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sábado, 3 de julho de 2021

Memória humana pode ser treinada com exercícios simples

 O cérebro precisa de treino para manter as lembranças ao alcance

 

Ao longo do tempo, boa parte da memória armazenada em nossos cérebros pode se perder. A ciência, embora ainda não disponha de mecanismos capazes de recompor o que foi esquecido, sabe que é possível exercitar sua mente, para retardar e reduzir o processo de perda de memória, mesmo em casos de demência. É o que explica o neurologista Fernando Freua, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O treinamento para uma memória mais apurada, segundo Freua, requer disposição mental para toda atividade que demande planejamento, raciocínio lógico, matemática e evocação de palavras ou utilização da linguagem. Tudo isso ajuda no treino da memória e das demais funções cognitivas. Assim, passatempos como jogos, palavras cruzadas e leitura, são úteis no processo contra o esquecimento.

Quando utilizamos as diversas regiões do cérebro para a resolução de problemas, ajudamos a consolidar essas funções cognitivas e, de maneira repetitiva, essas funções melhoram. “Pense como uma academia para o cérebro. Os resultados não ocorrem de um momento para o outro, mas é a frequência e insistência que podem ajudar nesse processo que, às vezes, só é visto após muito tempo do início das atividades”, explica o neurologista.

Como regra geral, não existe uma recomendação global para uma faixa etária ou um tipo específico de doença (demência) mas esses exercícios são direcionados individualmente de acordo com cada domínio com maior prejuízo em cada paciente.


Idade

É fato, diz Freua, que quanto mais idoso, mais suscetível à demência está o indivíduo. Mas a idade é um fator de risco, que depende de outros, como hábitos e vícios (tabaco, álcool, etc) e comorbidades (doenças pré-existentes como diabetes, colesterol e hipertensão). “Não existe idade limite para se preocupar, mas sabemos que a leitura e o nível de escolaridade são, de certa forma, fatores protetores para o desenvolvimento de algumas demências. Sendo assim, sugiro que comecem a treinar o cérebro o quanto antes”.

A capacidade de prestar atenção participa ativamente na alocação e consolidação da memória, explica o médico da BP: “Tanto é fato, que quadros desatencionais graves, provocados por questões clinicas (como hormonais por exemplo), podem simular demências e se tornar um desafio diagnóstico para o neurologista. Então, a atenção é um dos domínios cognitivos que um neurologista deve avaliar numa consulta cuja queixa do paciente é a perda de memória”.


Quando procurar ajuda médica?

Qualquer perda de memória que interfira no bom funcionamento do dia-a-dia do indivíduo ou que tenha levado a algum prejuízo pessoal ou familiar deve ser investigado com mais detalhes, por um neurologista.

Em razão da natureza do problema, muitas vezes o próprio paciente não percebe que está sofrendo de esquecimento e precisa da atenção de quem está por perto.

Como existem várias causas de perda de memória, podemos evitar as mais comuns mantendo bons hábitos de vida e evitando fatores de risco, então, a prática de atividade física, boa noite de sono, boa alimentacâo (regular e evitar alimentos com muito carboidrato ou gordura) funcionam como auxiliares neste processo.


Tratamentos e avanços científicos

A doença mais frequentemente relacionada à perda progressiva da memória é a Demência de Alzheimer e, em segundo lugar, a Demência por Corpos de Lewy. Em termos gerais, os tratamentos dos pacientes acometidos por esses males são feitos com medicações que aumentam um neurotransmissor chamado acetilcolina. “Existem boas perspectivas de medicações sendo testadas com a finalidade de interromper a progressão dessas doenças, o que já seria excelente”, afirma o neurologista.

Apesar dos estudos e avanços buscados para o controle da demência, há um longo caminho científico pela frente. Recentemente o FDA aprovou uma droga para Alzheimer, mas os benefícios ainda são contraditórios, segundo o médico. “O ideal é que o tratamento seja individualizado e bem acompanhado, já que casos de demência têm curso natural relativamente previsível. Se o quadro do paciente estiver saindo desse curso esperado, talvez seja o caso de rever o diagnóstico ou o tratamento”.

 

 

BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo


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