Médica,
que venceu a doença, explica como a técnica pode ser benéfica para as pacientes
que enfrentam o diagnóstico e terapia
Os seios são símbolos
importantes da feminilidade e da maternidade. Por isso, o diagnóstico de câncer
de mama pode ser avassalador para a mulher, que passa a temer pela vida e
também pelos efeitos do tratamento, como perda da autoestima, da sensibilidade
e até da descaracterização de seu corpo.
"A gente sente
como se fosse perder o seio e a identidade, busca respostas, se sente culpada
por achar que fez algo errado para merecer a doença e tem de enfrentar a ideia
da própria mortalidade muito de perto. É bastante difícil. A paciente
desenvolve astenia, fadiga, náuseas, vômitos, insônia, tristeza, ansiedade,
vergonha, isolamento social, crise existencial e espiritual", conta a Dra.
Renata Isa Santoro, cardiologista pediátrica que venceu um câncer de mama
diagnosticado em 2016, no auge da sua carreira.
O tratamento inclui
quimioterapia com efeitos colaterais intensos, como dores no corpo, náusea,
vômito, dores abdominais, falta de apetite, fadiga e queda de cabelo. Há
estresse físico e emocional. "Após o diagnóstico e durante todo o
tratamento, a ansiedade, os distúrbios do humor, a depressão e a dor necessitam
de atenção. Todos esses sentimentos são gerados a partir do medo: de morrer, de
não aguentar o tratamento, de ficar feia, de não se adequar mais à sociedade,
do abandono, raiva, isolamento, de não ter mais a sua vida de volta",
destaca.
As terapias
integrativas surgem como coadjuvantes do tratamento quimioterápico para dar
mais qualidade de vida, aceitação, autoconhecimento e autoestima à paciente com
câncer de mama. Meditação, ioga e uso de produtos naturais estão entre as
recomendações.
"A ASCO (American
Society of Clinical Oncology) endossa a diretriz da SIO (Sociedade de Oncologia
Integrativa) sobre o uso de terapias integrativas durante e após o tratamento
de câncer de mama. A meditação, por exemplo, é indicada para uso rotineiro
contra ansiedade, mudanças de humor e outros sintomas", diz Dra. Renata .
No relatório de
especialistas da ASCO, as principais recomendações nas diretrizes da SIO
incluem o seguinte¹:
- Redução da ansiedade
e estresse: meditação, gerenciamento do estresse e ioga.
- Depressão e
transtornos do humor: meditação, relaxamento, ioga, musicoterapia.
- Melhorar qualidade
de vida: meditação e ioga.
- Redução de náuseas e
vômitos: acupressão e acupuntura.
A médica lembra ainda
que um estudo² divulgado no fim do ano passado avaliou os efeitos da meditação
no estresse psicológico de pacientes com câncer de mama e notou que o estresse
psicológico leva a um agravamento da doença, além de gerar outros problemas
emocionais.
"No trabalho, foram
constatados vários benefícios da meditação nessas pacientes, como melhora da
dor, da insônia, do bem-estar emocional, do medo da recorrência, da angústia,
da atenção, da satisfação com a vida, da espiritualidade, da aceitação da
doença e adesão ao tratamento e no desenvolvimento de mecanismos naturais para
enfrentar a doença com menos trauma e sofrimento", cita Dra. Renata, que
usou a técnica durante seu tratamento.
Dra. Renata Isa Santoro • Médica pela faculdade de
ciências médicas de Santos - UNILUS •
Especialista em Pediatria pela AMB/SBP •
Especialista na área de atuação em Cardiologia Pediátrica pela AMB/SBP/SBC
• Especialista em Ecocardiografia fetal e
pediátrica pela UNICAMP • Mestrado em
Ciências pela UNICAMP • Atuou como
Cardiologista Pediátrica, Ecocardiografista e na formação da residência médica
em cardiologia pediátrica na UNICAMP de 2007 a 2018
¹ Lyman GH, et al: Integrative therapies
during and after breast câncer treatment: ASCO endorsement of the SIO clinical
practice guidelne. J Clin Oncol. June 11, 2018.
² Araujo RV et al: Meditation effect on
psychological stress level in womwn with breast câncer: a systematica review
Journal of school of nursing - USP dec 2019.
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