O que os pais não
identificaram no processo de introdução alimentar que tornou a criança uma
pessoa seletiva, com problemas sociais e nutricionais.
Os transtornos alimentares, mostraram-se comuns na
infância, na adolescência e inclusive na vida adulta. Embora haja problemas de
ordem orgânica, uma das principais influências de pessoas com seletividade
alimentar está no ambiente que as cerca.
Dentre os fatores de risco que geram a seletividade
alimentar de ordem orgânica estão problemas com refluxo gastro-esofágico,
deglutição, falta de apetite ou até na sensibilidade de texturas e sabores.
Infecções na garganta como amigdalite, vômito, regurgitação, baixo ganho
ponderal, disfagia funcional, odinofagia, disfonia, sensação de gosto ácido ou
amargo na boca, náusea, desconforto pós-prandial, dor abdominal e/ou
retroesternal, irritabilidade e problemas respiratórios entre outros
influenciam diretamente no desenvolvimento de transtornos alimentares. Além
disso, existem fatores como intolerância ao odor de alguns alimentos,
texturas, cores e temperatura do alimento e sensibilidade ao excesso ou
falta de sabor.
Embora esses sejam problemas que requerem a
observação dos pais e uma avaliação médica e tratamento, o meio social ainda é
um dos principais responsáveis pela SA (seletividade alimentar). Segundo a dra.
Carla Deliberato, dedicada ao estudo e tratamento de crianças com problemas de
recusa e seletividade, muitas vezes o comportamento alimentar de uma criança é
a resposta do que ela vivencia dentro do seu ambiente social e familiar, e isso
inclui condições sociais, demográficas, culturais e de crenças. “Existem
crianças que desenvolvem aversão a alimentos com molho ou algo fácil de se
sujar por conta de problemas de compulsão por limpeza da mãe – explica”.
Ainda de acordo com a profissional, o momento das
refeições mostra-se fundamental na educação da criança e no desenvolvimento de
transtornos. “É comum observarmos famílias que por conta da rotina desenvolvem
o hábito de refeições individualizadas, o que influencia na qualidade,
seletividade e quantidade do que se ingere” – afirma Carla. É importante
ressaltar que o fato de haver a reunião familiar para as refeições não exclui a
necessidade de atentar-se ao comportamento imposto nesse momento. O uso de
métodos purgativos aplicados pelos pais, ou até mesmo a necessidade dos mesmos
com dietas, entre outros padrões sociais influenciam na formação da criança que
vivencia todas essas emoções durante o momento da refeição, desenvolvendo a
seletividade e traumas.
Mesmo não tendo controle sob o comportamento da criança e não mudando os padrões alimentares, muitos pais gostariam de modificar os hábitos das crianças, porém, sem acompanhamento profissional, fazem isso de forma equivocada, oferecendo recompensas. Táticas como essa não fazem com que a criança mude de fato e passe a apreciar o alimento. “Existem diversas estratégias que podem ser aplicadas para que a criança mude o modo como encara os alimentos e momento das refeições. Incluir a criança no preparo gera interesse, mudar a forma como o alimento é apresentado também contribui com a curiosidade – afirma Carla”.
Além dos padrões familiares, as mídias também
desempenham forte influência sobre o comportamento alimentar tanto em crianças
quanto em adolescentes. Programas de tv, músicas, clipes, diálogos, redes
sociais entre outros, influenciam diretamente nas escolhas. Carla explica que
essa intervenção pode acontecer ainda na primeira infância ou se desenvolver
apenas na adolescência. Uma vez desenvolvidos e sem tratamentos adequados, tais
comportamentos prejudicam as relações sociais e podem fortalecer fobias,
insegurança, angústia e estresse que carregam por toda a vida adulta.
Os desafios da introdução alimentar são inúmeros e
exigem atenção para identificar o problema e dedicação para corrigir o
transtorno alimentar. A intervenção profissional é sempre a melhor escolha, uma
vez que a criança em tratamento não associa os traumas da refeição com o
momento da abordagem profissional se tornando muito mais receptiva a novas
experiências.
Dra. Carla Deliberato (CRFa 2-13919 )
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