Grande parte das pessoas começou 2021 com a dura meta de reconstruir os negócios da família, a economia de seu bairro, cidade e país ou até mesmo retomar sua vida pessoal.
Afinal, muitos de
nós terminamos 2020 de uma maneira devastadoramente improvisada, sem termos a
chance de concretizar o que havíamos planejado ou tendo que nos adaptar para
sobreviver ao duro golpe que o isolamento social nos deu.
E talvez por conta
de desejarmos compensar o tempo ou a sensação de perda que tivemos durante a
pandemia, já seguimos em ritmo acelerado neste ano que mal começou.
O MAPFRE prevê
retomada da economia mundial de 4,5% este ano e em 2022. Entre as principais
motivações para a rápida retomada do comércio mundial que, segundo alguns
especialistas, deve ser mais rápida que a crise de 2008, está a maior
disponibilidade de crédito, injeções trilionárias nas economias e rápida
recuperação da China.
Mas, antes de darmos
o próximo passo, precisamos falar sobre como vamos reconstruir a confiança em
todos os aspectos da nossa vida: dos nossos relacionamentos às nossas empresas.
Como vamos reerguer
a ponte que foi destruída? Como vamos reencontrar o propósito que nos levava
até as realizações que nos mantinha motivados?
Afinal, este
processo de reconstrução da nossa própria confiança será a base que nos
sustentará no futuro próximo. Sem confiança não seremos capazes de conquistar
novos clientes, formar novas equipes ou até mesmo de cunhar uma versão melhor
de nós mesmos.
Segundo Frances
Frei, professora de tecnologia e gestão de operações na Harvard Business
School, para conquistarmos de volta tudo que perdemos é preciso prestar atenção
a três componentes básicos da confiança: a empatia, a lógica e a autenticidade.
Se uma das três falhar ou estiver instável, sua confiança estará ameaçada.
Vamos começar pela
empatia que costuma ser uma das mais mal interpretadas e oscilantes. Em tempos
nos quais o celular é um poderoso e eficiente imã de atenção, as pessoas tendem
a acreditar que somos naturalmente distraídos e ocupados. Por isso é natural
cairmos no ciclo vicioso da falta de empatia: nunca temos tempo para ouvir o
outro e o outro nunca consegue acreditar que nós temos empatia por ele.
Mas precisamos
quebrar esse círculo, olhando para as pessoas que estão à nossa frente e
emergindo profundamente em suas perspectivas. Só assim estaremos dando a nossa
atenção de forma sincera e ganhando a chance de obter a confiança delas de
forma integral. Se o que te separa de ouvir o outro é o seu celular,
desligue-o. Ou se for a sua ansiedade, procure ajuda profissional para tratá-la
e assim por diante. Dar o primeiro passo para ouvir é difícil, mas muito
importante se você quiser seguir esta joranda.
A lógica é o segundo
componente da confiança. Mas não basta que algo faça sentido pra você, é
preciso saber comunicá-la de forma eficiente. Se você não está seguro(a) sobre
a sua própria capacidade de comunicar a lógica de um pensamento, desejo ou
projeto, experimente ser objetivo no início e oferecer argumentos que apoiem
sua ideia depois.
Faça esse exercício
consigo mesmo: expresse sua ideia principal primeiro, ao invés de levantar os
argumentos que a justificam. Veja se a lógica que você escolheu faz sentido,
formule a melhor maneira de comunicá-la e depois disso vá em frente, sem medo.
Há uma grande chance de você conseguir atingir a atenção da pessoa que te
escuta de forma mais eficiente e sem rodeios. Assim você inverte o triângulo
comunicacional, trazendo para o topo o que realmente importa para a sua
conversa.
Já o último
componente é a autenticidade. Nós, seres humanos, somos mestres em farejar se
alguém está sendo autêntico ou não. Será que você consegue enxergar quando você
está sendo você mesmo?
Pois é, esse
autoconhecimento ou autoconsciência é muito importante para conquistar a
confiança em si mesmo e das pessoas ao seu redor. Mesmo que o nosso
"eu" seja uma versão vulnerável ou menos forte do que imaginamos. E
esse é o nosso maior desafio.
Como vivemos em uma
sociedade na qual em muitos contextos precisamos silenciar quem somos e ao
fazer isso, acabamos criando alguém que julgamos ser aquele que nos trará
"sucesso".
O problema é que, ao
fazer isso, é provável que percamos a confiança em nós mesmos e que os outros
identifiquem a fraude e consequentemente não confiem em nós para realizar
tarefas importantes.
Aí vira uma bola de
neve: menos tarefas importantes significam menos oportunidades e menos
crescimento. Não é à toa que o conselho da professora Frances é: preste menos
atenção ao que você acha que querem ouvir de você e mais ao que ao que você faz
de incrível.
Para os líderes, o seu
papel neste momento de reencontro da confiança, é justamente, criar condições
nos quais as pessoas ao nosso redor possam ser quem elas realmente são.
Desenvolva ambientes
acolhedores, livres de preconceitos e cobranças que possam se tornar apenas obstáculos
à criatividade das pessoas. Aplauda os merecedores sempre que superarem
expectativas.
E aqui não falo de
dar "tapinha nas costas", mas de oferecer reconhecimento verdadeiro
(seja criativo na forma como demonstrá-lo!) que seja capaz de marcar, de forma
positiva, um grande feito.
Isso é bem difícil
de ser feito. Afinal, é muito mais fácil fazer as pessoas se encaixarem no seu
próprio padrão, de parabenizar palavras que você mesmo iria dizer. Seguir o
curso normalizador de como as coisas são feitas sempre será mais confortável e
parecerá mais seguro.
Mas a autenticidade
tem pouco a ver com modelos em comum e mais com o diferente. Aceitar as
diferenças é a chave que precisamos para evoluir e crescer de verdade, porque
nos dá novas perspectivas, novas visões de mundo que jamais alcançaríamos com
as nossas próprias lentes.
O líder que for
capaz de reconhecer a capacidade e o mérito de alguém, mesmo que a lógica dele
seja totalmente diferente da sua, com toda a certeza vai alcançar um nível
muito maior do que jamais imaginou.
Virginia Planet - sócia e co-fundadora da House of Feelings - primeira
escola de sentimentos do mundo - www.houseoffeelings.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário