Pediatra defende manutenção das aulas presenciais e explica
seu ponto de vista
A pandemia de Covid-19
parece ter atingido o seu pior momento e o ápice em diversas regiões do país.
No Estado de São Paulo, por exemplo, há mais de 100 casos para cada 100 mil
habitantes.
Uma nova variante do
novo coronavírus, mais transmissível, já está sendo detectada em circulação, o
que aumenta o risco de um colapso no sistema de saúde. Os governantes a
adotaram medidas mais drásticas de tentar conter a disseminação da doença, como
alterar o isolamento para a fase vermelha em grande parte do estado.
Apesar de restringir a
abertura de alguns tipos de comércio e o limite de horário de funcionamento de
outros, as escolas se mantêm abertas para as aulas presenciais. Isso tem
causado dúvidas e questionamentos entre pais e professores.
Paulo Telles, pediatra
e neonatologista pela Sociedade Brasileira de Pediatria e membro do movimento
Ciência pela Escola, defende que as escolas se mantenham em funcionamento e
explica: "no início da pandemia não conhecíamos o comportamento do vírus.
Hoje, sabemos que as crianças não são super transmissoras, se infectam muito
menos e quanto mais jovem a criança, menor o risco de contaminação".
O pediatra defende a
socialização infantil como sendo fundamental para o desenvolvimento físico e
emocional das crianças e explica que as complicações da Covid-19 são raras
entre crianças e as taxas de internações também são baixas. Apenas 0,6% dos
óbitos foram em crianças.
"Crianças se
infectam mais em casa através dos cuidadores ou em locais sem protocolos, como
condomínios, ruas, hotéis e eventos religiosos que seguirão abertos na fase
vermelha", alerta o pediatra, que destaca que estudos nacionais e internacionais
mostram que se a escola seguir o protocolo adequado, há baixo risco de
contaminação de alunos, funcionários e professores.
"O fechamento prolongado das escolas gera
efeitos graves na saúde da criança, como: déficit de aprendizagem, evasão
escolar, violência doméstica, efeitos deletérios permanentes no desenvolvimento
cerebral, aumento de abuso sexual, ansiedade, depressão, obesidade, auto
mutilação e suicídio", enumera o pediatra.
Outro ponto importante
diz respeito à merenda escolar, que para muitas crianças é a principal refeição
do dia. "Cerca de 9 milhões de crianças deixaram de fazer uma refeição em
casa por dia por falta de alimentos disponíveis durante o isolamento social, o
que reforça o risco de desnutrição infantil", lembra Dr. Paulo.
O médico ressalta que nas nossas comunidades mais carentes, a escola tem um papel que vai muito além de educar e ensinar: tem papel social, humanitário, de vigilância sanitária. No entanto, para que a escola se mantenha segura, é preciso:
- reduzir circulação do vírus na comunidade
através da conscientização da população para NÃO aglomerar, usar máscara e não
sair de casa se tiver qualquer sintoma suspeito;
- Preparar e cobrar as escolas para ter protocolos que sejam respeitados
(higiene, profissionais e materiais de limpeza, número de crianças por
turma/espaço, espaço adequado, uso de máscara, afastar casos suspeitos);
- Priorizar a educação infantil, onde o risco de transmissão da Covid-19 é
menor e o impacto do fechamento é mais catastrófico;
- Monitorização constante dos casos dentro de cada comunidade escolar;
- Acelerar e priorizar a vacinação;
- E entender que fechar as escolas só faz sentido em um cenário de lock down
absoluto onde todas as outras medidas de controle falharam.
Dr. Paulo Nardy Telles - CRM 109556 @paulotelles
• Formado pela Faculdade de medicina do ABC
• Residência médica em pediatra e neonatologia
pela Faculdade de medicina da USP • Preceptoria em Neonatologia pelo hospital
Universitário da USP • Título de Especialista em Pediatria pela SBP • Título de Especialista em Neonatologia pela SBP •
Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein
2008-2012
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