
para o processo de oxigenação das células do organismo, ele também é tóxico e
só pode circular pelo corpo carregado por proteínas específicas, como a
transferrina. Isso para não correr o risco de se depositar nos tecidos.
O ferro é obtido pela
alimentação e é tão importante para o nosso organismo quanto o cálcio, tanto
que adquirimos a capacidade de estocar o mineral nos músculos e em órgãos como
o baço e o fígado, por meio da associação com uma outra proteína chamada
ferritina. E é graças a esse estoque, que leva um tempo para uma pessoa
desenvolver anemia. Já a deficiência de ferro é muito comum, principalmente na
infância, em mulheres em idade fértil, por causa dos distúrbios menstruais, e
em processos inflamatórios intensos, como os que ocorrem nos casos graves da
Covid-19.
A hiper menstruação é
uma das principais causas de anemia em mulheres. Um ciclo que ultrapassa quatro
dias provoca uma perda excessiva de sangue, gerando queda no estoque de ferro.
As gestantes também sofrem com o problema já que o feto tem prioridade na
absorção do mineral, o que debilita o organismo da futura mamãe. Nas crianças,
os vilões são os refrigerantes e doces que prejudicam a alimentação e,
consequentemente, a absorção de ferro. Na idade escolar, a prevalência de
anemia chega a ser de 50%.
Já nos processos
inflamatórios intensos, o que ocorre é a liberação de hepcidina, substância que
tem papel importante no metabolismo, funcionando como uma espécie de
"regulador" da taxa de ferro no organismo. A hepcidina é um hormônio
produzido no fígado que exerce sua função por meio da ligação à ferroportina,
proteína presente na membrana de macrófagos, enterócitos e hepatócitos, células
responsáveis pelo sistema imune e pela absorção dos alimentos. Só que em grande
quantidade, a hepcidina inibe a absorção do ferro.
A suplementação de
ferro pode e deve ser indicada sempre que for identificada queda na taxa de
ferritina, mas sabemos que a adesão ao tratamento nem sempre é fácil. O gosto
metálico e a irritação gastrointestinal, efeitos colaterais da maioria dos
suplementos mais tradicionais, e que afetam ainda mais as grávidas, que já
sofrem com azia, são alguns dos entraves.
Uma alternativa é o
uso de ferro sucrossomal que tem tecnologia mais moderna e, por isso, maior
tolerabilidade, protegendo a mucosa intestinal da ação oxidante do mineral e
evitando o gosto desagradável na boca. Ele também garante maior
biodisponibilidade no organismo porque suas moléculas são menores, o que
facilita a absorção pelo intestino.
O ferro é vital para
as células e indispensável no processo de respiração. O seu déficit provoca
anemia e o seu o excesso é tóxico, provocando danos ao fígado, coração e
pâncreas. Uma alimentação balanceada, com proteínas como carnes e peixes,
cereais, frutas e verduras escuras (brócolis, couve, espinafre), é essencial
para combater o problema. Mas a suplementação deve ser levada em consideração
para elevar os níveis ferro o quanto antes, restabelecendo a boa oxigenação do
corpo e elevando a qualidade de vida.
Dr. Hélio Osmo -
cardiologista especializado em nutrição clínica, é presidente da Sociedade
Brasileira de Medicina Farmacêutica e gerente executivo da área médica da
Farmacêutica Zambon.
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