Alguns setores vêm
pedindo pela volta do horário de verão; entenda qual a eficácia desta medida
O horário de
verão, que visava a redução do consumo de energia elétrica a partir do melhor
aproveitamento da luz natural com o adiantamento dos relógios em uma hora,
chegou ao fim em abril de 2019, pois segundo o presidente Jair Bolsonaro, os
hábitos de consumo de energia haviam mudado. Entretanto, nas últimas semanas,
em meio à crise do aumento da taxa de bandeiras tarifárias iniciou-se uma
discussão entre especialistas que vêm analisando a eficácia da volta do horário
de verão, como uma forma de amenizar os problemas no cenário elétrico no país,
provocado pelo mais baixo nível dos reservatórios hidrelétricos em décadas.
Além disso, empresários de setores como turismo, donos de restaurantes e bares
já reivindicaram a volta da medida por meio de uma carta destinada ao
presidente. Luciano Hang, donos da rede de lojas Havan fez parte da
reivindicação e declarou os motivos. "O fato de ganharmos uma hora durante
o dia faz com que a roda da fortuna gire mais e influencia positivamente toda
economia, principalmente o turismo, os comércios, restaurantes e
automaticamente gera mais empregos também nas indústrias".
O doutor em economia e professor de Engenharia de Produção da Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM), Agostinho Pascalicchio, explica que o horário de
verão deixou de ser adotado por não produzir mais os resultados desejados.
"A prova da necessidade desta mudança estava no perfil de carga elétrica
do sistema. O horário de pico para o consumo de energia, que anteriormente
acontecia no fim da tarde e início da noite, passou a ser no meio da tarde, por
volta de 15 horas".
Para o professor Antonio Giansante, professor da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da UPM, especialista em recursos hídricos, este seria um bom momento
para a volta do horário de verão. "Os levantamentos sobre os efeitos de
energia elétrica causado pelo horário de verão indicam que há uma economia no
consumo de 5%, logo, expressivo para um país que vem sofrendo crises hídricas
cada vez mais frequentes". Ele explica ainda que o argumento dos
empresários é válido. "Há uma influência positiva na economia e também uma
vida mais salutar: as pessoas podem caminhar e se exercitar no final do dia e
ainda com a luz do sol".
Pascalicchio também acredita que a reivindicação dos empresários deveria ser
adotada, levando em conta o aumento do faturamento do segmento. "Haveria
um movimento maior nos comércios. Nesta época de pandemia, considerando o ritmo
da vacinação e o nível de desemprego do setor, é um procedimento bem-vindo para
este segmento e merece apoio".
Sobre o aumento das taxas de tarifa elétrica, Giansante acredita que a decisão
do Governo em acabar com o horário de verão influenciou na crise. "Num
exercício rápido, pode-se imaginar que os reservatórios estariam com 5% a mais
de água, o que é expressivo em época de crise hídrica". Pascalicchio, diz
que o aumento das tarifas foi ocasionado devido à falta de planejamento do
setor. "A pouca energia disponível causa alta nas tarifas de energia
elétrica e perspectivas de racionamento. A alta na tarifa é consequência da
indisponibilidade de energia, estão elevadas e sujeitas a novas altas no futuro
próximo".
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