A necessidade de planejamento e inovação na
mobilidade urbana
Vivo
em uma grande cidade no Brasil e utilizo o transporte público, mas sem muita
comodidade e segurança. Para chegar até a estação do metrô ou ao ponto de
ônibus, muitas vezes o corredor é lotado e parecemos um bando de pinguins
marchadores ou ainda um monte de bois no confinamento indo para o abate. Sim,
parece meio catastrófico, porém, o pior é que nos acostumamos com isso.
Achamos
normal estar no trânsito durante muito tempo, ou ainda, ter calçadas que
parecem verdadeiras pistas de corridas de aventuras com buracos, lixo, pessoas,
fezes, enfim, grandes obstáculos.
Isso
sem falar da ampliação das dificuldades para as pessoas que têm mobilidade
reduzida e outras deficiências. Temos, sim, pontos, calçadas e avenidas já
preparadas, mas, comparativamente ao total, é uma porcentagem muito pequena.
A
necessidade de calçadas padronizadas, lisas e bem cuidadas e de
responsabilidade compartilhada entre os cidadãos e as prefeituras é outro ponto
importante nessa discussão.
A
nossa constituição convencionou no seu artigo 5o o direito a todos
os cidadãos brasileiros de ir e vir. E este é parte integrante do direito a
liberdade. Quando falamos da mobilidade urbana não estamos falando de uma
proposta de governo ou de uma meta empresarial e, sim, de um direito que temos
só por termos nascidos neste país bonito por natureza.
Precisamos
cada dia mais de inovações e quebras de paradigmas dentro da gestão urbana e da
cultura dos moradores destas grandes cidades. Em alguns países, como no Japão,
existem calçadas subterrâneas com esteiras rolantes em ruas muito movimentadas,
primeiramente para épocas de neve e segundo para dividir o fluxo destes locais
muito movimentados.
O
transporte subterrâneo, como o metrô pode ser um investimento muito alto para
algumas cidades, mas o que aprendemos com estes grandes eventos que o Brasil
sediou nestes últimos anos foi a importância dos veículos leves sobre rodas e
os veículos leves sobre trilhos que começaram a funcionar em algumas cidades
juntamente com os corredores exclusivos. Ainda dá um trabalho para implementar,
não deixa de ser um investimento alto, porém o retorno a médio e longo prazo
para a mobilidade é muito interessante.
Os
carros próprios que as pessoas estão colocando para alugar e o serviço de
passageiro por meio de carros compartilhados juntamente com a alta tecnologia
dos aplicativos é outra maneira de tirar carros das ruas e deixar o transito
fluir melhor. Ah, sem esquecer também das bicicletas compartilhadas, que os
grandes bancos viram isso como uma plataforma de comunicação de suas marcas e
de solução de mobilidade para algumas cidades, tal qual o apoio e patrocínio
dessas empresas a ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas.
Outra
discussão atual é a diminuição da velocidade nas ruas. Muitos países
desenvolvidos já adotaram há algum tempo e o resultado tem sido a redução do
trânsito e do número de mortes por acidentes também.
Pois
é, não existe somente uma solução milagrosa para a mobilidade urbana, que ainda
possui o agravante da batalha das vendas de carros e de combustível, os grandes
pilares da nossa economia brasileira.
Não
quero fazer aqui o papel de um urbanista, ecochato, arquiteto ou engenheiro de
tráfego, sou apenas um cidadão que também sofre no dia a dia com a falta de
mobilidade urbana e que sonha, ensina e escreve para poder ter mais tempo com a
família e ter o direito de ir e vir com mais segurança e conforto. Vamos buscar
este direito juntos?
Marcus
Nakagawa - sócio-diretor da iSetor; professor da graduação e pós da ESPM;
idealizador e diretor administrativo da Abraps; e palestrante sobre
sustentabilidade, empreendedorsimo e estilo de vida.
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