Estudo da Universidade de Roma aponta
condição como uma das sequelas de curto a longo prazo da doença
Após
mais um ano de pandemia, os especialistas entendem a covid-19 como uma doença
sistêmica, que pode desencadear outros sintomas e problemas para os pacientes
acometidos pelo vírus. Um estudo realizado este ano pela Universidade de Roma
aponta que a disfunção erétil pode ser uma das possíveis sequelas de curto a
longo prazo do coronavírus. Dos homens que tiveram a doença, 28% apresentaram
problemas no desempenho sexual em seguida.
O
estudo aponta que a disfunção endotelial (problemas na camada que reveste os vasos
sanguíneos) pode ser um dos fatores que favorecem a forma grave da covid-19. De
acordo com o Dr. Carlos Bautzer, urologista que atua no núcleo de Medicina
Sexual do Hospital Sírio-Libanês e é médico-assistente da disciplina de
Urologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), o comprometimento vascular
pode ser uma das causas dessa sequela, já que a disfunção erétil também pode
ocorrer por problemas ligados à circulação.
“Para
que a ereção ocorra, é necessário que o sangue chegue a estruturas penianas denominadas
‘corpos cavernosos’, que, com o aumento do fluxo sanguíneo, dilata os vasos dos
corpos cavernosos, e represa o sangue lá dentro. Para que aconteça a
dilatação dos vasos, chamados artérias cavernosas, a liberação de uma
substância chamada ‘óxido nítrico’, produzida no endotélio dos vasos dentro dos
corpos cavernosos, se faz necessária”, explica o especialista. “Com a disfunção
endotelial causada pelo coronavírus, a produção do óxido nítrico fica
prejudicada e pode resultar na dificuldade de atingir e manter a ereção”,
conclui Bautzer.
Tratamentos disponíveis
A
indicação medicamentosa utiliza inibidores da fosfodiesterase-5 que devem ser
tomados antes da relação sexual e/ou diariamente, a depender da indicação
médica. Porém, esses medicamentos são contraindicados para pacientes com
problemas cardíacos e de pressão arterial, entre outras condições.
“Quando
o medicamento não funciona ou o paciente tem contraindicação, pode-se usar
vasodilatadores injetados diretos no pênis”, explica o urologista. O principal
risco do tratamento é usar uma dose grande que cause ereção prolongada demais –
quando o pênis fica ereto por mais de quatro horas, situação chamada de
priapismo, o sangue rico em oxigênio deixa de entrar e há formação de fibroses,
o que, com o passar do tempo, pode agravar ainda mais a disfunção erétil.
Próteses
penianas
Quando essas
formas de terapia não obtêm resultado, os implantes penianos são considerados.
Isso porque se trata de um método definitivo: as próteses podem ser
substituídas, mas não removidas. As próteses penianas são estruturas
implantadas para preencher os espaços que deveriam ser ocupados pelo sangue nos
corpos cavernosos. Elas garantem a ereção e permitem que o usuário tenha
relações sexuais sempre que desejar.
Prótese
maleável – composta por duas hastes de silicone que são inseridas nos
corpos cavernosos do pênis. Desta forma, o pênis se mantém ereto. Esta prótese
apresenta como diferencial a sensação tátil muito semelhante à de um pênis
ereto, e garante mais conforto ao paciente, pois sugere maior naturalidade.
Além disso, a maleabilidade permite que o paciente dobre e guarde o pênis após
a relação sexual, sem nenhum incômodo. Por ser mais simples, é mais fácil de
ser inserida cirurgicamente, o que garante uma recuperação mais rápida, de
acordo com o médico. Outras vantagens são o preço (custa de R$7 mil a 10 mil);
a cobertura por planos de saúde e SUS (Sistema Único de Saúde). e a
durabilidade (essa prótese tem mais de 15 anos de funcionamento).
Prótese inflável –
composta por dois cilindros infláveis que simulam a
função peniana a partir de um mecanismo chamado de “pump”, inserido na bolsa
escrotal que deve ser acionado para inflar o pênis antes da relação sexual e
desinflar, após seu uso. Segundo o urologista, ela é a preferida dos homens por
trazer maior descrição, porém, por ser mais complexa, ela custa quase o dobro
do preço da prótese maleável, chegando a R$20 mil e não tem cobertura pelos
planos de saúde e nem pelo SUS. Sua duração gira em torno de 10 a 15 anos.
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