“Ninguém muda ninguém; ninguém muda
sozinho;
nós mudamos nos encontros.”
(Roberto Crema)
Eu poderia
desejar-lhe um tradicional “Feliz Natal”, mas isso garantiria não mais do que
dois dias de felicidade. Já votos protocolares de “Boas Festas” se estenderiam
por apenas uma semana. Por isso, quero desejar a você algo capaz de perdurar
por todo um ano: chega de angústia!
Ansiedade
e angústia tornaram-se companheiros indesejados. A ansiedade representa um
estado de impaciência, de inquietação, um desejo recôndito de antecipar uma
decisão, de abreviar uma resposta, de aplacar expectativas.
A
angústia é uma sensação de desconforto, um mal-estar físico que oprime a
garganta, comprime o diafragma, acelera o pulso, e um mal-estar psíquico que
aflige, agoniza, atormenta.
A ansiedade é um tempo que não chega; a angústia, um tempo que
não vai embora.
Amantes
que aguardam pelo encontro é ansiedade; relacionamentos desgastados que não
terminam é angústia. O prenúncio do final de semana para um pai divorciado é
ansiedade; a despedida dos filhos no domingo é angústia. A espera pelo
resultado de um concurso é ansiedade; ter seu nome classificado em uma lista de
espera é angústia. A expectativa do primeiro dia de trabalho é ansiedade; o fim
do expediente que demora é angústia.
Ficamos
angustiados por opção, por força de nossas próprias escolhas, por causa de
coisas e pessoas. Assumimos compromissos financeiros que não podemos saldar,
adquirimos bens pelos quais não podemos pagar. Tudo em busca de status.
Compramos o que não precisamos, com o dinheiro que não temos, para mostrar a
quem não gostamos uma pessoa que não somos. O ato da compra é sublime e fugaz.
A obrigação decorrente é amarga e duradoura. E angustiante.
Muitas
são as pessoas que nos angustiam com suas argumentações, pleitos ou mera
presença. O telefone toca e ao identificar o número você hesita em atender. Uma
visita é anunciada e sua vontade é simplesmente mandar dizer que não está.
De
tanto cultivar a ansiedade, de tanto se permitir a angústia, colhemos a
depressão. Então lançamos mão de um comprimido de Prozac e fingimos estar tudo
bem.
Por isso,
meu convite é para que você dê um basta em sua angústia. Demita de sua vida
quem e o que não lhe faz bem. Pode ser um cliente chato ou um fornecedor
desatencioso; um amigo supostamente leal, porém, na verdade, um interesseiro
contumaz; ou um amor não correspondido.
Tome
iniciativas que você tem protelado. Relacione tarefas pendentes e programe
datas para conclusão. Limpe gavetas, elimine arquivos desnecessários. Revise
sua agenda de contatos e sua coleção de cartões de visita, rejeitando quem você
nem mais conhece – e que talvez nunca tenha conhecido.
Vá ao
encontro de quem você gosta para demonstrar-lhe sua afeição. Peça perdão a quem
se diz magoado com você, mesmo acreditando não tê-lo feito. Ofereça flores, uma
canção, um abraço e um aperto de mãos. Ofereça seus ouvidos e sua atenção.
A vida
é breve e parece estar cada vez mais curta porque o tempo escorre-nos pelas
mãos. Compromissos inadiáveis, reuniões intermináveis, trânsito
insuportável. Refeições em fast food, decisões fast track,
relacionamentos fast love. Cotidiano que sufoca, reprime, deprime.
Caminhar
pelas ruas, admirar a lua, contar estrelas, observar o desenho que as nuvens
formam no céu. Encontrar amigos, saborear os alimentos, apreciar os filhos.
Escolha ficar mais leve, viver com serenidade. Libere o peso angustiante que
carrega em suas costas. Viva, não apenas se deixe viver.
Tom Coelho - educador,
palestrante em gestão de pessoas e negócios, escritor com artigos publicados em
17 países e autor de oito livros. E-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.
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