Pesquisa Clínica do São Camilo Oncologia iniciou levantamento em fevereiro deste ano e deve recrutar 36 pacientes
O Centro de Pesquisa do São Camilo Oncologia deu
início a um estudo destinado a pacientes com diagnóstico de câncer de mama em
fase inicial, submetidas à cirurgia conservadora da mama. O levantamento tem
como objetivo verificar a eficácia do tempo de exposição da paciente a sessões
de radioterapia.
O estudo exploratório, chamado Lapidary – que traz o significado de lapidação
da radioterapia –, vai analisar, além da linha de radioterapia com irradiação
da mama toda em 15 sessões (hipofracionada) por três semanas, o experimento de
irradiação da mama total em apenas 5 sessões (acelerada) e, ainda, a irradiação
parcial da mama em 5 sessões (acelerada parcial), ou seja, apenas no leito
tumoral. Nos dois últimos, o tratamento seria feito em apenas uma semana.
As técnicas de simulação e tratamento não se modificam, de acordo com o Dr.
Eduardo Barbieri, médico radio-oncologista do São Camilo Oncologia e
idealizador do estudo. O que muda é o volume de tratamento e o número de
sessões.
“Existem dados na literatura que indicam resultados favoráveis, com redução de
frações de radioterapia e ajustes de doses, permitindo o controle local do
tumor e a redução dos eventos adversos tardios. O menor tempo de tratamento
traz benefícios, como, por exemplo, um menor número de visitas da paciente ao
hospital (de 3 a 4 semanas para uma semana), sem repercussão no controle local
da lesão e/ou impacto no resultado estético pós-radioterapia”, complementa o
especialista.
Além dessa redução no período de tratamento, o estudo avalia também a
radioterapia acelerada parcial da mama, que consiste no procedimento apenas no
leito tumoral em 5 sessões, preservando a maior parte da mama, impactando em
menos efeitos colaterais e melhor resultado estético.
“O racional da radioterapia parcial da mama é baseado na evidência de que mais
de 85% das recaídas locais acontecem no leito tumoral inicial”, acrescenta o
Dr. Barbieri.
Ainda segundo o médico, essa redução no tempo de tratamento impacta no acesso à
terapia e nos custos ao sistema de saúde, pois permite tratar mais pacientes no
Brasil, onde a demanda por radioterapia é reprimida, reduzindo a necessidade de
deslocamento das pacientes e a quantidade de horas de trabalho. “Um desafio no
tratamento das pacientes é reduzir a morbidade, sem comprometer sua capacidade
de cura do câncer.”
Radioterapia no Brasil
A radioterapia pode ser realizada exclusivamente ou associada a outras modalidades
terapêuticas. Inicialmente, a radioterapia pós-operatória de mama era realizada
com 25 a 30 sessões, numa frequência de 5 vezes por semana, resultando num
período de 5 a 6 semanas. A partir de publicações de seguimento a longo prazo,
esse esquema de hipofracionamento em 15 a 20 sessões começou a ser adotado
amplamente no Brasil.
“Embora tenha uma maior utilização do regime hipofracionado, não temos dados
comparativos sobre o regime ideal de tratamento radioterápico de pacientes com
câncer de mama, em estágio inicial, na nossa população. A redução desse tipo de
tratamento, com os benefícios associados, é o que pretendemos comprovar”,
finaliza.
A expectativa é recrutar 36 pacientes para o estudo, que teve início em
fevereiro de 2021. Quem se enquadrar nos critérios clínicos exigidos, pode
entrar em contato com o Centro de Pesquisa Clínica.
Mais informações pelo e-mail recrutamento.pesquisa@ibcc.org.br
ou pelo tel: (11) 3474-4264.
Hospital São Camilo
@hospitalsaocamilosp
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