Uma doença pulmonar grave e misteriosa, que
já provocou pelo menos 26 mortes e acometeu quase 1,3 mil pessoas nos Estados
Unidos, está chamando a atenção também no Brasil para os riscos do cigarro
eletrônico. Apesar da comercialização, importação e propaganda de todos os
dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) serem proibidas no País, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que monitora o uso irregular do
dispositivo, aponta o seu uso como provável causa desses óbitos
norte-americanos já confirmados.
Preocupada
em prevenir uma crise de saúde, como a que vem ocorrendo nos Estados Unidos, a
Anvisa solicitou o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) para emissão de
um alerta aos médicos. A Agência quer que estejam atentos e relatem quaisquer
suspeitas de problemas relacionados ao uso de cigarros eletrônicos. O pedido
foi enviado também a 252 instituições que compõem a chamada Rede Sentinela e
que notificam problemas e eventos adversos relacionados à saúde.
A
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) também emitiu alerta
direcionado aos pneumologistas sobre a Doença Pulmonar Severa relacionada ao
uso de DEFs. A orientação é para que os médicos, ao atenderem pacientes com
sintomas de doenças pulmonares com etiologia desconhecida, promovam
“investigação de uma possível correlação com o uso de cigarros eletrônicos,
obtendo-se o maior número possível de informações sobre o produto, frequência e
forma de uso”.
Além
da identificação e tratamento imediato do paciente, os casos suspeitos devem
ser notificados à Anvisa através do site http://portal.anvisa.gov.br/ notificacoes
Desafio
brasileiro – Embora o combate ao tabagismo no Brasil
tenha conquistas expressivas ao longo das últimas décadas, os cigarros
eletrônicos têm se apresentado como um dos novos desafios neste contexto. Foi
com essa preocupação que o CFM promoveu o Fórum sobre Tabagismo, em setembro.
Na oportunidade, um dos principais pesquisadores e ativistas do movimento
mundial pelo controle do tabaco, Stanton Glantz, afirmou que os cigarros
eletrônicos são tão perigosos quanto os cigarros normais.
O
norte-americano esclareceu que os cigarros eletrônicos têm um perfil de risco
diferente, devido à forma como o aerossol entrega ou administra a nicotina nos
usuários, mas todas as indicações dizem que paradas cardíacas, infartos do
miocárdio e problemas pulmonares são até mais perigosos que os causados pelo
cigarro tradicional.
Proibido
no Brasil – Criado em 2003 na China, o cigarro
eletrônico (e-cigarro) é proibido no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância
em Saúde (Anvisa), desde 2009. Seus dispositivos mais comuns utilizam desde um
cartucho que contém nicotina, aromatizantes ou extrato de tabaco a uma mistura
líquida com variáveis concentrações de nicotina que é injetada no dispositivo.
Após
ligar o dispositivo, o fumante de e-cigarro ao aspirar ao fluxo de ar gerado
aciona um sensor provocando o aquecimento do líquido do refil, liberando-se a
nicotina e outras substâncias presentes na solução, por meio de um aerossol.
Além da semelhança entre o dispositivo e um cigarro convencional, até o vapor
tem ingredientes para simular a tradicional “fumaça”.
Segundo
o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, ao longo dos últimos 60 anos inúmeros
estudos e análises estatísticas regionais e internacionais vêm fornecendo
evidências consistentes sobre fumar e seus malefícios à saúde. “A indústria do
tabaco, no entanto, te, tentado repetir estratégias fracassadas, de décadas
passadas, ao introduzir produtos com promessa de menor dano ou até inofensivos
para a saúde”, pontuou.
Conselho Federal de Medicina
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