Infecções
sexualmente transmissíveis são contraídas pela boca no sexo desprotegido
Uma das preocupações atuais da Odontologia é com o
risco de infecções adquiridas nas relações sexuais sem preservativos e que
podem afetar a saúde bucal. Isso porque o sexo desprotegido tornou-se mais
frequente, principalmente entre a população mais jovem. De acordo com uma
pesquisa do Ministério da Saúde de 2017, quase metade dos jovens entre 15 e 24
anos não usam camisinha. Apenas 56,6% dos jovens dessa faixa de idade usam a
proteção.
Doenças como AIDS, sífilis, herpes genitais, HPV,
Hepatite (A, B e C) e gonorreia também são transmitidas pelo sexo oral sem uso
de preservativo, representando as chamadas ISTs (infecções sexualmente
transmissíveis), uma terminologia recentemente adotada para substituir a
anterior demonimada DST (doenças sexualmente transmissíveis). Esses males podem
ser contraídos e se manifestarem na região da boca e não só isso: problemas
como gengivite e cárie dentária profunda aumentam o risco de contágio, o que
requer atenção de um cirurgião-dentista no diagnóstico e tratamento.
“Tivemos recentemente uma epidemia de sífilis em
que diversos casos de manifestações bucais da doença foram diagnosticados. Os
cirurgiões-dentistas estão recebendo esses indivíduos em seus consultórios e
podem ajudar a diagnosticar e quebrar a cadeia de transmissão”, diz Desiree
Rosa Cavalcanti, integrante da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho
Regional de Odontologia (CROSP).
Os sintomas mais comuns de ISTs na boca são:
- Manchas
ou placas brancas;
- Feridas
na boca, dolorosas ou não;
- Feridas
na pele ao redor da boca;
- Orofaringe
avermelhada;
- Dor
ao engolir;
- Placas
brancas nas amígdalas, semelhantes à amigdalite;
- Secreções
branco-amareladas.
“Depende do tipo de IST contraída. A sífilis, por
exemplo, pode se manifestar na boca em qualquer uma de suas fases (primária,
secundária ou terciária), sendo que a fase secundária é a mais encontrada e se
caracteriza por manchas ou placas branco-pálidas, que podem ser dolorosas e
acometer qualquer parte da boca, mas principalmente língua, mucosa labial e
gengivas”, explica Denise. “Já no caso do HIV (vírus da AIDS), a presença de
lesões na boca pode estar relacionada a um estágio de descontrole da doença ou
ocorrer antes do diagnóstico e tratamento, enquanto a gonorreia e a clamídia
oral podem afetar a orofaringe, gerando eritema, dor e desconforto ao engolir”,
detalha.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, o
não uso de preservativos impactou diretamente no aumento de casos de HIV entre
jovens. Na faixa etária de 20 a 24 anos, a taxa de detecção subiu de 14,9 casos
por 100 mil habitantes, em 2006, para o patamar de 22,2 casos em 2016. Entre os
jovens de 15 a 19 anos, aumentou de 3,0 para 5,4 no mesmo período.
Diante desse cenário, ressalta-se a importância do
preservativo, que ainda é a melhor forma de prevenção contra uma IST, seja de
transmissão oral ou não. Mas, para deixar a saúde bucal longe dos riscos também
é preciso manter uma boa higiene da boca para evitar problemas bucais como
úlceras, gengivite ou doenças periodontais, que podem servir como meio de entrada
de vírus e de bactérias causadores das infecções sexualmente transmissíveis.
Além disso, é essencial a realização de testes
diagnósticos e a busca pelo tratamento rápido e adequado para o caso de
suspeita de IST por contágio oral. “É importante que o cirurgião-dentista seja
assertivo em sua comunicação com o paciente. Ele deve ser sincero, discreto e
transmitir confiança. Um ambiente adequado e reservado em que ele possa estar a
sós com o paciente facilita muito a comunicação para explicar o que o faz suspeitar
de uma IST e recomendar a realização de testes diagnósticos, como os testes
rápidos e a citologia esfoliativa. Sífilis, HIV, hepatites B e C já possuem
testes rápidos eficazes e a maioria dos pacientes aceita a realização dos
testes, especialmente diante de um profissional que lhe traz segurança”,
completa a cirurgiã-dentista.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo -
CROSP)
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