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quinta-feira, 11 de março de 2021

A relação da nova medicina, com o paciente e a inteligência artificial


Nesse novo cenário, a tecnologia se torna o melhor amigo do homem quando se fala sobre prevenção de saúde, antecipação de diagnósticos e doenças e longevidade

Duas palavras estão mudando a forma sobre como nos relacionamos com os médicos e eles se relacionam com os pacientes: inteligência artificial. Quando falamos sobre isso, vem na cabeça os robôs de filmes e as máquinas que fazem absolutamente tudo sozinhas, certo? No entanto, a expressão significa nada menos do que o uso de um sistema de softwares que serve para prever e replicar o comportamento humano.  Assim, a tecnologia se torna o melhor amigo do homem quando falamos de prevenção de saúde, antecipação de diagnósticos e doenças e longevidade.

Os principais pesquisadores e livros didáticos definem o campo como "o estudo e projeto de agentes inteligentes", que é um sistema que percebe seu ambiente e toma atitudes que maximizam suas chances de sucesso. Os relógios inteligentes são os melhores exemplos disso, ou seja, do uso de IA e tecnologia avançada como amigo da saúde. Neles, conseguimos saber a quantidade de passos dados por dia, batimentos cardíacos, aferição de pressão, entre outros. E é exatamente isso que propõe o médico neurologista Prof. Dr. Pedro Schestatsky, em sua obra chamada “Medicina do Amanhã”, lançamento da Editora Gente, ao defender a Medicina dos 5 P’s, que tem a tecnologia e a IA como parte fundamental, e consiste em um novo jeito de ser fazer a Medicina:

Preditiva: Por meio de uma revisão de dados clínicos e laboratoriais, o médico identifica e prediz males em potencial, assim, engaja o paciente a ter atitude. Esse foi o caso da atriz Angelina Jolie, que fez uma dupla mastectomia preventiva, após descobrir ter uma alteração no gene chamado BRCA1. Com histórico familiar, a atriz tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama, e 50% de ter um câncer no ovário. Isso, devido ao mapa genético, que, há dez anos, custava milhões de dólares, e hoje custa certa de US$1.000, e já é aplicado no SUS, mas apenas em pacientes que já apresentam a doença.

Gerd Altmann

Mas não precisamos ir tão longe para termos exemplos como esses. Em seu próprio consultório, Dr. Pedro identificou a mutação genética ligada ao coronavírus em 4 pacientes. Essa mutação pode atingir até 40 genes, ligados a defesa imunológica, que estão relacionados à susceptibilidade para o contágio do vírus, sendo 21 deles relacionados aos sintomas severos da SARS-CoV, ou seja, genes e variantes genéticas associadas à vulnerabilidade a uma ou mais infecções virais múltiplas em indivíduos saudáveis, variantes genéticas associadas a um vírus grave, infecção ou com risco de vida.

Caso o paciente esteja com a doença na fase inicial, é possível realizar a antecipação de um possível agravamento, ou seja, é a medicina atuando em um modelo que será cada vez mais vigente daqui para frente: preditiva e preventiva e não apenas reativo.


Preventiva: concentra-se na prevenção de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças autoimunes, que são a maior causa de morte – representam 63% delas – e perda de qualidade de vida na atualidade. Hoje, existem médicos que atuam para prevenir e não remediar, como é o caso do plano de saúde californiano Kaiser Permanente, que bonifica médicos pelos pacientes que não utilizam o hospital e pacientes que têm suas mensalidades reduzidas, conforme seus desempenhos nos vestíveis fornecidos pelo plano.


Proativa: em vez de esperar o paciente ficar doente para “atuar”, busca tendências e fatores de risco sutis de cada indivíduo com o intuito de prevenir enfermidades, agindo, e não somente reagindo. Aqui, o paciente é protagonista de sua própria saúde, já que possui dados tais como passos, sono, frequência cardíaca e pressão arterial.


Personalizada: considera as particularidades de cada indivíduo. Por isso, cada pessoa deve ter dieta, exercícios e exames periódicos específicos, de acordo com informações pessoais.

O intestino é um dos órgãos mais importantes para a nossa saúde. Diversos tipos de bactérias, tanto benéficas como patógenas, vivem naturalmente no nosso intestino desde que nascemos. O saudável desenvolvimento do nosso sistema imunitário depende intimamente do microbiota intestinal, sobretudo, bacteriano. Quando falamos em transplantes, logo vêm à mente os mais comuns, como de órgãos (coração, pulmões, rins) ou de tecidos (córnea e medula óssea), no entanto, há também o transplante fecal que ajuda a salvar mais de 40 mil vidas, por ano.

Doutor Pedro realizou esse procedimento a fim de eliminar de seu organismo todos os vestígios de anos de consumo de remédio para diversos tratamentos, que o intoxicavam ainda mais, podendo então controlar e ouvir mais o seu corpo. Graças ao avanço da tecnologia, estudos puderam comprovar que o intestino pode ser considerado como um segundo cérebro, já que, depois do cérebro, é onde encontramos o maior número de neurônios.


Parceira: o médico não é mais a única autoridade, até porque essa posição muitas vezes inibe o paciente de falar de seus problemas. Os dados gerados pelo especialista, com o apoio da tecnologia, vão fazer com que ambos aprendam e caminhem juntos rumo à criação da saúde.

O uso da tecnologia também deve estar presente dentro do consultório, como o Amazon Transcribe, um dispositivo que transcreve a consulta liberando o médico para conectar com o paciente, um exemplo de como a tecnologia que veio para humanizar a medicina.

Na obra recém-lançada, “Medicina do Amanhã”, durante o enredo, o neurologista deixa claro que vivemos uma verdadeira atualização ou revolução da área. “Sem desmerecer a importância de Hipócrates para a medicina, vamos combinar que muita coisa mudou nos últimos 25 séculos. Sai de cena o paradigma da ‘terceirização’, que ocorre quando a saúde do paciente fica na dependência de médicos, de sistemas de saúde e da indústria farmacêutica; e estreia a ‘era da autonomia do paciente’, que tem todo o direito de fazer suas próprias escolhas”, avalia o médico. Parece óbvio? Nem tanto. Porque, de certa forma, esse paternalismo cria uma relação cômoda para ambas as partes. E oferece uma posição também vantajosa para as indústrias alimentícia e farmacêutica, duas parceiras históricas que colaboram para a perpetuação dessa dinâmica insustentável. “Uma fornece o ‘veneno’, ao passo que a outra, o ‘antídoto’, como a ligação entre o açúcar e o diabetes’”, esclarece o especialista ao mesmo tempo em que instiga o leitor a revisar seus próprios conceitos sobre o tema.

 

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