Síndrome cresce 20% e pode estar relacionada a
diversas doenças. Entenda.
O olho é o órgão que mais sofre no verão por conta
das mudanças de hábitos, oscilações do tempo e maior proliferação de bactérias
no ar. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido
Burnier os prontuários do hospital mostram que a síndrome do olho vermelho
aumenta 20% durante a estação. Olhos vermelhos, lacrimejamento, coceira,
sensação de corpo estranho, queimação, fotofobia e visão borrada são os
sintomas.
O especialista afirma que podem sinalizar
conjuntivite, alergia, olho seco ou ceratite. “Cada uma dessas alterações tem
tratamento específico, mas nos meses mais quentes do ano 4 em cada 10 pacientes
já chegam aos consultórios usando colírio por conta própria e por isso colocam
a visão em risco”, alerta.
Conjuntivite
A água do mar e das piscinas são os maiores vilões
entre crianças porque elas costumam abrir os olhos debaixo d’água. “No mar este
hábito facilita a contaminação por micro-organismos”, afirma. Isso porque, o
sal aumenta a perda da lágrima que protege a superfície do olho e fica suspensa
na superfície pela córnea, membrana bem fininha de 5 milésimos de milímetros.
Já nas piscinas, ressalta, não é só o
cloro que deixa os olhos vermelhos. Até as mais bem tratadas contêm bactérias
que causam conjuntivite porque geralmente estão cheias de urina, muco de nariz,
suor, maquiagem e protetor solar.
O oftalmologista afirma que o excesso de filtro
solar ao redor dos olhos somado ao suor facilita a penetração nos olhos de
crianças e adultos. Resultado: O verão também aumenta os casos de conjuntivite
tóxica, uma reação alérgica pelo contato da mucosa ocular com as substâncias do
protetor.
Tratamentos
Queiroz Neto afirma que a secreção varia conforme
o tipo de conjuntivite. "Na bacteriana é purulenta e ao primeiro
sinal devem ser aplicadas compressas mornas mais colírio antibiótico, orienta.
“Na viral a secreção é viscosa e deve ser tratada com compressas frias
associadas a colírio antiinflamatório não hormonal nos casos mais leves ou
corticóide nos mais severos”, pontua. Já na conjuntivite tóxica ou alérgica, o
oftalmologista afirma que a secreção é aquosa e as compressas frias aliviam o
desconforto. Os casos de irritação ocular leve podem ser tratados com colírio
adstringente e os mais severos com colírio antialérgico ou corticoide, conforme
a avaliação do oftalmologista.
O especialista ressalta que só é exigida receita
médica na compra de colírio antibiótico, mas adverte que a interrupção abrupta
do uso de corticóide pode causar efeito rebote, ou seja, agravar a inflamação.
Já a aplicação prolongada pode induzir à catarata e ao glaucoma. “O uso
indiscriminado de colírio adstringente predispõe ao olho vermelho crônico”,
adverte.
Olho seco e ceratite
O oftalmologista afirma que no verão os maiores
vilões entre adultos são: dormir com lente de contato, abusar do ar
condicionado e viagens aéreas longas. Isso porque, estas três variáveis
ressecam a lágrima e podem tornar a oxigenação da córnea insuficiente.
A córnea, explica,
é uma espécie de lente natural fixa na frente do olho que foca a luz e
protege o olho, absorvendo o oxigênio diretamente do ar, não da corrente
sanguínea como as demais estruturas do nosso corpo. A má oxigenação predispõe à
inflamação ou ceratite, contaminação
por bactérias e à formação de úlceras que podem cegar. A produção da lágrima é
menor à noite. Por isso, para manter a integridade da córnea Queiroz Neto recomenda nunca dormir com
lentes de contato mesmo as indicadas para uso noturno. Outras recomendações do
médico são não exagerar na exposição ao ar condicionado e retirar as lentes de
contato antes do embarque nas viagens aéreas com mais de três horas de voo, já
que o ar é mais rarefeito nas cabines, e
instilar lágrima artificial durante a viagem.
Para garantir a boa lubrificação dos olhos a
principal recomendação dietética do especialista são as fontes de ômega 3,
presente na semente de linhaça, nozes, sardinha, salmão e bacalhau. Os casos
mais severos de olho seco, ressalta, têm respondido muito bem às aplicações de
luz pulsada que evitam a evaporação da lágrima estimulando a produção da camada
oleosa. Geralmente em 3 sessões a produção
lacrimal volta ao normal, conclui.
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