Em meio a pandemia os animais domésticos conquistaram ainda mais espaço e mimos (inclusive alimentares) na rotina de seus tutores. Descubra mitos e verdades.
O período de isolamento
social gerou transformações na rotina das pessoas e, consequentemente, na dos pets em
todo o planeta. Com a redução de passeios e a presença mais frequente das
pessoas em home office, houve uma significativa diminuição da atividade
física dos humanos e dos animais domésticos, impactando no ganho de peso.
Levantamento realizado pela Wakefield Research, empresa de pesquisa
de mercado, em parceria com o Banfield Pet Hospital (Estados Unidos),
identificou que 25% dos entrevistados considera que o animal de estimação
“ganhou um pouco de peso” e 8% responderam que os pets “ganharam
muito peso” na fase da quarentena.
O que pode justificar o
sobrepeso é a mudança no comportamento entre os pets e seus donos.
Dos entrevistados na pesquisa, 40% afirmam que têm oferecido mais petiscos e
guloseimas ao animaizinhos desde o início da pandemia da Covid-19. Por outro
lado, um outro estudo do Banfield Pet Hospital aponta que 84%
dos proprietários desenvolveram mais ateção à saúde dos pets
e 67% concluíram que precisam alterar a maneira como cuidam dos animais em
casa.
Além dos cuidados com o checkup
veterinário, destaca-se a importância no cuidado com a alimentação.
MONOTONIA ALIMENTAR
As rações têm como
principal objetivo oferecer uma alimentação equilibrada. São saudáveis, no
entanto, não possuem variedade de sabores. “Isso faz com que os pets sintam-se enfadonhos
recusando se alimentar de modo completo, o que pode prejudicar a saúde deles.
Os animais domésticos são muito estimulados por sabores. Uma das vantagens que
a pandemia nos trouxe é a facilidade de poder fazer parte do dia a dia dos
nossos pets e inclusive conhecê-los melhor, observar que aromas e sabores
despertam mais o prazer pelo alimento. E ainda a possibilidade de pensar em
opções, como molhos que permitam a eles também vivenciar a experiência da
gastrnomia além da ração”, explica Hugo Villalva Leça Fonseca, CEO
da Mon Petit Chéri, fabricante de alimentação gourmet
para pets.
Para ser considerado um
alimento completo e balanceado, a ração deve fornecer, obrigatoriamente, todos
os nutrientes essenciais para a vida daquela espécie animal, bem como à fase de
vida e em quantidades que suportem todas as atividades metabólicas. Segundo
Luciana Oliveira, veterinária com PhD em nutrição da Mon Petit
Chéri, são considerados nutrientes essenciais aqueles que o
organismo não consegue fabricar sozinho. No caso de cães e gatos, deve-se
considerar na hora de comprar a ração:
- 10 aminoácidos para cães e 11 para gatos (formam as proteínas do
corpo)
- 1 Ácido graxo para cães e 2 para gatos (produzem parte da gordura)
- 12 minerais, entre eles cálcio, fósforo, iodo, zinco, selênio
- 11 vitaminas para cães e 12 para gatos, entre elas as vitaminas do
complexo B e vitaminas A D e E.
DIETAS CASEIRAS
Para elaborar um
alimento caseiro completo e balanceado é necessário, antes de tudo,
conhecimento específico em nutrição animal de forma que esses alimentos, assim
como as rações, tenham em sua composição todos os nutrientes essenciais para a
espécie a qual se destina.
“Infelizmente,
por falta de conhecimento de tutores, a preparação desses alimentos caseiros
segue premissas de nutrição humana (ex. pouca gordura, sem sal, falta de
proteína adequada aos pets...) e não atendem as necessidades dos pets, causando
uma série de deficiências nutricionais que comprometem a saúde deles. Estes
alimentos podem trazer inúmeros prejuízos ao organismo, como perda de massa
muscular por deficiência de aminoácidos, má condição de pele e pelagem por
deficiências de vitaminas e minerais, e problemas ósseos por deficiências de
cálcio e fósforo, entre outras”, reforça a veterinária.
SACHÊS/LATAS
“O
uso de sachês associado a rações secas sempre foi usado, tanto no Brasil quanto
no exterior. E até hoje nós percebemos que a frequência de utilização dos
alimentos úmidos, e a qualidade deles, ainda é muito maior no exterior.
