Dados do IBGE apontam que até 2050 o número de brasileiros acima de 60 anos vai triplicar
Foi-se o tempo em que a figura do idoso podia ser associada ao
indivíduo com pouca vitalidade ou disposição. O conceito, que pouco se aplica
aos dias atuais, se desgastou à medida que ele se tornou velho para ser referir
às pessoas que possuem mais de 60 anos ou que fazem parte da chamada terceira
idade ou melhor idade. Nesta quinta-feira, 1º de outubro, comemora-se o Dia do
Idoso, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reforçar a
importância da proteção e para reavaliarmos nossas atitudes e percepções em
relação a eles.
Segundo Sonia Prado, psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Estácio
Interlagos, para entendermos quem é esse novo idoso é indispensável abandonar
estereótipos e estar ciente que cada vez mais as pessoas, sobretudo as de mais
idade, acreditam na sua capacidade de se manterem ativas e presentes na
sociedade onde elas estão inseridas. "Hoje as pessoas com mais de 60 anos
estão estudando, fazendo atividades físicas, empreendendo e buscando
conhecimento que não estão associados a uma limitação genética ou de
idade", diz Prado.
Tornar-se uma pessoa velha, no olhar psicológico e social, é um evento com
características humanas, que depende um pouco de como a pessoa está sendo
percebida pela sociedade. "O idoso acumula experiências e essas
experiências muitas vezes não são consideradas e percebidas pelos mais jovens.
Normalmente quando o idoso acaba sendo prejudicado pelas limitações impostas
pela própria sociedade, ele é simplesmente classificado ou rotulado com velho
com base em aspectos físicos comuns ao envelhecimento sem se levar em
consideração a sua capacidade mental", explica Prado.
A fisioterapeuta Gabriela Kohns, professora do curso de Fisioterapia da Estácio
Conceição, lembra que a partir dos 60 anos o organismo começa a passar por um
intenso processo de modificação fisiológica que culmina na diminuição da
acuidade visual, desmineralização óssea, perda de massa muscular, dentre outros
fatores biológicos. A idade avançada requer atenção, mas de forma alguma exige
que o idoso pare de levar uma vida normal, apenas que tome mais cuidado com
relação às atividades que costuma realizar no seu dia a dia.
Para a fisioterapeuta, com um programa de exercícios físicos específicos é
possível promover o fortalecimento muscular, melhorar a marcha, propiciar ganho
de mobilidade, flexibilidade e equilíbrio entre os idosos. "Tanto na
residência como no trabalho, pensando no bem-estar do idoso, é possível
realizar intervenções ergonômicas, como a adaptação da mobília, a implantação
de rampas de acesso e de barras de apoio em pontos estratégicos que irão evitar
que ocorram quedas, um dos maiores vilões da terceira idade", explica
Kohns.
O idoso, seja o que esbanja vitalidade ou mesmo aquele mais tranquilo e
contido, não pode ser mais visto ou percebido pelas pessoas como alguém que tem
prazo de validade. Neste sentido a psicóloga faz um alerta importante ao
lembrar que o envelhecimento físico é algo natural e que os idosos sabem que
possuem algumas limitações físicas, mas nenhuma que limite o seu aprendizado, a
sua interação social, o seu trabalho e a sua vida. "Neste 1º de outubro,
Dia do Idoso, precisamos entender de uma vez por todas que cada vez os idosos
acreditam na sua capacidade de se manter ativos na sociedade onde eles estão
inseridos", salienta Prado.
Um novo começo
E a vitalidade do idoso pode ir além da forma física, para muitos, a melhor
idade é o momento de retomar os grandes sonhos, que por diversos fatores, precisaram
ser deixados de lado. E foi o que fez o Sr. Coriolano de Souza Pinto. Aos 82
anos, o bancário e militar concluiu, em meio à pandemia do novo coronavírus, o
curso de Direito na Estácio.
Cheio de disposição, o mais novo bacharel em Direito do município de Castanhal,
localizado a 76 quilômetros da capital paraense, Belém, superou todos os
desafios. Feliz com a conquista, Coriolano revela que em nenhum momento pensou
em desistir da graduação. "Caso ocorresse, eu estaria dando um péssimo
exemplo a todos os que em mim confiavam, principalmente aos meus filhos e
netos", afirma.
Para quem acredita que já passou a hora de estudar, ele deixa uma mensagem.
"Não existe idade para sentirmos a alegria do somatório de lutas e
desafios que podemos superar ao longo da jornada. Enfrentem as dificuldades que
aparecerem e confie sempre na capacidade de alcançar os seus sonhos, um dia
você sentirá a felicidade e alegria que hoje estou sentindo".
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