Em 1905, a Bunge, que sempre teve destaque por seu perfil inovador, instalou seu primeiro moinho na cidade de Santos
O
pão de forma está em 80% dos lares brasileiros*. Isso significa que, para a
maior parte da população do País, este é um item presente em pelo menos uma das
refeições diárias. Seja de forma, francês, doce ou integral, o pão faz parte da
vida de praticamente toda as pessoas. E em 16 de outubro é comemorado o dia
mundial desse alimento tão tradicional.
A
história sobre a chegada do pão ao Brasil é bastante curiosa. Apesar da
panificação por aqui estar vinculada às tradições portuguesas, foi com os
migrantes italianos que essa cultura realmente se expandiu. Nos grandes centros
urbanos, em fins do século XIX, início do XX, as típicas padarias começaram a
surgir. E assim como em outros lugares do mundo, trouxe em seu rastro a
necessidade de expansão da produção de trigo.
O
pãozinho que nós consumimos hoje em nada se parece com os primeiros que foram
feitos por aqui. “A receita atual do pão francês, um dos mais tradicionais do Brasil, é
uma adaptação dos brasileiros mais abastados que voltavam de viagem da Europa,
em especial da França, e desejavam manter essa iguaria para consumo. Nessa
época, era bastante popular em Paris um pão curto com miolo branco e casca
dourada, uma espécie de precursor da baguete. O resultado foi o surgimento da
versão brasileira do ‘pão francês’, que demorou 400 anos para chegar ao formato
que conhecemos hoje, que difere da sua fonte de inspiração, principalmente por
levar um pouco de açúcar e gordura na massa antes de ir ao forno”, explica
Cláudia Calais, Diretora Executiva da Fundação Bunge.
A
história do pão francês que comemos todos os dias se confunde com a história da
industrialização do Brasil. Habituada a copiar os costumes europeus, a
sociedade brasileira do século XX vivia a Primeira República e se adaptava a
intensas transformações políticas e econômicas.
Com
a abertura do comércio interno para produtos estrangeiros, o Brasil torna-se um
mercado altamente consumidor dos produtos de fora e, consequentemente ideias e
hábitos europeus. Não demorou para surgirem empreendimentos voltados para
moagem de trigo, panificadoras e produtos voltados para esse segmento.
Atenta
ao cenário, a Bunge - uma das maiores empresas de alimentos e agronegócio do
país atualmente – mas que sempre teve destaque por seu perfil inovador instala,
seu primeiro moinho na cidade de Santos em 1905 e, nove anos mais tarde adquire
o Moinho Fluminense na cidade do Rio de Janeiro.
“Observando
o mercado interno, a Bunge expandiu suas unidades moageiras pelo país
gradativamente. Se reinventou por inúmeras vezes ao longo dos anos, justamente
por estar atenta às mudanças e às atualizações necessárias. E mais do que isso:
os moinhos passaram a ser os maiores incentivadores da pesquisa agrícola no
Brasil, não só em termos de combate a pragas, mas também de melhoramento de
espécies.”, ressalta Cláudia Calais, Diretora Executiva da Fundação Bunge.
Acervo
O
Centro de Memória Bunge possui em seu acervo importantes registros históricos
deste processo, com documentos e fotos sobre as primeiras padarias do país.
Além disso, o local mantém e preserva um rico acervo de propagandas da época,
como o anúncio de rua de 1920 da Farinha de Trigo São Leopoldo, em Belo
Horizonte -MG.
Sobre
o Centro de Memória
O
Centro de Memória Bunge foi criado em 1994 e traz preservada e acessível ao
grande público a história de mais de 100 anos da Bunge no Brasil, na forma de
mais de 1,5 milhão de documentos cartográficos, iconográficos, filmográficos e
textuais, entre outros. Um patrimônio que narra não apenas a trajetória da
Bunge no País, como a evolução dos valores, costumes e modos de organização da
própria sociedade brasileira.
Curiosidades
sobre a história do trigo no Brasil:
-
O trigo chegou ao Brasil pelas mãos de Martim Afonso de Sousa, que aportou no
litoral paulista em 22 de janeiro de 1532, onde fundou a Vila de São Vicente, a
primeira cidade brasileira. Na sua esquadra de cinco embarcações, o colonizador
matriz de frutas, hortaliças e cereais – entre eles, o trigo.
-
Ao contrário do clima temperado europeu, de estações do ano bem distintas, o
calor constante do trópico fazia o trigo crescer, dar flores e murchar sem
deixar grãos. Mal havia “nascido”, o Brasil precisava importar trigo,
necessidade que se mantém até hoje: o País jamais atingiu a autossuficiência na
produção de trigo, nem mesmo em 1987, ano de safra recorde de mais de 6 milhões
de toneladas.
-
A participação estrangeira nos primeiros moinhos do País, como foi o caso do
Moinho Santista (nome dado a Bunge) contribuiu para a modernização da indústria
moageira nacional – no processo, ajudando a finalmente disseminar o trigo na
mesa do brasileiro, 400 anos após o descobrimento.
-
Em 1987, o Brasil alcançaria sua safra recorde: 6.126.800 toneladas de trigo
produzidas (mais de 80% das quais, oriundas do Paraná e do Rio Grande do Sul).
Um número ainda insuficiente em termos de mercado, mas imenso para um país que,
menos de um século antes, nem mesmo tinha o costume de comer pão.
*Dados
de um estudo de 2020 encomendado pela Associação Brasileira das Indústrias de
Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi)
com a consultoria Kantar WorldPanel
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