A corrida eleitoral acelera seu curso rumo ao
primeiro turno do dia 7 de outubro e ainda não se vislumbra, entre os candidatos,
programas claros o bastante para uma definição dos eleitores mais comprometidos
com o futuro da Nação. À exceção, como sempre, dos radicais das extremas
esquerda e direita. O fato é que o cenário continua nebuloso e a multiplicação
dos candidatos eleva a temperatura. O Brasil tem demandas urgentes e precisa de
um estadista que nos devolva a esperança do emprego, da casa própria, do
salário digno, de dias melhores.
O Sindicato das Empresas de Contabilidade e de
Assessoramento no Estado de São Paulo (Sescon-SP) realizou uma enquete para
identificar as maiores necessidades do País, em ordem de urgência e
importância, na avaliação dos quase 600 empresários da contabilidade
entrevistados.
Em primeiro lugar, um tema que não nos surpreende:
a reforma tributária, fardo pesado que o brasileiro carrega nas costas há
décadas. Entretanto, a hipótese de unificação de impostos está mais presente e
em discussão no Congresso com o objetivo de diminuir a densa carga imposta ao
contribuinte e que beira os 40% do PIB, índice muito superior a países como
Chile, Coreia e Israel. Que seja levada a sério e não se transforme apenas em
mais uma iniciativa cosmética.
A reforma tributária é crucial para eliminar um dos
entraves que só fazem crescer o Custo Brasil. As leis brasileiras já sofreram
remendos em excesso. Não podemos esperar mais para implantar programas que
façam diminuir a burocracia e a carga de forma racional. O crescimento do país
depende disso. O foco do governo na arrecadação deve dar espaço para um
ambiente de estímulo aos negócios, com incentivos reais para quem gera emprego
e renda.
Em segundo lugar, de acordo com a enquete do
Sescon-SP, outra questão urgente que merece atenção dos candidatos: a melhoria
de serviços básicos como saúde, educação e moradia. Sabemos que a arrecadação
de tributos é vital para o desenvolvimento. No Brasil, no entanto, os cidadãos
precisam pagar duas vezes pelo mesmo serviço, pois boa parte da tributação não
retorna à população, obrigando-a a arcar com planos de saúde, segurança particular
e outros serviços básicos que, pela Constituição, são dever do Estado e direito
do cidadão.
Com a carga tributária equivalente a de muitos
países desenvolvidos, no Brasil há eficiência para arrecadar e ineficiência
para investir. Enquanto isso, o PIB da economia informal se expande, desviando
bilhões de reais dos cofres públicos e inserindo o país no ranking da
desorganização produtiva.
O terceiro tema mais citado pelos entrevistados
durante a enquete feita foi a necessidade de ampliação de medidas contra a
corrupção. Mesmo com tantas operações em curso, o sentimento de impunidade
ainda é forte.
Nossa enquete identificou ainda outras áreas
deficientes e que também devem receber mais atenção dos candidatos e dos
futuros eleitos, como reforma da Previdência, incentivo à geração de empregos,
segurança pública, reforma política, equilíbrio fiscal, empreendedorismo e
mobilidade urbana.
O Brasil entrou no círculo vicioso do atraso, que
só será quebrado com políticas voltadas para desenvolvimento sustentado.
As eleições deste ano são a grande oportunidade de iniciar esse processo. Cada
eleitor deve cumprir o papel de analisar as propostas dos candidatos, optando
pelas que realmente se aproximem de suas aspirações, não esquecendo de cobrar o
cumprimento das promessas de campanha. O que não se aceita nesse momento é a
omissão.
Márcio
Massao Shimomoto - presidente do SESCON–SP (Sindicato das Empresas de Serviços
Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas
no Estado de São Paulo).
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