Estudo
recente do Ministério da Saúde aponta que a doença avançou 61,8% nos últimos
dez anos no país
De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da
Saúde, o número de brasileiros diagnosticados com diabetes saltou de 5,5%, em
2006, para 8,9%, no ano passado. Ou seja, em uma década, a doença cresceu
61,8%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, atualmente, 16 milhões
de brasileiros são diabéticos.
A Dra. Dhiãnah Santini, endocrinologista do Centro de Obesidade e
Diabetes do Hospital Pró-Cardíaco, criado recentemente pela instituição, afirma
que o Rio de Janeiro é a cidade líder no ranking brasileiro de diabéticos, com
10,4 casos a cada 100 mil habitantes. A especialista acredita que esse número
pode ser ainda maior, tendo em vista que o atlas da Federação Internacional de
Diabetes (IDF) aponta que 46,5% dos adultos portadores do problema não têm
conhecimento da doença. “É um fator que preocupa, pois os primeiros sintomas
podem ser muito leves e os pacientes não percebem, a princípio, que estão
doentes”, diz.
De acordo com a médica, o diabetes pode ser dividido em três classes:
o do tipo 1, o do tipo 2 e o diabetes gestacional. O primeiro, que é autoimune,
compromete a capacidade de produção de insulina de forma súbita. “É bastante
comum entre os jovens, requer uso de insulina de forma obrigatória, mas não tem
relação com hereditariedade e estilo de vida”, explica.
Já o diabetes do tipo 2 pode aparecer em qualquer idade, com sintomas
bastante sutis. “Esse tipo acomete mais os adultos acima do peso, que, em
geral, já apresentam histórico da doença na família em várias gerações. Tem
relação direta com sedentarismo, hipertensão, obesidade, colesterol alto e
doença cardiovascular. De início, pode se apresentar de forma lenta e, também, com
sintomas amenos”, observa a especialista. Já o diabetes do tipo gestacional
pode acometer gestantes após a 24ª semana de gravidez.
Também segundo a pesquisa Vigitel, as mulheres concentram o maior
registro de diagnósticos no período estudado: este foi de 6,3%, em 2006, para
9,9%, em 2016. “A população feminina tem uma tendência maior de ganho de peso
que os homens, o que é maximizado após a menopausa, com mais chances de
desenvolvimento de resistência insulínica, de crescimento da gordura abdominal
e, consequentemente, de surgimento do diabetes”, observa a médica.
Os sintomas mais comuns são visão turva, perda repentina de peso, fome
em demasia, infecções, formigamento, confusão mental, fadiga, irritabilidade,
sede excessiva e disfunção erétil, no caso dos homens. “Esses são alguns dos
sinais clássicos da doença. Outra questão importante está relacionada à demora
na cicatrização, mesmo no caso de cortes e ferimentos mais simples”, alerta.
Quanto ao tratamento, dependendo do tipo da doença, há diferenciação,
como explica Dhiãnah: “Para o tipo 1, há necessidade de usar a insulina de ação
rápida e lenta, com múltiplas injeções ao dia; de seguir uma rotina na dieta,
com contagem de carboidratos; e de praticar exercícios regulares, além de
verificar diariamente as taxas de açúcar no sangue. Já o tipo 2 exige a
ingestão de remédios específicos para ajudar no controle da produção e secreção
de insulina pelo pâncreas”, diz.
A especialista informa que a melhor forma de prevenir a doença é
manter hábitos saudáveis, como o controle do peso, ingerir alimentos ricos em
vegetais e legumes e evitar o açúcar e carboidratos em excesso. “Também é
importante que todos os adultos acima de 45 anos – ou até os abaixo dessa
idade, que estejam acima do peso – façam exame para saber se estão com
diabetes”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário