Comorbidade pode ser determinante no agravamento do novo Coronavírus
Hoje, 4 de março, é lembrado mundialmente o Dia da Obesidade,
distúrbio que envolve o acúmulo excessivo de gordura corporal, aumentando o risco
de problemas de saúde. Allan Ferreira, nutrólogo especialista em terapia
nutricional do Hospital Anchieta de Brasília, comenta que geralmente, a
obesidade resulta da ingestão de mais calorias do que as calorias queimadas por
exercícios físicos e atividades diárias normais.
"Muito mais que uma questão estética, a obesidade é uma doença, e deve ser
encarada como tal", pontua. Ele continua: "é muito legal nos
aceitarmos e aceitar os outros como eles são, com suas diferenças e
peculiaridades. Porém, quando falamos da obesidade, estamos falando de uma
doença tratável, que se não for controlada, pode levar à morte".
De acordo com o especialista, uma obesidade não tratada está associada ao
surgimento de várias doenças como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares
(infartos, derrames), apneia do sono, câncer, doenças osteoarticulares
(artroses), depressão, entre outros. "Apesar do senso comum associar a
obesidade com a "preguiça", sabemos que as causas da obesidade são
muito mais complexas, envolvendo desde fatores alimentares, sedentarismo,
questões psicológicas, genética e alterações hormonais", ressalta
Ferreira.
Ele acrescenta que, no Brasil, nas últimas quatro décadas, passamos por sérias
mudanças no hábito alimentar da população. "Aumentamos o consumo de
alimentos industrializados, processados e ultraprocessados, ricos em açúcar,
gordura trans e carboidratos simples, transformando a nossa dieta em altamente
obesogênica", afirma Dr Allan. Além disso, o nutrólogo pontua que o
tamanho das porções, a frequência do consumo alimentar e a falta de rotina
também influenciaram muito no ganho de peso.
Outra modificação observada pelo médico é a redução da atividade física.
"O sedentarismo interfere diretamente no aumento do peso. A falta de
atividade física reduz o gasto de energia, favorecendo o acúmulo de gordura e
perda de massa muscular e com menos músculos, nosso metabolismo se torna mais
lento", pondera. Mas não para por aí. Segundo Dr Allan, fatores
psicológicos também estão diretamente associados à obesidade. Ele exemplifica:
"temos obesos que apresentam compulsão alimentar, obesos que comem por
ansiedade. Nos 2 casos, fatores psicológicos levam a busca da comida como
válvula de escape para as tensões do dia a dia". "A obesidade, por
sua vez, leva a depressão, ansiedade e baixa-estima, alimentando um ciclo
vicioso em que o obeso come para aliviar as tensões, mas ao mesmo tempo fica
tenso com a sua situação de excesso de peso", complementa.
Genética influencia no surgimento da doença?
Conforme Allan Ferreira não. Ele explica que apesar de muitos colocarem a culpa
na genética ou nos hormônios, sabemos que estes fatores podem influenciar na
obesidade, mas têm menos importância que as alterações sociais, econômicas e
culturais que passamos nas últimas décadas. "A prova disto é que a
genética das pessoas não sofreu mudança substancial em 40 anos, mas a obesidade
se tornou uma pandemia no Brasil, saltando de 12,2% em 2003 para 26,8% da
população brasileira em 2019", destaca.
Tratamento
Para o especialista, não é fácil se livrar da obesidade, pois ela tem diversas
causas e, por isso, deve ter um tratamento multidisciplinar, elaborado em
conjunto por médicos, psicólogos, nutricionistas e profissionais de educação
física. Também exige dedicação do paciente, que precisa se esforçar diariamente
para não se sabotar e manter as mudanças de estilo de vida necessárias para
manter a perda de peso.
"É importante saber que a obesidade é uma doença crônica que não tem cura,
mas que pode ser controlada. Para isto precisamos que o obeso perca o peso de
forma consciente e trabalhe na manutenção", afirma. Ele conclui: "não
existe fórmula mágica para emagrecer. Perda de peso com estratégias bruscas,
radicais e imediatistas dificilmente são mantidas por longo período. O caminho
é uma mudança geral no estilo de vida, especialmente na alimentação e no
combate ao sedentarismo".
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