Manter-se atualizado e atento ao conceito de Saúde Única é desafio da área
Os médicos-veterinários militares, que
celebram seu dia em 17 junho, são reconhecidos por duas nobres missões: o
ofício em prol da promoção da saúde e a importante tarefa de zelar pela segurança
da sociedade. Para os profissionais que escolhem somar a farda ao jaleco, as
oportunidades são diversificadas e, os desafios, ligados à necessidade de uma
visão integrada da saúde.
No Exército Brasileiro, além do manejo,
reprodução, atendimento clínico-cirúrgico e adestramento de animais - como
cavalos, cães e animais silvestres de zoológicos sob responsabilidade militar
-, médicos-veterinários podem trabalhar em inspeção de alimentos, controle de
zoonoses, vetores e pragas e gestão ambiental. As funções podem ser
desempenhadas não só nas unidades de base, como também em ações de apoio
durante grandes eventos no País e, ainda, em missões de paz no exterior.
Já na Polícia Militar do Estado de São Paulo
(PM), os profissionais atuam exclusivamente nas áreas clínica e cirúrgica de
equinos e caninos.
Cuidando de heróis
O plano de carreira dentro da Polícia Militar
foi um dos principais atrativos para que o Capitão Médico-Veterinário Maurício
Luis Marquezi decidisse prestar o concurso para ingressar na corporação. Hoje
ele fala de uma recompensa maior: a gratidão em cuidar de cães que desempenham
importantes papéis em operações da PM.
O Capitão iniciou a carreira militar em 2002.
Depois de receber o treinamento voltado à formação militar - o que para ele já
era familiar, uma vez que já havia servido o Exército por um ano - e passar
pelo estágio de nove meses atuando em unidades da PM de diferentes cidades, foi
encaminhado ao Canil Central do 3º Batalhão de Polícia de Choque, na capital
paulista, onde estão 41 dos 332 cães que a PM possui atualmente.
Quando se refere ao sentimento de gratidão
pelo trabalho, o oficial lembra um episódio que vivenciou logo no início de sua
atuação na PM, ao fazer o atendimento de uma cadela. O animal, que pertencia a
um batalhão de Rio Claro (SP), estava com um quadro de Piometra e precisou ser
operado no Canil Central.
Recuperada e de volta ao trabalho, a cadela
foi motivo de orgulho ao localizar entorpecentes em uma grande apreensão de
drogas. "Na época da ocorrência, recebi um recorte de jornal com a notícia
da ação e a foto da cadela. Foi recompensador saber que contribuí com a saúde
dela, que desempenhou um serviço tão importante", diz o Capitão.
Dos equinos do RJ aos
caninos de SP
Para o Capitão Médico-Veterinário Otavio
Augusto Brioschi Soares, coordenador dos treinadores da Seção de Cães de
Guerra/Centro de Reprodução de Caninos do 2º Batalhão de Polícia do Exército
Brasileiro, em Osasco (SP), o interesse em prestar o concurso para ingressar na
carreira militar estava atrelado à cavalaria, por causa do apreço que cultivava
por cavalos desde criança.
Filho de agrônomos e habituado a frequentar
fazendas, o médico-veterinário começou seu mestrado em fisiologia animal com
foco em equinos e interrompeu a pesquisa para iniciar a carreira militar, em
2007. Coincidência ou não, ao ser aprovado em concurso e passar pelo
treinamento (na época de 12 meses) de formação militar e aperfeiçoamento
profissional, foi destinado a atuar principalmente como clínico dos cavalos,
embora também tratasse de cães, na Academia Militar das Agulhas Negras (em
Rezende - RJ). "A experiência foi enriquecedora e também me motivou a
concluir o mestrado."
No entanto, o treinamento de cães do Exército
chamou mais atenção do Capitão Augusto, que quis redirecionar a carreira.
