Algumas
doenças já erradicadas estão com grande risco de voltar ao Brasil, como a
poliomielite e o sarampo. Embora essas doenças, que podem ser evitadas por
vacinação, tenham se tornado raras em muitos países, seus agentes infecciosos
continuam a circular em algumas partes do mundo. Com a globalização, esses
agentes podem atravessar fronteiras geográficas e infectar qualquer pessoa que
não esteja protegida.
De
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a vacinação infantil se
tornou obrigatória no Brasil desde os anos 1970. No entanto, dados do
Ministério da Saúde divulgados no segundo semestre de 2017 mostram que a taxa
de imunização foi a pior dos últimos 12 anos: 84%, ante a meta de 95%,
recomendada pela OMS.
O
site do Ministério da Saúde tem alertado sobre as baixas coberturas vacinais,
principalmente em crianças menores de cinco anos – o que acendeu uma luz
vermelha no país. Em reunião com representantes de estados e municípios, o
Ministério da Saúde alertou que 312 municípios brasileiros estão com cobertura
vacinal abaixo de 50% para a poliomielite.
Devemos
lembrar que as vacinas estão entre as principais conquistas da humanidade, pois
protegem de muitas doenças causadas por vírus e bactérias e são consideradas
recursos indispensáveis para saúde individual e coletiva. Além disso, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 2 e 3 milhões de mortes
sejam evitadas a cada ano pela vacinação.
Para
continuar essa discussão, é importante entender como as vacinas funcionam.
Bactérias e vírus, quando invadem nosso organismo, atacam as células e se
multiplicam, provocando o que chamamos de infecção. As vacinas estimulam o
sistema imunológico do nosso organismo a produzir anticorpos, que são proteínas
específicas para cada tipo de doença. Consideradas a maneira mais eficaz de
controlar e até erradicar doenças, as vacinas protegem a população durante toda
a vida.
Mas
por que uma parte da população está deixando de vacinar os seus filhos? Dados
do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP) apontam que a parcela da população contrária à vacina faz parte,
curiosamente, de classes sociais mais altas. Na maioria dos casos, essas
pessoas defendem a causa por questões religiosas, modismo ou naturalismo. Mas
não são apenas crenças. O receio que as vacinas provoquem reações adversas é o
principal motivo.
Para
quem ainda tem dúvidas sobre a eficácia das vacinas, reforçamos que elas são
seguras. Suas reações geralmente são pequenas e temporárias, como um braço
dolorido ou uma febre ligeira. Eventos graves de saúde são extremamente raros e
cuidadosamente monitorados e investigados.
Os
programas de vacinação nacionais estão entre os mais bem-sucedidos do mundo,
contudo, seu sucesso depende da cooperação de cada indivíduo para assegurar o
bem comum. Não devemos apenas confiar nas pessoas ao nosso redor para impedir a
propagação da doença. Nós também temos o dever de assumir essa responsabilidade
e convocar toda a sociedade.
Devemos
lembrar também que cuidados com a higiene, lavagem frequente das mãos e uso de
água limpa ajudam a proteger as pessoas de doenças infecciosas, mas não
garantem que elas não se espalhem. Portanto, a melhor opção sempre será
vacinação para garantir a saúde de todos.
A
responsabilidade de vacinar é de todos. Uma decisão que envolve pais ou
responsáveis pelas crianças, sociedade e governo. Caso os programas de
imunização sejam interrompidos, ou a cobertura vacinal não alcance as metas de
erradicação, as doenças até hoje controladas por vacina podem retornar, com
potencial de epidemia.
Profª Drª Ivana Maria Saes Busato
- coordenadora do Curso Superior Tecnológico em Gestão de Saúde Pública do
Centro Universitário Internacional – UNINTER.
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