Estão fazendo disso tudo um carnaval tentando por os blocos na rua,
mostrar-se todos bem assanhados, rebolando na boquinha de um Tribunal. Digam-me
sinceramente: na real, o que é que esse julgamento, o primeiro dos muitos de
Lula que ainda teremos o prazer de ver e rever, mudará na sua vida? Porque
tanta papagaiada em torno disso, como se fosse um julgamento muito do
importante, de vida ou morte, mundial, histórico? Se confirmado pelos
desembargadores, condenado, acaso ele vai para uma cadeira elétrica,
guilhotina, ou vai ficar só sem sobremesa? Ou melhor, sem candidatura?
Acaso ele já estava eleito por antecipação, aclamação,
bons serviços prestados anteriormente, premiação por nos ter dado a chance de
aguentar a Dilma? Seria Lula alguma espécie em extinção? – isso até, pensando
bem, poderia ser bom. Um Messias, ou Bessias? Seria Lula algum personagem
mitológico, ser acima do bem e do mal e que, se condenado e não puder concorrer
à Presidência, o país será riscado do mapa? Ou essa história está sendo tão
repisada que talvez até haja quem realmente acredite - repito, caso os
desembargadores confirmarem essa primeira sentença que há contra ele, em um
julgamento- quea nossa democracia estará em risco? Oi, tão malucos?
E de tudo quanto é lado, esse exagero, que culmina
agora com transmissão ao vivo via YouTube! Governador pedindo tropas.
Manifestações programadas antes e no dia, telões em praças. Chuvas de
abaixo-assinados. Só falta combinarem cor de roupa pró e contra, adereço de
mão, pintura tribal.
Até quando teremos de, inclusive, ver e ouvir as
patacoadas e reinações de Narizinho, a Gleisi, que agora preside o impoluto PT
em sua desesperada tentativa de isentar o ex-presidente de seu triplex na
prainha, que ainda nem é o Sítio do Pica-Pau amarelo, ou melhor, o sítio de
Atibaia, outro capítulo mais adiante dessa interminável novela. E o
Lindinho, o Lindbergh? O senador meia-boca, paraibano eleito pelo Rio de
Janeiro que continuará sendo apenas conhecido como ex-líder estudantil cara
pintada, e que conclama, insinua, ameaça, se esgoela, cria frases de efeito, se
esmera em espalhar um clima de guerra, como se o caso pudesse mesmo ser de
grande mobilização popular. O povo não está se mexendo nem para se coçar! De
qual planeta essa gente desembarcou?
Para onde se olha, se não for para as quilométricas
filas dos postos de saúde onde repentinas ondas e turbas exigem tomar vacina
contra febre amarela até mesmo sem precisar, e o que já dizima pessoas
que não podiam tomar e estão morrendo, só se escuta falar do tal
julgamento. Um pandemônio que lida com a conhecida ignorância nacional
misturada com notícias falsas, boatos e, ainda por cima, ameaças, inclusive aos
juízes que decidirão o placar de três votos em Porto Alegre.
Nos nossos tempos ainda concorre, para piorar o
terrorismo e nos infernizar, o Whatsapp que as pessoas gratuitamente vêm usando
sem qualquer moderação e que continuando nessa toada será exterminado, pelo
menos dos celulares de quem tem o que fazer. Por ali passam todas as sandices,
inclusive de uma corrente dos que têm vivido só para odiar e passando da
conta com suas adorações de bolsonaros e afins, estes sim bem perigosos para a
democracia e para a nossa saúde.
Julgamentos, também acho, podem ser incríveis,
emocionantes, mobilizar corações e mentes, mas desde que os crimes sejam ricos
em seus roteiros e detalhes; os criminosos, mentes fascinantes nem que seja
pela ousadia. Não casos de corrupção sórdida e pobre que revelem projetos de
poder pessoais criados à base da miséria humana, do desprezo às boas práticas,
que culminam em tríplex, pedalinhos decorados e outros bens pessoais de gosto
duvidoso e às nossas custas.
Essa é só a primeira temporada dessa série.
Marli
Gonçalves jornalista – não
seria melhor se estivéssemos vendo exatamente quem serão os candidatos à
presidência? Já viram que enquanto nos distraem até o Fernando Collor está se
lançando, botando a cara para fora do buraco de onde nunca mais deveria poder
sair?
Brasil, para frente, por favor!
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