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sábado, 10 de julho de 2021

Monocromia na decoração: Entenda como aplicar o conceito sem deixar os ambientes saturados e cansativos

Adepta da escolha de uma cor predominante, arquiteta Marina Carvalho explica como conquistar um impacto visual muito bem-sucedido nos projetos de arquitetura de interior


Monocromia sem errar: no dormitório da moradora, a arquiteta Marina Carvalho aplicou a sobriedade do verde mais fechado, que coloriu paredes e a peseira da cama |Foto: Evelyn Müller


Em um ambiente, as cores eleitas para a decoração têm o poder de transmitir sensações e ativar os sentidos. E quando a mescla de tons é substituída pela monocromia – quando uma cor, com seus gradientes, é eleita –, o impacto proporcionado pelo visual é ainda maior.

Porém, ao contrário do que se pode imaginar, a singularidade de uma cor, em combinação de ton sur ton, é capaz de evocar descontração, leveza, quebrar a monotonia e sair da mesmice, transformando cômodos comuns em lugares elegantes e estilosos. Sem restrições, a monocromia pode emoldurar a decoração de áreas sociais, banheiros, cozinhas, dormitórios ou até mesmo estabelecimentos comerciais, evidenciando o gosto pessoal e a personalidade de cada um.

“Além da questão estética, o décor monocromático pode contribuir para a amplitude. Em um banheiro pequeno, por exemplo, pintar de preto a bancada, paredes e piso trará uma uniformidade de informação e, consequentemente, conquistaremos maior profundidade”, explica a arquiteta Maria Carvalho, à frente do escritório que leva o seu nome. Segundo ela, o usar uma única cor é uma tendência que segue em alta na arquitetura de interiores.

 

Escolha da cor

A decoração monocromática pode estar presente por toda a residência. Mas em ambientes voltados ao descanso pleno, como em um dormitório, cores suaves e leves são as ideais, como o azul, que evoca a calmaria, neste projeto assinado pela arquiteta Marina Carvalho |Foto: Evelyn Müller


A cor escolhida como predominante no cômodo também vai determinar o tipo de sentimento despertado. Ares mais suaves, vibrantes, intensos ou românticos: tudo vai depender do objetivo do morador. Segundo a arquiteta Marina Carvalho, durante as conversas de briefing ela busca captar as preferências do cliente e, sobretudo, compreender quais os sentimentos almejados para o lar, depois que o projeto estiver finalizado. “Mesmo com essa liberdade de escolha, sempre pontuo que um caminho seguro é dar preferência por cores mais suaves, que não deixam o local com uma aparência cansativa. Cada cor tem o poder de transmitir uma mensagem”, diz.

Na psicologia das cores, o azul conduz a sentimentos como tranquilidade, segurança e espiritualidade, enquanto o contraponto do vermelho provoca nas pessoas a força da energia e poder, entre outras impressões. A cartela de tons mais neutros, como o cinza, bege e os terrosos, por sua vez, emitem aos habitantes o conforto do bem-estar e do acolhimento e o branco, além da calma, produz ares de simplicidade. “A seleção de tons para produzir um ambiente monocromático não deve se limitar apenas a uma preferência estética ou tendência de decoração. Dependendo da decisão, é possível também conquistar a funcionalidade do ambiente, a depender da percepção causada”, complementa.

 

Por onde começar


Além das paredes, o mobiliário, objetos e elementos decorativos reforçam a decoração monocromática dos ambientes. Na área social desse projeto, a arquiteta Marina Carvalho investiu na marcenaria das prateleiras, poltronas, almofadas e quadros em nuances de azul |Fotos: Evelyn Müller


Ao bater o martelo na cor, as próximas etapas decorrem do desmembramento em elementos menores como almofadas e objetos decorativos diversos incorporados com o intuito de construir um ambiente mais clean. Entretanto, para aqueles que pretendem viver em uma atmosfera com ainda mais personalidade, as paredes são as primeiras a serem trabalhadas para formar a monocromia, que podem ser pintadas ou revestidas com materiais condizentes com a essência do projeto. “Para quem ficar com receio de investir na unidade de uma mesma cor logo de uma vez, recomendo começar por ambientes menores, como um banheiro ou um lavabo. Itens decorativos pequenos, da mesma cor que a parede, são super eficazes”, sugere Marina.

Ambientes menores, como banheiros, podem ser o ponto de partida para o morador atribuir a tendência do décor monocromático em casa |Fotos: Evelyn Müller


Em cômodos mais amplos, como salas de estar, cozinhas e dormitórios, o mobiliário surge como um grande aliado. Por meio da marcenaria planejada ou de peças soltas, como sofás e poltronas, conseguem evocar a linha de raciocínio da decoração. “Eu diria que os móveis são fundamentais, uma vez que, se não estiver em harmonia com o restante, a ambiência pode ficar bastante estranha”, compartilha a arquiteta.

No corredor que dá acesso à ala íntima do apto, a monocromia se revela por meio da pintura no teto, paredes e portas |Fotos: Evelyn Müller

 

E como não deixar o ambiente cansativo?

Segundo Marina, tons mais leves e suaves propiciam ares menos saturados e monótonos, sem causar impactos fortes. Junto a isso, o emprego de componentes de outras cores ou uma variação de tons da mesma cor, mas que ornam com o planejamento sugerido, são excelentes meios visuais para conceber um contraponto e não cansar visualmente o morador ou quem permanece no ambiente por um tempo maior. “Nesse equilíbrio, podemos aplicar o branco, cinza e, em alguns casos, até mesmo o preto. Essas cores são neutras, bastante eficazes na mistura e transmitem uma mensagem muito elegante”, aconselha.

 

Outros elementos que contribuem para a decoração monocromática

Além dos móveis, objetos decorativos e pintura nas paredes, os revestimentos e texturas como cerâmica e porcelanato são muito eficazes. No banheiro, as pastilhas de porcelana e de vidro fornecem inúmeras opções a serem escolhidas. Na cozinha, os bricks com tijolinhos aparentes também se configuram como queridinhos, ao mesmo tempo que trazem um clima mais rústico. Teto e piso também favorecem o contraste com a cor escolhida, deixando a decoração menos saturada. “A luz colorida também participa de uma forma muito positiva. No luminotécnico, posso escolher a cor e o cenário de nossa preferência ou mudar quando julgarmos necessário. Isso reforça ainda mais a mensagem que queremos transmitir naquele espaço”, finaliza.

 

 

Marina Carvalho - arquiteta. Graduada pela faculdade de Arquitetura e Urbanismo, com MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Projetos na Fundação Getúlio Vargas, no início de sua carreira, Marina de trabalhou no Estúdio Penha, e, posteriormente, com Arthur Casas, onde ocupou por muitos anos um cargo de coordenadora em uma das maiores incorporadoras da América Latina.  Esta etapa foi importante em sua carreira pois lhe deu a percepção de que sua verdadeira realização só viria quando pudesse levar às pessoas tudo em que eu acreditava. 

www.marinacarvalho.com  

@marina.carvalho.arquiteta 


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