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quarta-feira, 10 de março de 2021

Aulas presenciais e o auge da pandemia

Pediatra defende manutenção das aulas presenciais e explica seu ponto de vista


A pandemia de Covid-19 parece ter atingido o seu pior momento e o ápice em diversas regiões do país. No Estado de São Paulo, por exemplo, há mais de 100 casos para cada 100 mil habitantes.

Uma nova variante do novo coronavírus, mais transmissível, já está sendo detectada em circulação, o que aumenta o risco de um colapso no sistema de saúde. Os governantes a adotaram medidas mais drásticas de tentar conter a disseminação da doença, como alterar o isolamento para a fase vermelha em grande parte do estado.

Apesar de restringir a abertura de alguns tipos de comércio e o limite de horário de funcionamento de outros, as escolas se mantêm abertas para as aulas presenciais. Isso tem causado dúvidas e questionamentos entre pais e professores.

Paulo Telles, pediatra e neonatologista pela Sociedade Brasileira de Pediatria e membro do movimento Ciência pela Escola, defende que as escolas se mantenham em funcionamento e explica: "no início da pandemia não conhecíamos o comportamento do vírus. Hoje, sabemos que as crianças não são super transmissoras, se infectam muito menos e quanto mais jovem a criança, menor o risco de contaminação".

O pediatra defende a socialização infantil como sendo fundamental para o desenvolvimento físico e emocional das crianças e explica que as complicações da Covid-19 são raras entre crianças e as taxas de internações também são baixas. Apenas 0,6% dos óbitos foram em crianças.

"Crianças se infectam mais em casa através dos cuidadores ou em locais sem protocolos, como condomínios, ruas, hotéis e eventos religiosos que seguirão abertos na fase vermelha", alerta o pediatra, que destaca que estudos nacionais e internacionais mostram que se a escola seguir o protocolo adequado, há baixo risco de contaminação de alunos, funcionários e professores.

"O fechamento prolongado das escolas gera efeitos graves na saúde da criança, como: déficit de aprendizagem, evasão escolar, violência doméstica, efeitos deletérios permanentes no desenvolvimento cerebral, aumento de abuso sexual, ansiedade, depressão, obesidade, auto mutilação e suicídio", enumera o pediatra.

Outro ponto importante diz respeito à merenda escolar, que para muitas crianças é a principal refeição do dia. "Cerca de 9 milhões de crianças deixaram de fazer uma refeição em casa por dia por falta de alimentos disponíveis durante o isolamento social, o que reforça o risco de desnutrição infantil", lembra Dr. Paulo.

O médico ressalta que nas nossas comunidades mais carentes, a escola tem um papel que vai muito além de educar e ensinar: tem papel social, humanitário, de vigilância sanitária. No entanto, para que a escola se mantenha segura, é preciso:


- reduzir circulação do vírus na comunidade através da conscientização da população para NÃO aglomerar, usar máscara e não sair de casa se tiver qualquer sintoma suspeito;


- Preparar e cobrar as escolas para ter protocolos que sejam respeitados (higiene, profissionais e materiais de limpeza, número de crianças por turma/espaço, espaço adequado, uso de máscara, afastar casos suspeitos);


- Priorizar a educação infantil, onde o risco de transmissão da Covid-19 é menor e o impacto do fechamento é mais catastrófico;


- Monitorização constante dos casos dentro de cada comunidade escolar;


- Acelerar e priorizar a vacinação;


- E entender que fechar as escolas só faz sentido em um cenário de lock down absoluto onde todas as outras medidas de controle falharam.




Dr. Paulo Nardy Telles
- CRM 109556 @paulotelles • Formado pela Faculdade de medicina do ABC • Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP • Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP • Título de Especialista em Pediatria pela SBP • Título de Especialista em Neonatologia pela SBP • Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012

 

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