Em uma pesquisa
recente, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou que 11.100 novos casos
de tumores cerebrais e/ou do sistema nervoso central fossem diagnosticados
entre os anos de 2020 e 2022. O número, de acordo com o Dr. Marcelo Valadares,
médico neurocirurgião da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências
Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein, reforça a importância da
conscientização e da disseminação de informações sobre os sintomas,
viabilizando o tratamento com urgência.
As massas, que podem
ser cancerígenas ou não, são caracterizadas pela presença e crescimento de
células anormais no cérebro e/ou nas meninges (membranas que revestem o cérebro
e a medula espinhal).
É possível viver bem
depois de um tumor cerebral?
Segundo o Dr.
Marcelo Valadares, grande parte dos tumores intracranianos são benignos. O mais
comum deles, chamado de meningioma, frequentemente é curável com cirurgia e,
algumas vezes, sequer pode precisar de operação. "Tumores que surgem
dentro do próprio cérebro ainda sim podem ser benignos, curáveis com cirurgia,
ou de baixa agressividade, fazendo com que o paciente possa realizar
tratamentos diversos e ter uma vida longa e de qualidade", diz.
O meningioma é o
tipo mais frequente de tumor no cérebro, responsável por cerca de 30% das
incidências. São benignos e mais comuns em adultos e idosos, acometendo mais
mulheres do que homens.
Conheça os sintomas
O neurocirurgião da
Unicamp explica que os principais sintomas causados por tumores cerebrais são
relacionados aos locais onde eles se desenvolvem. "Como o cérebro é
relativamente divido em áreas responsáveis por funções específicas, os tumores
que se desenvolverem nessas regiões vão prejudicar essas atividades. Por
exemplo: tumores que surgirem próximo às áreas responsáveis pelos movimentos
dos membros podem causar fraqueza, e até paralisia. Tumores nas áreas
responsáveis pela visão podem causar perdas visuais, manchas ou
embaçamentos", expõe.
Embora tumores
benignos e malignos possam causar sintomas semelhantes, os malignos têm maior
chance de se desenvolverem rapidamente, levando a uma frequência maior de dores
de cabeça, convulsões e alterações neurológicas como coma. "Isso é menos
frequente em tumores benignos", elucida o médico.
No entanto alguns
sintomas podem surgir independentemente do local da lesão. "Em quase todas
as áreas do cérebro, os tumores podem causar convulsões, embora isso seja mais
comum nos lobos frontais e temporais. Quando são grandes, podem causar dores de
cabeça. Além disto, alguns tumores podem sangrar e levar a pioras neurológicas
repentinas", reitera o Dr. Valadares.
Saiba as diferenças
entre os tumores benignos e malignos
Um tumor cerebral
benigno não é um câncer, ou seja: não é capaz de invadir os tecidos cerebrais
normais e destruí-los. Além disto, ele frequentemente pode ser tratado com
cirurgia.
"De qualquer
forma, mesmo um tumor benigno pode crescer em um local complexo que impeça sua
remoção ou comprima tecidos e vasos, podendo levar a problemas graves",
explica o Dr. Marcelo Valadares.
Um tumor maligno,
por outro lado, possui mutações em suas células que são capazes de invadir os
tecidos cerebrais, destruindo-os. Neste caso, as células crescem de forma
desordenada, acelerada e cada vez mais agressiva.
Os principais
tumores malignos no cérebro são os gliomas, que crescem a partir de diversos
tipos celulares chamados, em conjunto, de glia. "Estas são células que dão
suporte aos neurônios além de realizar diversas outras funções no cérebro. Os
tumores da glia (ou gliomas) são os tumores intrínsecos mais comuns (que surgem
do próprio cérebro, e não de outras partes ao seu redor). Além disto, ele pode
ser um glioblastoma, um subtipo de glioma altamente agressivo, ou seja: um
câncer muito grave", exemplifica.
O médico conta,
ainda, que a muitos tumores malignos do cérebro são controláveis com o
tratamento disponível e, em poucos casos, existe possibilidade de cura.
Tratamentos
Para os gliomas, o
Dr. Marcelo Valadares garante que o tratamento pode ser cirurgia para remoção
de parte ou todo o tumor identificável. "Normalmente o paciente precisa
realizar quimioterapia e radioterapia após a cirurgia. Diversos outros
tratamentos estão sendo pesquisados para os tumores malignos do cérebro",
afirma.
No caso dos
meningiomas, o principal tratamento é a cirurgia. Alguns tipos, mesmo benignos,
podem precisar de radioterapia.
Dr. Marcelo
Valadares é médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia
da Faculdade de CiênciaMédicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein. A
Neurocirurgia Funcional é a sua principal área de atuação, sendo que o
neurocirurgião trabalha em São Paulo e em Campinas. Seu enfoque de trabalho é
voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento,
cirurgias menos invasivas de coluna (cirurgia endoscópica da coluna), além de
procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológica cerebral e outros
tipos de dor. O especialista também é fundador e diretor do Grupo de Tratamento
de Dor de Campinas, que possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos. No setor público, recriou a divisão de
Neurocirurgia Funcional da Unicamp, dando início à esperada cirurgia DBS (Deep
Brain Stimulation - Estimulação Cerebral Profunda) naquela instituição.
Estabeleceu linhas de pesquisa e abriu o Ambulatório de Atenção à Dor afiliado
à Neurologia.
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