Dados captados pela segunda edição do
Atlas da Juventude, lançado em junho deste ano, apontam que os efeitos da
pandemia, que agravou ainda mais o quadro social brasileiro, afetou
especialmente os mais jovens. Houve crescimento considerável dos chamados
jovens "nem-nem", ou seja, daqueles que não estudam ou trabalham. De
10% dessa população, em 2020, saltou, em 2021, para 16%. Para a
presidente-executiva da Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil
Júnior), Fernanda Amorim, o levantamento pode ajudar a embasar políticas
voltadas à inclusão e a uma educação de melhor qualidade.
- Os efeitos da pandemia sobre a vida
do jovem são visíveis. Quando nos debruçamos sobre o aspecto estritamente do
trabalho, observamos não apenas os impactos na renda, mas também no ingresso ao
mercado de trabalho. Os jovens que estão trabalhando são, em sua maioria,
estudantes e se dividem principalmente entre os que são dependentes financeiros
de suas famílias e aqueles de quem o domicílio depende do seu salário - explica
Amorim.
Segundo as informações obtidas pelo
Atlas, as principais atividades exercidas continuam sendo empregos com carteira
assinada (principalmente entre os mais velhos) e aprendizes. Os trabalhos
autônomos são mais comuns na faixa dos 25 a 29 anos e em áreas urbanas. A ajuda
doméstica sem remuneração é mais comum na faixa dos 15 a 17 anos e em áreas
rurais. Entre jovens consultados que não estão trabalhando, 30% não estão
estudando.
- A grande maioria continua procurando
alguma colocação. Dentre estes, 40% estão nessa busca pela primeira vez. A
dependência financeira é a realidade da grande maioria deles, mas 7% contribuem
para sustentar o domicílio, total ou parcialmente - detalha a presidente
-executiva da Brasil Júnior.
Dentre os jovens que não estão
trabalhando, 60% não tiveram qualquer atividade remunerada neste período. Os
40% restantes obtiveram alguma renda na informalidade ou no trabalho autônomo.
Destes, 20% fizeram trabalhos pontuais sem carteira assinada e 10% trabalharam
por conta própria ou abriram um negócio, o que mostra uma crescente no desejo
dos jovens de empreender
- Dos jovens que declararam não estar
trabalhando e nem procurando trabalho, quase a totalidade é de dependentes
financeiros. O que impressiona é que mesmo assim, 3% nessa situação de
vulnerabilidade contribuem para sustentar de alguma forma o domicílio em que vivem.
Neste grupo, temos, entre 15 e 24 anos, 60% que estão se dedicando aos estudos,
o que nos leva a um marcar terrível de 40% de pessoas nesta faixa etária longe
da educação - aponta Amorim.
Diante de uma realidade difícil, o
sentimento dos jovens em relação às perspectivas do trabalho no futuro é de
desconfiança: 40% estão animados e esperançosos, mesmo percentual daqueles que
se sentem inseguros.
- Os números do Atlas da Juventude, que é produzido por
entidades dedicadas à causa jovem, incluindo a Brasil Júnior, são claros e
podem embasar políticas de inclusão desse contingente no mercado de trabalho,
passando pelo incentivo a uma educação inclusiva de qualidade. Temos ainda como
reverter um quadro sombrio e sem muitas perspectivas. O futuro precisa de
cuidado hoje - resume Amorim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário