Levantamento confirma dificuldades do setor, com aumento de 259% nas contas pagas com atraso
Um estudo recente do Sebrae, em parceria com a
Fundação Getúlio Vargas, fez um raio x da situação das pequenas empresas
afetadas pela crise econômica. A 5ª edição da Pesquisa “O impacto da pandemia
de coronavírus nos pequenos negócios” analisou a situação de 6.470
estabelecimentos, entre Microempreendedores Individuais (MEI), Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte. 84% dessas empresas tiveram seu faturamento reduzido
no período; 40% delas têm pagamentos atrasados e, para se adaptar ao momento,
59% mudaram sua forma de atuação.
Considerando a importância dos pequenos negócios e
conhecendo profundamente o comportamento financeiro dessas empresas, para ter
uma avaliação prática e estratégica das principais dificuldades das Pequenas e
Médias Empresas (PMEs) no período, a Celero, startup paranaense que domina a
automação financeira no País, através de um software exclusivo, analisou o
perfil e as mudanças de inúmeras empresas cadastradas, e constatou que, em
algumas situações, as dificuldades financeiras são ainda maiores do que o
revelado pelo levantamento do Sebrae.
A startup comparou o valor das dívidas acumuladas
por 20% das empresas analisadas, e concluiu que o impacto financeiro no caixa
das organizações foi avassalador. As dívidas acumuladas cresceram onze vezes na
comparação entre os meses de março e julho de 2019 e o mesmo período de 2020.
A pesquisa da Celero aponta outras dificuldades que
as PMEs enfrentam. De acordo com os índices, as contas pagas depois do
vencimento aumentaram 259% no período analisado. O prazo para quitação dessas
dívidas também aumentou, enquanto em 2019 a média de pagamento em atraso era de
3 dias, neste ano, passou para 7 dias. Em casos extremos, envolvendo setores
como o de turismo e eventos, os atrasos dos pagamentos de contas chegaram a 45
dias. Inclusive, muitas dessas empresas não têm previsão para a quitação, ou
seja, atualmente não reúnem condições de saldar seus compromissos financeiros.
Parte desse reflexo é o efeito cascata da
inadimplência de seus credores. Entre as PMEs analisadas, o termo receitas “não
recebidas” teve um impacto importante, com aumento de 230% em relação ao mesmo
período do ano anterior. A pesquisa confirma que muitos desses empreendedores
não conseguiram encontrar alternativas para se orientar na crise e retomar a
lucratividade. Diante da falta de perspectivas de alguns setores para a
adimplência, esse efeito dominó impacta toda a cadeia, tornando o cenário ainda
mais preocupante.
Atualmente, no Brasil, aproximadamente 88% dos
CNPJS são PMEs, responsáveis por um fluxo significativo na geração de renda e
emprego, fatores extremamente relevantes para a recuperação do País. “Ocorre,
porém, que essas empresas são as menos qualificadas e profissionalizadas no
quesito gestão. Estima-se que 85% desses empreendedores não saibam a
importância da gestão financeira que, naturalmente, não é só pagar contas.
Entre as PMEs que fecham as portas, 6 em cada 10 alegam desconhecer os
problemas de gestão”, ressalta João Tosin, CEO da Celero.
Mas, não saber como administrar esses
resultados através de ajustes financeiros e de gestão é dúvida frequente no
setor. O especialista em Finanças, Auditoria e Controladoria, João Augusto
Betenheuzer, CFO da Celero, avalia que a pandemia agravou essa deficiência em
muitas PMES, porém, já sofrem com impactos negativos da administração falha há
muito mais tempo. “Muitos gestores, dessas PMEs, têm dificuldades de assimilar
os aspectos da burocracia, e não sabem como driblar esse quesito. Além disso, o
desconhecimento das rotinas financeiras e tributárias são fatores adicionais
para dificultar a gestão” relata Betenheuzer.
No Brasil, as dificuldades atingem
todos os setores, e a reação diante da crise e, também, das complexidades que
envolvem o empreendedorismo, são regularmente voltadas à gestão estratégica.
“Conhecer o segmento em que atua; entender quanto é o custo operacional da
empresa; estar atento às medidas governamentais ou de mercado, que possam
desafogar o negócio e, além disso, ter foco para acompanhamento diário, são as
principais regras para o gerenciamento de qualquer negócio”, explica o
especialista.
O planejamento para enfrentar a atual situação e
ter resultado durante e no pós-crise, exige medidas desde já. Não é possível
esperar e, muito menos, agir sem planejar.
Celero
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