A vida à dois é uma eterna dicotomia entre o amor e o
sexo, mas e quando a vontade não vem? A falta de libido é um problema
recorrente entre as mulhere e tem impacto direto tanto na qualidade de vida
quanto nas relações interpessoais. Multifatorial, o não-apetite sexual pode ser
resultado de estresse, sobrecarga e oscilação hormonal.
Por outro lado, o uso frequente de remédios à exemplo do
anticoncepcional também pode alterar a vida sexual da mulher como explica a
especialista em farmacologia clínica Jackeline Alecrim. “Na maioria dos casos
esse método contraceptivo contribui para a diminuição drástica dos níveis de
testosterona, que está intimamente ligado ao desejo sexual”, aponta.
O efeito do medicamento na libido é cientificamente
comprovado. Com uma amostragem de 1.046 mulheres, um estudo alemão publicado
pelo Journal of Sexual Medicina comprovou que o medicamento tem efeito no
desejo, sendo que um terço das mulheres analisadas que usava o anticoncepcional
apresentaram alguma disfunção sexual. “A prevenção é importante, mas a mulher
deve buscar o método que melhor se adapta ao seu corpo e estilo de vida já que
a adaptação é individual”, diz a farmacologista Jackeline.
A maternidade também é um fator de limitação da libido,
já que o período é marcado por intensas transformações físicas, hormonais e
emocionais na mulher. “Comumente essa mulher está cansada, sua atenção é
integral ao filho e quando chega a noite o parceiro acaba ficando de lado”,
explica Jackeline.
Sentindo na pele
Como falta de libido não escolhe cor, classe social e nem
nível de influência, até mesmo algumas famosas já compartilharam esse problema.
O caso mais recente é a da apresentadora Sabrina Sato que durante uma
entrevista à TPM admitiu que perdeu o interesse sexual pelo parceiro Duda Nagle
após o nascimento da filha, a pequena Zoe.
“Quem faz sexo depois de ser mãe? É difícil, a vontade
não vem. Quando você vira mãe, tudo muda. Atualmente, eu amo o Duda como se
fosse meu irmão. É um amor gigantesco, eu olho para ele e sinto gratidão, mas
não tesão", disse à TPM.
Segundo Jackeline Alecrim a diminuição é comum devido a queda
brusca de hormônios no pós-parto como a testosterona. “Além disso produção de
prolactina, hormônio responsável pelo leite materno diminui a lubrificação
vaginal sem contar que os primeiro meses de vida de uma criança exigem muito do
físico da mulher que está constantemente cansada e indisposta”, aponta.
Outra celebridade que compartilhou a perda da libido
devido a maternidade foi Wanessa Camargo. Em entrevista ao canal de Julia
Faria, a cantora argumentou que a falta autoestima também influencia no tesão.
“A vaidade vai para o beleléu, a minha foi. Você quer colocar aquela calçola
bem gigante, está cheirando a leite, você se sente um leite que anda. É você e
seu filho, e ninguém mais importa no mundo. Você não quer saber de sexo, nada”,
relata.
A farmacóloga clinica Jackeline aponta que o período de
baixa libido durante a maternidade geralmente se estende por cerca de 90 dias,
mas varia de mulher para mulher podendo chegar até mesmo a um ano. “O ideal é
ir voltando ativa a medida que for se sentindo confortável”, recomenda.
Além do desejo
Mais que a disfunção, o problema afeta em muitos casos o
relacionamento com o parceiro já que o sexo passa mais um cumprimento de tabela
do que uma vontade real. “O resultado disso é frustração, a autoestima vai no
chão e o autocuidado também acaba sendo deixado de lado”, explica.
Por isso Jackeline alerta que é preciso atenção ao
fenômeno para que ele também não adoeça o emocional. “Para quem tem diminuição
de libido devido o uso de contraceptivos, não dá para simplesmente ignorar o
problema e achar que é normal viver infeliz, não sentir desejo e usar a
justificativa de que é um processo normal. Não é normal e inclusive há muitas
formas de resolver o problema avaliando com um especialista outras alternativas
de contracepção. Se a mulher está mal, tudo se desestabiliza a sua
volta”.
O primeiro passo para reverter a situação é tentar
identificar as possíveis causas da disfunção. “Nesse momento um especialista é
fundamental, além da comunicação clara com o parceiro sobre a situação, já que
a falta de desejo em muitos casos é confundida com a falta de amor. No mercado
já estão disponíveis diversos tratamento, sendo a reposição hormonal um deles”,
explica.
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