Decidiu cursar uma especialização em Etologia Clínica Veterinária e, após sete
anos de atuação na Academia Militar das Agulhas Negras, solicitou transferência
para a Seção de Cães de Guerra/Centro de Reprodução de Caninos, que pertence ao
2º Batalhão de Polícia do Exército, em Osasco (SP), e é considerada uma
referência em treinamento de cães de guarda, proteção e faro. Atualmente a
sessão possui 40 cães, dos quais 30 estão em atividade.
"Acho fascinante trabalhar com
comportamento e treinamento dos cães e, por isso, mesmo sendo coordenador,
sempre que encontro uma oportunidade, também aplico treinamentos", conta o
Capitão.
Uma passagem pela carreira
militar
O médico-veterinário Martin Jacques Cavaliero,
Conselheiro Suplente na chapa eleita este ano para assumir a diretoria do
CRMV-SP no triênio 2018/2021, também já vivenciou a profissão no âmbito
militar. Ele serviu o Exército como oficial temporário em 1988.
Diferente da trajetória do Capitão Augusto,
Cavaliero atuou na área de inspeção de alimentos, no Hospital Militar, cuidando
da qualidade e sanidade de alimentos de origem animal de pacientes e do
efetivo. "Foi um divisor de águas para mim, principalmente pela disciplina
e organização do trabalho, aspectos que levo até hoje em minha trajetória
profissional", conta o conselheiro, que depois da experiência ingressou na
indústria farmacêutica.
Exército requer visão
generalista
O desafio atual do profissional que opta pela
carreira no Exército Brasileiro é manter-se atualizado nas diferentes áreas do
conhecimento inerentes à Medicina Veterinária, com foco no conceito de Saúde
Única. É o que afirma o Capitão Médico-Veterinário Otavio Augusto Brioschi
Soares, coordenador dos treinadores da Seção de Cães de Guerra/Centro de
Reprodução de Caninos do 2º Batalhão de Polícia do Exército Brasileiro, em
Osasco (SP), ao comentar sobre os rumos da Medicina Veterinária Militar.
"Além das atividades do cargo que o
profissional assume oficialmente, os profissionais médicos-veterinários
contribuem em outros campos a fim de melhorar e preservar a saúde de todo o
efetivo de sua unidade", comenta o Capitão Augusto, que desempenha as
funções de coordenador, mas frisa que se preocupa também em orientar, por
exemplo, os profissionais da cozinha, quanto às boas práticas para a
manipulação de alimentos e prevenção de vetores.
"Como médicos-veterinários, nosso olhar
deve estar sempre atento para promover a saúde."
Na opinião do oficial, essa característica na
atuação militar amplia a visão generalista do médico-veterinário e faz com que
a reciclagem profissional constante em diversas áreas - da clínica de pequenos
animais à inspeção de alimentos - seja uma necessidade, especialmente no que
diz respeito ao equilíbrio das ações em prol das saúdes animal, ambiental e
humana, pilares englobados pelo conceito de Saúde Única. "Isso é
fundamental tanto em nossas unidades, quanto em missões no exterior, uma vez que
podemos atuar em países que podem ter condições sanitárias bastante
complicadas."
História a comemorar
A data, 17 de junho, foi instituída Dia do
Médico-Veterinário Militar em homenagem ao patrono do serviço
médico-veterinário do Exército, Tenente-Coronel Médico João Muniz Barreto de
Aragão, em menção ao importante trabalho que desempenhou e ao dia de seu
aniversário, 17 de junho.
Com ajuda de médicos-veterinários franceses, o
Coronel criou a primeira escola de Medicina Veterinária do Brasil, em 1910, e
foi responsável por implementar o serviço de defesa sanitária animal, precursor
do Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia,
por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional
em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de
fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do
Estado de São Paulo, com mais de 34 mil profissionais ativos. Além disso,
assessora os governos da União, Estados e Municípios nos assuntos relacionados
com as profissões por ele representadas.
Assessoria de Comunicação do CRMV-SP
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