Tumor maligno possui alta
associação com a infecção pelo vírus do papiloma humano. Fique atento aos
primeiros sinais e aos fatores que influenciam o seu aparecimento precoce
O tumor orofaríngeo - localizado atrás da boca e
que inclui a base da língua, céu da boca, amígdalas e paredes laterais é
considerado um dos tumores mais incidentes entre os jovens brasileiros de até
40 anos de idade.
Os últimos dados divulgados pelo Instituto
Nacional do Câncer (INCA) apontam que dos 625 mil novos casos de tumores
malignos esperados para 2021 na população, 15.190 deverão ser de câncer de boca
e orofaringe. E apesar da redução na taxa
global de novos casos destes tipos de câncer, a incidência dos diagnósticos
relacionados à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) tem ascendido um
sinal de alerta entre especialistas, se mostrando cada vez mais alta.
"O
número de casos relacionados ao HPV vem aumentando em homens e mulheres. Vale
lembrar que a transmissão desse vírus ocorre por meio da prática sexual oral
sem proteção, o que reflete a necessidade de conscientização ampliada sobre o
tema de forma ampla", afirma Andrey Soares, oncologista do CPO Oncoclínicas.
"O que temos observado é que o risco de desenvolver o tumor maligno entre
os jovens têm crescido progressivamente ao longo dos últimos anos. Pesquisas
mostram que, em média, o ápice da transmissão do vírus acontece na faixa dos 25
anos, sendo este um fator relacionado ao câncer que é totalmente prevenível a
partir da conscientização sobre o assunto de forma ampla e massiva",
acrescenta o médico.
Neste sentido, Andrey lembra que existem vacinas
que reduzem o risco de infecção por determinados tipos de HPV. Esses
imunizantes foram inicialmente adotados como forma de diminuir o risco de
câncer de colo do útero, um dos mais incidentes entre as mulheres, mas têm se
mostrado úteis para diminuir o risco de outros tumores ligados ao papiloma
humano, como o câncer de ânus, vulva, vagina, boca e garganta.
"Como estas vacinas só são eficazes antes
que alguém esteja infectado pelo HPV, devem ser administradas em uma idade
precoce, antes que a pessoa se torne sexualmente ativa", sinaliza o
oncologista do CPO Oncoclínicas.
A vacina contra o HPV está disponível
gratuitamente nos postos de saúde, em 2 a 3 doses, para meninos e meninas dos 9
aos 14 anos. Homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS,
pacientes que receberam transplante de órgãos, de medula óssea e pessoas em
tratamento contra o câncer, também têm direito a receber as doses pelo sistema
público de saúde. A vacina também pode ser tomada com idades superiores,
entretanto, são apenas disponibilizadas em clínicas de vacinação particulares.
Não há restrições para pessoas com vida sexual ativa, mas a eficácia da vacina
pode ser diminuída, já que nestas situações há possibilidade de já ter havido
contato com o vírus.
O especialista pontua, adicionalmente, que além
do HPV, o consumo aumentado de tabaco e álcool também figura entre os fatores
que contribuem para a elevação dos riscos de desenvolver câncer de boca e
garganta.
Primeiros sinais
Os primeiros sinais do tumor orofaríngeo podem
aparecer por meio de feridas que não cicatrizam na boca nos primeiros 15 dias,
além do aparecimento de nódulos no pescoço. O paciente pode se queixar também
de dor para mastigar ou engolir. "Estes fatores, ligados ao aparecimento
de pequenas verrugas na garganta ou na boca, podem revelar um possível diagnóstico
com associação ao HPV. Portanto, é muito importante que seja acompanhado de
perto por um especialista".
Outros sintomas podem estar relacionados à
rouquidão persistente, manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua,
gengivas, céu da boca e bochecha, bem como lesões na cavidade oral ou nos
lábios e dificuldade na fala.
Atenção aos fatores de risco
Tabagismo:
Segundo o oncologista, o câncer de cabeça e pescoço apresenta maior incidência
entre os jovens e pouco mais de um terço é causado por maus hábitos. "O
principal e o mais importante de ser combatido é o tabagismo", revela Dr.
Andrey.
Antigamente, o hábito de fumar era visto com
elegância e glamour, sendo incentivado até pelas propagandas que mostravam
atores famosos tragando seus cigarros, o que estimulava esse costume entre as
pessoas mais jovens. O uso frequente do cigarro também é responsável pelo
aparecimento do tumor na cabeça e pescoço. De acordo com a Organização Mundial
da Saúde (OMS), cerca de 90% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca
eram tabagistas.
Álcool:
Houve um tempo em que o cigarro era liberado nos restaurantes e até em sala de
aula. Hoje, isso não é mais permitido. Contudo, o uso do tabaco persiste e, na
maioria das vezes, vem acompanhado de bebidas alcoólicas. Estimativas apontam
que 75% dos casos de câncer de pulmão são decorrentes do uso do tabaco e os
fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença. O álcool
pode agir como um solvente e facilitar a penetração de carcinógenos nos
tecidos-alvos. Além disso, aumenta o índice de quebras no material genético e a
peroxidação de lipídios e, consequentemente, a produção de radicais livres.
Vários estudos epidemiológicos demonstram que o consumo combinado de álcool e
fumo constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de
cabeça e pescoço.
Infecções Virais: A geração de jovens e adultos com menos de 40
anos preza e valoriza muito a liberdade sexual. Trata-se de um grupo que nasceu
após o "boom" do HIV e, apesar de bem informada e consciente dos
riscos envolvendo doenças sexualmente transmissíveis, apresenta índices
elevados de contágio pelo chamado papilomavírus humano - conhecido como
HPV. "Além disso, a hepatite B e C também são fatores de risco para câncer
de cabeça e pescoço, são infecções virais que podem ser transmitidas em
relações sexuais não seguras. Vale lembrar sempre da importância do uso de
preservativos para a preservação da saúde", finaliza o médico.
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