Um dos maiores pensadores do século XX, Albert Einstein, certa vez disse que “educar verdadeiramente não é ensinar fatos novos ou enumerar fórmulas prontas, mas sim, preparar a mente para pensar”. A autonomia, portanto, e não a imposição de regras e conhecimentos, seria a chave para preparar os futuros homens e mulheres responsáveis pela sociedade que conhecemos.
É preciso ter uma boa dose de paciência e coragem
para ensinar autonomia. Muito mais simples é despejar conceitos e teoremas já
testados e comprovados, cobrar depois que as jovens cabeças pensantes tenham
decorado todos eles e, assim, conseguir resultados sólidos sem correr grandes
riscos. Nesse caso, porém, onde poderíamos aplicar a inovação, testar as boas
ideias, criar o inusitado? Faz parte do educar entender que as novas gerações
não alçarão voo enquanto estiverem presas a um pensamento já formatado. Daí a
importância de apresentar o mundo do trabalho à juventude desde cedo.
Enquanto, nas instituições de ensino, o estudante
conhece e explora todas as teorias, é dentro dos ambientes profissionais que
ele pode vislumbrar as possibilidades trazidas pelo diploma. Empreender é
palavra que está na moda, mas não significa necessariamente abrir uma empresa.
O pensamento empreendedor precisa ser praticado e vivenciado, dia após dia,
dentro e fora da sala de aula. Para que a teoria funcione, ela precisa estar
alinhada à prática. E, para que a prática se sustente, é necessário embasá-la
em grandes volumes de teoria. Tal cenário só pode ser construído quando há um
bom relacionamento entre empresas e instituições de ensino.
Professores e equipes pedagógicas são
indispensáveis para apresentar aos jovens o conhecimento científico, mas não
podem esquecer de permitir que esses mesmos jovens exercitem o raciocínio
livre. É por meio dele que, na outra ponta dessa trajetória, eles se tornarão
expoentes da inovação profissional, seja em um negócio próprio ou como
colaboradores em projetos relevantes.
Por outro lado, a indústria, o comércio e outros
setores precisam estar preparados para receber essas mentes, ouvir suas
impressões do mundo e absorver as muitas teorias que elas carregam da formação
acadêmica. Ali, crescendo em um ambiente controlado e acompanhado por
profissionais mais experientes, será possível desenvolver práticas que apliquem
todo esse conhecimento. O resultado dessa combinação entre teoria e prática é a
oxigenação do mercado de trabalho e das instituições de ensino.
Os processos, fluxogramas e protocolos
profissionais devem estar em constante renovação - e nada como o trânsito entre
academia e mercado para que isso ocorra de forma orgânica. Experiências
concretas como a de Maringá, no Paraná, provam essa máxima. Fundada há apenas
74 anos, a cidade é modelo de desenvolvimento até mesmo internacionalmente. Com
uma economia diversificada que vai da agricultura e pecuária à excelência no
segmento de software, Maringá soube aproveitar as melhores mentes formadas nas
universidades para melhorar seus processos empresariais. Estudantes das mais
variadas áreas estão espalhados pelos setores que movem a economia local, como
as cooperativas agrícolas, os muitos serviços e as grandes desenvolvedoras de
tecnologia ali instaladas.
Com isso, a mão de obra qualificada pelas próprias
empresas desde o estágio ajuda a solucionar problemas e encontrar saídas
importantes para velhas preocupações. O trabalho integrado entre companhia e
universidade permite que as contratações sejam cada vez mais assertivas e
eficazes tanto para quem busca novos talentos quanto para quem está entrando no
mundo do trabalho. Dentro do setor empresarial há uma grande possibilidade de
contribuição que pode vir da academia. São nossos alunos que vão inovar, criar e
diversificar o portfólio das empresas e, consequentemente, a economia das
cidades.
Se educar é preparar para pensar de forma autônoma,
investir no relacionamento entre a educação e o pensamento empreendedor pode
ser o caminho para a sociedade da inovação.
José Carlos Barbieri -
conselheiro do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR) e reitor
do Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV).
Nenhum comentário:
Postar um comentário