Felizmente, esse conceito está mudando e cada vez mais achamos novas marcas com
produtos de ótima qualidade, e tutores mesclando o alimento seco e úmido em
todas as refeições dos seus pets. O uso de alimentos úmidos é uma forma de
tornar o consumo da ração mais prazeroso pelos animais, pois assim como nós, os
pets tem paladar e suas preferências, ou para incentivar o consumo para animais
muito seletivos ou doentes”, destaca Hugo, que é da
Mon Petit Chéri.
LÍQUIDO PARA PETS
A água é um nutriente
essencial à vida para os organismos vegetais e animais, já que as reações
metabólicas dependem da água para ocorrerem. “Quando falamos de cães e gatos, eles devem ter
acesso a água potável todo o tempo. De forma geral recomenda-se que cães e
gatos ingiram entre 60 a 70mL de água por quilo de peso por dia”,
afirma a veterinária. Segundo Luciana, alguns tutores oferecem água de côco no
Brasil pela sua disponibilidade. Não se sabe ainda se essa prática traz
benefícios a pets saudáveis. Entretanto, o uso da água de côco pode ser
interessante para cães que não ingerem muita água.
CADA
MÊS UMA RAÇÃO... PODE?
É possível usar uma
mesma ração durante toda a vida dos pets sem maiores problemas. Apesar disso,
há uma minoria de animais que ‘enjoam’ das rações e acabam levando os tutores a
variar os sabores e marcas. “Outra parte dos pets que recebem rações variadas é
decorrente da humanização, ou seja, quando o tutor se acha na obrigação de
variar a alimentação como uma maneira de oferecer algo diferente. Entretanto, o
uso de uma mesma ração, que atenda as necessidades do animal naquela fase de
vida, é o ideal. Isso porque a microbiota intestinal de cães e gatos não é tão
apta a mudanças alimentares, e a troca constante de alimentos pode causar
problemas digestivos”, recomenda Luciana.
COMO
CRIAR UM PLANO ALIMENTAR
A rotina alimentar é
importante para cães e gatos, principalmente para filhotes, idosos e animais
com alguma doença. “Para cães, o ideal é que comam, no máximo, duas
vezes ao dia. Cães com alguma doença podem necessitar de mais refeições. Já os
gatos, que têm hábitos noturnos e gostam de comer pequenas quantidades muitas
vezes ao dia, devem receber duas ou mais refeições ao dia, ou podemos
disponibilizar a quantidade total no início da noite, para que fique à
disposição durante todo o período noturno”, detalha Luciana. A
quantidade deve seguir indicação da tabela orientativa que consta nas
embalagens.
Outra recomendação,
segundo a veterinária, é evitar o raciocínio de que “devido a ausência de
passeio preciso compensar meu pet com guloseimas”. “Não recomendamos
ultrapassar 10% das calorias diárias deles com petiscos”, afirma ela.
ALIMENTOS NÃO RECOMENDADOS PARA PETS
A lista abaixo é
descrita pela Federação Europeia da Industria de Alimentos para Animais de
Estimação (FEDIAF, 2018) e aborda os alimentos mundialmente reconhecidos por
trazerem alguma toxicidade à cães e gatos.
- Uva e uva passa: cães podem podem
apresentar transtornos digestivos (vômito, dor abdominal, diarreia),
insuficiência renal aguda, fraqueza e anorexia. Ainda não se sabe qual
substância contida nesses alimentos que causa os efeitos descritos;
- Chocolate e café: na verdade é a
substância teobromina contida no cacau que apresenta efeito tóxico para os
animais. Quanto maior a concentração de cacau do chocolate, maior o risco de
causar intoxicação. A cafeína, que é da mesma família que a teobromina, também
pode causar intoxicação nos pets. Os sinais clínicos dessas
intoxicações são: taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos),
dificuldade respiratória, vômito, diarreia, agitação, tremores, fraqueza,
arritmias, convulsões, insuficiência renal e óbito.
- Cebola, cebolinha e alho: Cães e gatos são muito sensíveis a ingestão de cebola, seja ela crua ou cozida. Os gatos também são
também muito sensíveis ao alho. Os sinais clínicos da intoxicação por esses
ingredientes são a anemia, taquicardia, fraqueza respiração acelerada, vômito,
diarreia, dor abdominal e nos casos mais graves, insuficiência renal, icterícia
e morte. Os responsáveis por tais efeitos são as diversas substâncias
organosulfúricas contidas nesses alimentos, como a alicina contida no alho, por
exemplo.
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