Sabemos
há muito tempo que a amamentação acarreta em muitos benefícios tanto para mães,
como para bebês. No entanto, as evidências anteriores mostraram apenas
efeitos fracos sobre doenças crônicas em mulheres
Em um estudo
nacional de longo prazo, publicado no JAMA Internal Medicine, o
aleitamento materno, por seis meses ou mais, reduziu o risco de desenvolver diabetes
tipo 2 quase que pela metade para as mulheres, ao longo de seus anos férteis.
Os pesquisadores
encontraram uma associação muito forte entre a duração da amamentação e o menor
risco de desenvolver diabetes, mesmo depois de contabilizar todos os possíveis
fatores de risco de confusão.
As mulheres que
amamentaram durante seis meses ou mais, em todos os tipos de partos, tiveram
uma redução de 47% no risco de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com
aquelas que não amamentaram. As mulheres que amamentaram durante seis meses ou
menos tiveram uma redução de 25% no risco de diabetes.
Os pesquisadores
analisaram os dados durante os 30 anos de acompanhamento do estudo do
Desenvolvimento do Risco da Artéria Coronária em Adultos Jovens (CARDIA), uma
investigação nacional e multicêntrica de fatores de risco de doenças
cardiovasculares que inicialmente reuniu dados de cerca de 5.000 adultos, entre
18 e 30 anos, em 1985 a 1986.
Os benefícios em
longo prazo da amamentação no menor risco de diabetes foram semelhantes para
mulheres negras e brancas, e mulheres com ou sem diabetes gestacional. As
mulheres negras eram três vezes mais propensas que as mulheres brancas a
desenvolver diabetes dentro do estudo de 30 anos, o que é consistente com o
maior risco encontrado por outros estudos. As mulheres negras cadastradas no
CARDIA também apresentaram menor chance de amamentar do que mulheres brancas.
A incidência de
diabetes diminuiu de forma gradual à medida que a duração da amamentação
aumentou, independentemente da raça, diabetes gestacional, comportamentos de
estilo de vida, tamanho corporal e outros fatores de risco metabólicos medidos
antes da gravidez, o que implica a possibilidade de que o mecanismo subjacente
possa ser biológico. Vários mecanismos biológicos plausíveis são possíveis para
os efeitos protetores da amamentação, incluindo a influência de hormônios
associados à lactação nas células pancreáticas que controlam os níveis de
insulina no sangue e, desse modo, afetam a glicemia.
“Sabemos, há muito
tempo, que a amamentação acarreta muitos benefícios, tanto para mães como para
bebês; no entanto, as evidências anteriores mostraram apenas efeitos fracos
sobre doenças crônicas em mulheres. Agora, vemos uma proteção muito mais forte
desse novo estudo mostrando que as mães que amamentam, durante seis meses ou
mais, após o parto, podem estar reduzindo o risco de desenvolverem diabetes
tipo 2 em até 50% quando envelhecem. Esse é mais um motivo para que
médicos, enfermeiros e maternidades, bem como políticas públicas, devam apoiar
as mulheres e suas famílias a amamentar o maior tempo possível”, afirma o
pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Amamentação
reduz o risco de hipertensão
Um estudo,
publicado no American Journal of Hypertension, indica que as mulheres
que amamentam mais crianças e por longos períodos de tempo são menos propensas
a sofrer de hipertensão, após atingir a menopausa. Isso, no entanto, é menos
verdade para as mulheres obesas.
Vários estudos
concluíram consistentemente que o aleitamento ausente ou a interrupção
prematura estava associado a riscos aumentados de diabetes mellitus,
dislipidemia, síndrome metabólica, doença cardíaca coronária e doenças
cardiovasculares. No entanto, poucos estudos estabeleceram uma relação clara
entre amamentação e hipertensão.
Neste estudo, a
população estudada compreendeu 3.191 mulheres na pós-menopausa, não-fumantes, com
idade igual ou superior a 50 anos, na Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição de
2010-2011.
Mais crianças
amamentadas e maior duração da amamentação foram associadas com menor risco de
hipertensão em mulheres na pós-menopausa, e grau de obesidade e resistência à
insulina moderaram a associação da amamentação-hipertensão. Em particular, o
quintil mais alto de número de crianças amamentadas (5 a 11) mostrou um risco
51% menor de hipertensão em relação ao quintil mais baixo (0 a 1). O quintil
mais alto de duração da amamentação (96 a 324 meses) mostrou um risco 45% menor
de hipertensão.
“Embora uma ampla
gama de doenças crônicas não esteja associada à amamentação, alguns mecanismos
comuns foram propostos para fundamentar as relações entre a amamentação e essas
doenças. Primeiro, o metabolismo materno (por exemplo, acúmulo de gordura e
resistência à insulina) pode ser "reiniciado" pela amamentação após a
gravidez, o que diminui o risco de doenças relacionadas à obesidade. Em segundo
lugar, a liberação de ocitocina estimulada pela amamentação pode estar
associada à diminuição do risco dessas doenças”, explica o pediatra.
Moises Chencinski
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