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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Compulsão alimentar pode causar obesidade, propensão à diabetes e problemas cardiovasculares

Estresse, ansiedade e insatisfações com relação ao corpo podem ser fatores desencadeantes do problema

 

Comer, mesmo quando não há fome? Isso pode ser um sinal de compulsão alimentar. Caracterizada pela ingestão exagerada de alimentos, em curtos espaços de tempo, a condição vem se tornando cada vez mais comum devido a pandemia causada pelo novo coronanvírus, onde muitas pessoas têm usado a comida como válvula de escape para o estresse, a ansiedade e o medo. 

Retratado pela primeira vez em 1959 e incluso no Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais (DSM) em 1994, esse transtorno alimentar atinge cerca de 2,6% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 4,7% da população, o dobro da porcentagem mundial, sofre de transtorno alimentar — mais recorrente entre jovens de 14 a 18 anos. 

De acordo com o médico da Medicina Integrativa Dr. Lucas Costa Felicíssimo, a compulsão alimentar tem causa multifatorial, mas também costuma surgir a partir de aspectos e sentimentos negativos.  “Dessa forma, o indivíduo recorre ao alimento, já que durante a ingestão, há liberação dos hormônios que proporcionam bem-estar e prazer. Porém, depois de se alimentar, a pessoa tende a se sentir culpada pela atitude, o que não a impede de continuar nesse ciclo vicioso”, explica.  

Apesar de não serem todos os pacientes que expõem a compulsão como uma maneira de aliviar o estresse e a ansiedade, há evidências de que a TCA está relacionada com transtornos psicológicos e de humor.

Dentre os comportamentos comuns que podem denunciar a presença do transtorno segundo a DSM estão: comer rapidamente, comer até se sentir cheio, ingerir grandes quantidades de comida mesmo quando não há fome, preferir comer sozinho por se constranger com a quantidade de comida presente no prato e sentir repulsa de si mesmo, depressão ou culpa após a compulsão.  

“A partir do momento que a pessoa sofre de compulsão alimentar, ela tende a perder o controle da linha entre fome e saciedade e por isso é tão difícil de resistir aos impulsos quando eles surgem”, explana o médico, que aponta que para o diagnóstico da doença, o paciente deve apresentar, pelo menos, um episódio por semana. 

Além de ser um problema que afeta a mente e a autoestima, as pessoas que sofrem com compulsão podem ter maior tendência à obesidade, já que o transtorno favorece o ganho de peso, afirma o médico Dr. Lucas Costa Felicíssimo. “O risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes, problemas de sono, infertilidade e dificuldade na hora de interagir com outras pessoas também é maior”, alerta. 

Dessa forma, o tratamento é feito à base de medicamentos e também do acompanhamento conjunto entre nutricionista, psiquiatra e psicólogo. “Apoio de amigos e familiares é importante, mas o paciente não deve deixar de procurar ajuda profissional. É uma mudança intensa de hábito que requer um trabalho interdisciplinar para que funcione”, explica Lucas.


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