Cerca de 70 mil diagnósticos de câncer deixaram de ser feitos entre março e junho de 2020; Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) aponta que houve queda de 75% das cirurgias relacionadas a tumores de mama em grandes centros hospitalares
A pandemia da Covid-19, que determinou um regime de
quarentena sem precedentes pelo mundo, tem apresentado impactos diretos na
oncologia e mastologia. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de
Patologia (SBP), 70 mil diagnósticos de câncer deixaram de ser realizados entre
março e junho deste ano. E os reflexos dessa nova realidade podem a curto e
médio prazos desencadear um aumento nos índices de tumores descobertos em fase
mais avançada.
Entre os tumores mais incidentes no país figura o câncer de mama - tipo de
câncer mais comum em mulheres depois do câncer de pele. A ocorrência por aqui
vem apresentando crescimento constante: são 66.280 novos casos esperados, com
um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres por ano para o triênio
2020-2022 - números que ainda estão abaixo da incidência observada em países
desenvolvidos, mas cuja tendência de aumento segue em ritmo acelerado,
proporcional às taxas de envelhecimento da população.
Para o oncologista Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de
Administração do Grupo Oncoclínicas, este cenário exige esforços contínuos no
sentido de aumentar a taxa de cobertura da mamografia de rastreamento
populacional, assim como o nível de alerta das mulheres para alterações na mama,
requerendo atenção dos especialistas para que o câncer de mama seja
diagnosticado da forma mais precoce possível.
"As campanhas de conscientização sobre a doença e alerta para que a
população esteja munida de informações sobre os impactos positivos da
descoberta de tumores logo no início de seu desenvolvimento são primordiais
para a redução das taxas de letalidade do câncer de mama. A nossa batalha pelo
diagnóstico precoce deve continuar, por ele significar maior número de
pacientes curados. No entanto, nos últimos seis meses observamos uma queda na
realização da mamografia", diz o médico.
Ele alerta que se deixarmos de lado a vigilância ativa, no pós pandemia há
grandes chances de observarmos um aumento considerável de diagnósticos tardios
da doença. O exame de imagem na qual a mama é comprimida permite que sejam
identificados tumores menores que 1 cm e lesões em início, sendo determinante
para a descoberta do câncer de mama logo no início.
"O câncer de mama é o segundo mais comum entre mulheres no país e eram
esperados quase 67 mil novos diagnósticos, de acordo com o Instituto Nacional
do Câncer (INCA), até o fim deste ano. De forma geral, a mamografia deve ser
realizada anualmente por todas as mulheres acima dos 40 anos e a decisão por
adiar ou não esse exame só deve ser tomada mediante o aconselhamento
médico", ressalta Max Mano, oncologista clínico e especialista no
tratamento do câncer de mama do Grupo Oncoclínicas
As chances de cura chegam a 95% ou mais quando o tumor é descoberto no início, sendo
o tratamento menos invasivo, o que melhora, em muito, a qualidade de vida
durante e após o tratamento da doença. "Mulheres que tratam ou já tiveram
câncer de mama, bem como aquelas com histórico de câncer de mama entre parentes
próximas (irmãs, mães) e/ou que têm mutações genéticas hereditárias já
identificadas, não devem jamais deixar de fazer os controles sem orientação do
especialista", completa Max Mano.
Redução no número de cirurgias preocupa
Outro ponto de atenção desencadeado pela pandemia está relacionado ao adiamento
ou cancelamento de cirurgias oncológicas. A Sociedade Brasileira de Cirurgia
Oncológica (SBCO) indica que 70% dos procedimentos para retirada de tumores
malignos deixaram de acontecer em abril. Especificamente nos casos de câncer de
mama, um recorte da situação feito pela Sociedade Brasileira de Mastologia
(SBM) nos meses de abril e maio mostra que nos grandes centros hospitalares de
oncologia - públicos e privados - houve uma queda de 75% no movimento cirúrgico
em comparação aos registros de 2019.
"Isso vai impactar na sobrevida dos nossos pacientes e isso é pior que a
própria pandemia. Precisamos manter a população munida de informações relativas
aos fluxos seguros que vêm sendo adotados para que eles possam estar confiantes
para seguir com as orientações de tratamento devido, de acordo com cada
caso", alerta Bruno Ferrari.
O médico reforça que o câncer faz parte do rol de doenças estabelecido pelo
Ministério da Saúde, cujo tratamento não pode ser considerado eletivo. Atualmente,
de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,3 milhão de
brasileiros têm tumores malignos e estimativas do Instituto Nacional do Câncer
(INCA) indicam que são esperados ao menos outros 625 mil novos diagnósticos da
doença até o final de 2020.
Oncoclínicas no Outubro Rosa
Anualmente, o Instituto Oncoclínicas - iniciativa do corpo clínico do Grupo
Oncoclínicas para promoção à saúde, educação médica continuada e pesquisa -
desenvolve uma série de ações para alertar sobre a importância da realização de
exames preventivos periódicos e mudanças nos hábitos de vida no combate ao
câncer de mama. Em 2020 a iniciativa traz uma abordagem positiva nas redes
sociais ressaltando a importância de não adiar consultas com especialistas e
agendar os controles de rotina, incluindo a realização da mamografia por
mulheres a partir dos 40 anos.
Com o mote "A melhor dica é viver bem", a campanha é voltada à
conscientização sobre a importância de estar atento a fatores de riscos
evitáveis relacionados à incidência de câncer de mama, como ter uma alimentação
balanceada e praticar atividades físicas regulares, para uma retomada da saúde
e da qualidade de vida. Direcionada à sociedade em geral, ela ressalta ainda
uma importante informação: busque sempre saber sobre os fluxos seguros
implementados pelos centros de referência em atendimento e realização de exames
diagnósticos. Apesar da pandemia e do medo da contaminação pelo coronavírus, é
preciso que as mulheres mantenham seus controles em dia para que a luta contra
o câncer de mama não seja deixada em segundo plano.
A ação faz parte de uma série de ativações nas redes sociais desenvolvidas pelo
movimento "O Câncer Não Espera. Cuide-se Já" para alertar os
pacientes oncológicos e a população em geral sobre como atrasos nos cuidados
médicos adequados pode comprometer, até irreversivelmente, o sucesso na luta
contra o câncer. A ação liderada pela Oncoclínicas é apoiada por entidades como
a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), Sociedade Brasileira de Patologia
(SBP), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de
Cirurgia Torácica (SBCT), Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO),
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Associação para Crianças
e Adolescentes com Câncer (Tucca), Instituto Oncoguia , Movimento Todos Juntos
Contra o Câncer (TJCC) e Rede Inspire Ser.
A mobilização também conquistou o reforço voluntário de personalidades como as
atrizes Suzana Vieira, Mariana Rios e Priscila Fantin, os cantores Ivete
Sangalo, Elba Ramalho, Bell Marques, Leo Jaime e Tomate, a jornalista Mona Lisa
Duperon e o medalhista olímpico com a seleção brasileira de vôlei Maurício
Lima.
Empresas, entidades ligadas à área médica ou qualquer cidadão engajado na luta
em favor da vida e da saúde dos brasileiros podem aderir à campanha. Os
interessados encontram mais informações nos sites http://www.grupooncoclinicas.com/movimentopelavida
e www.ocancernaoespera.com.br
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