A doença atinge mais de 30% das crianças brasileiras e exige atenção dos pais. Médica destaca que nesta etapa de retorno às atividades é preciso observar o comportamento dos pequeninos e incluir uma rotina alimentar saudável e atividade física
3 em cada dez crianças, entre 5 a 9 anos
de idade, estão acima do peso, e das crianças menores de 5 anos, 15,9% têm
excesso de peso. É o que apontam os dados do Ministério da Saúde. A realidade
não atinge somente o Brasil, em todo o mundo são mais de 158 milhões de
crianças e adolescentes, entre 5 e 19 anos, convivendo com o excesso de peso,
segundo estimativa da Organização Internacional World Obesity .
O problema, que ao longo dos anos se
tornou alvo de grandes preocupações de autoridades de saúde e, principalmente
dos pais, ganhou ainda mais dimensão à medida que os índices de casos
aumentaram por causa da mudança na rotina dos pequeninos. "O
distanciamento físico imposto pela pandemia provocou inúmeras transformações
sociais e, como se sabe, por segurança, ficar em casa foi uma delas. São mais
de sete meses de pandemia mudando rotinas e, sem sombra de dúvidas, os
pequeninos foram os mais afetados neste processo de adaptação. Se não é fácil
para adultos, imagina para as crianças?", questiona a médica
Endocrinologista Pediátrica do Grupo Sabin, dra. Georgette Beatriz de Paula.
|
Um breve levantamento feito pela
médica, mostra que cerca de 80% dos pacientes atendidos neste período
apresentaram ganho de peso significativo. "Essa mudança aliada à falta de
uma rotina alimentar mais saudável, com ingestão de produtos mais calóricos,
ociosidade, diminuição de atividade física, levaram à esta realidade. Ficando
mais em casa, as crianças precisaram internalizar seus hábitos, arranjar
maneiras de gastar energia, os jogos eletrônicos, por exemplo, viraram válvulas
de escape. Até mesmo as atividades escolares exigiram mais tempo em frente às
telas", pontua a especialista.
Vilã da saúde dos pequeninos, a
obesidade infantil é uma doença séria e requer atenção especial de pais e
responsáveis. A médica destaca que o ganho de peso além de aumentar índices de
colesterol, promove aumento da pressão arterial e ainda provoca transtornos
alimentares que podem durar a vida inteira, se não forem observados e tratados
a tempo. "Hoje em dia as crianças apresentam cada vez mais cedo problemas
em relação à glicose. Nos consultórios médicos, diagnósticos apontam altas
taxas de insulina, problemas de gordura no fígado. Então, o primeiro passo é
retirar, de forma gradativa o excesso de doce, o acesso aos industrializados,
evitar consumo de frituras, gorduras, e associar esta mudança à atividades
físicas no dia a dia", afirma a médica.
Dormir bem e a volta ao ambiente
escolar podem ser aliados nesta etapa de recuperação do peso anterior à
pandemia, segundo a médica, que se apoia no estudo britânico divulgado na
última semana que mostra que cada hora a menos de sono, pode aumentar em 23% o
risco de obesidade infantil. "Investir em momentos de diversão e
brincadeiras, como pular corda, que podem ser feitas em casa mesmo, ajudam
reduzir o sedentarismo, gastar energia e dormir melhor", orienta.
11 de Outubro Dia Nacional de Prevenção
da Obesidade
O tema é tão relevante que ganhou até
data: 11 de outubro Dia Nacional de prevenção da obesidade e o Dia Mundial da
Obesidade, acendendo o alerta à importância da prevenção e conscientização da
doença. "É um grande passo para evitar o desenvolvimento da obesidade já
na primeira fase da vida. Uma rotina de cuidados, acompanhamento médico e
diagnósticos realizados por meio do Cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC),
podem detectar casos de obesidade e ajudar no tratamento da doença, mas é
fundamental fazer um acompanhamento correto. Contar com o apoio de uma equipe
multidisciplinar, com médicos, nutricionistas, preparadores físico, e até
psicólogos", explica a médica.
Para ajudar ainda mais a esclarecer
sobre os riscos da obesidade infantil, o Ministério da Saúde lançou em agosto deste ano o Guia Alimentar para Crianças
Brasileiras Menores de 2 anos e o Guia Alimentar para a População
Brasileira ,
com sugestões e orientações que ajudam na rotina alimentar do dia a dia e
melhorar a relação entre os alimentos e as crianças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário