O país tem uma dívida histórica com seu sistema educacional. Se em qualquer outro momento esse resgate seria adequado, em um momento como o que vivemos torna-se essencial. O Brasil precisa investir em educação, até por que o investimento em educação de qualidade está diretamente ligado com a capacidade que um país tem de investimento na indústria – já que com esse investimento prepararia o País com mão de obra qualificada para tocar projetos de grande complexidade.
Vivemos uma situação absolutamente contraditória na
história do emprego do País. Da mesma forma que temos de um lado milhões de
trabalhadores desempregados, encontramos de outro lado várias indústrias com
vagas para trabalhadores altamente qualificados que não são encontrados para
desempenhar as funções necessárias.
Um estudo realizado pela Confederação Nacional da
Indústria em fevereiro desse ano conclui que qualificar a mão-de-obra é mais do
que urgente no Brasil. Deixou de ser uma necessidade para se torna uma
premência, dada a urgência da situação educacional do País.
Advertindo para a falta de mão de obra
qualificada na indústria no Brasil, o levantamento conclui é mais do que hora-
e isso exige estratégia imediata- que a educação básica passe a dar ênfase nas
áreas de STEAM (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática) e fomentar
a interdisciplinaridade, a resolução de problemas e o desenvolvimento de
habilidades para a tomada de decisões.
Na prática, o estudo ainda conclui que o Brasil
paga caro por ter focado em um ensino médio generalista voltado para o ingresso
nos cursos superiores. Cerca de 2 a cada 10 estudantes que concluem o ensino
médio alcançam a educação superior. O restante dos estudantes, incluindo aqueles
que abandonaram o ensino médio por falta de perspectivas, entra no mercado de
trabalho sem preparo e, consequentemente, sem uma profissão.
Se essa conclusão foi feita em um período normal, o
que podemos dizer do atual cenário? A pandemia de Covid-19 acelerou a chegada
do futuro do mercado de trabalho e ele, segundo relatório do Fórum Econômico
Mundial, deverá resultar na eliminação de 85 milhões de empregos nos próximos
cinco anos devido à automação, ao mesmo tempo em que 97 milhões de vagas serão
criadas.
Esses novos empregos, segundo o fórum, serão
necessários para atender uma divisão de trabalho mais adaptada à nova divisão
do mundo do trabalho, que será entre humanos, máquinas e algoritmos. Em 2025, a
participação de trabalhadores e máquinas estará quase igual: aos humanos caberá
53% das atividades.
Assim, a questão é investir em requalificação
profissional, no nosso caso para atender a necessidade da indústria 4.0, que já
é uma realidade no setor de máquinas e equipamentos, o que requer
políticas públicas adequadas. A transição fará com que tenhamos um grande
número de pessoas não qualificadas desempregadas e vagas em aberto procurando
profissionais com a qualificação adequada. Precisamos olhar para isso.
João Carlos Marchesan - administrador de empresas,
empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ
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