A economia brasileira perpassa um momento de grande
dificuldade. No biênio de 2015-2016, a contração do PIB atingiu 7,2%. Neste
ambiente, a contração da renda, os aumentos do desemprego e das disparidades
sociais se fazem latentes. A dificuldade de se recuperar o dinamismo econômico
esbarra na dificuldade de se achar alguma fonte para isso na economia
brasileira.
Os dados mais recentes da balança comercial
mostravam uma recuperação das exportações, particularmente nos setores
primários. Os três principais produtos exportados pelo Brasil são soja, minério
de ferro e carne, na respectiva ordem. No entanto, o recente escândalo das
carnes pode alterar esta realidade. China, Chile, Coreia do Sul e União
Europeia suspenderam temporariamente as importações de empresas citadas nas
denúncias.
Atualmente, cerca de 20% da produção nacional de
carnes é direcionada ao mercado externo. Tal montante significou mais de US$ 14
bilhões, ou 7,5% do total exportado pelo país em 2016. Assim, um abalo das
exportações do setor pode ter um efeito extremamente deletério a uma economia
já extremamente fragilizada. Uma redução de 10% das vendas externas de carnes
brasileiras pode atingir mais de quatrocentos mil postos de trabalho. Mais do
que isso, pode acentuar o problema da arrecadação fiscal, minando o
recolhimento de mais de 1 bilhão em impostos.
O setor de proteína animal constitui atualmente uma
das maiores fontes de dinamismo da economia, de maneira que a sua retração pode
dificultar ainda mais a sempre postergada recuperação econômica. Os
responsáveis devem ser devidamente punidos, mas a ação da lei não pode ser
magnificada a ponto de comprometer toda uma cadeia produtiva e a inserção de
mercados internacionais duramente conquistados.
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