As
festas juninas são uma tentação para quem precisa evitar alimentos calóricos,
mas, segundo a professora de Nutrição da Faculdade de Medicina de Petrópolis,
Brigitte Olichon, ninguém precisa se privar de comer canjica, curau,
paçoca, doce de abóbora, bolo de milho, pamonha e outras delícias. Basta
optar pelo preparo de receitas light.
“Além
de gostosos, os pratos são feitos com alimentos ricos em nutrientes e
importantes para a manutenção da saúde, como o amendoim, a abóbora, o milho e a
batata doce. O problema está em como e quanto ingerimos. A
tradição nos faz preparar pratos ricos em açúcar e gorduras, o que interfere na
absorção adequada dos nutrientes e aumenta muito o valor calórico desses
alimentos. Não devemos excluir esses alimentos de nossa rotina, nem evitar
comê-los nas comemorações juninas, mas aprender a aproveitar o que cada um
deles tem de melhor, garantindo sabor e saúde nas receitas”, ensina a
professora Brigitte Olichon.
A
seguir, nove receitas para quem quer participar dos festejos e não sair da
linha e também informações sobre a tradição das festas juninas e a importância
para saúde dos ingredientes principais das receitas.
TRADIÇÃO
DOS FESTEJOS E PRATOS JUNINOS - As festas juninas têm sua origem no
solstício de verão da Europa, quando os dias começam a ficar mais longos e
quentes, e as noites mais curtas. Neste momento, celebra-se a vida
com festas, danças e casamentos. Esta antiga tradição veio parar no
Brasil através dos colonos portugueses e franceses.
No
entanto, esta época, no Brasil, equivale ao solstício de inverno, quando os
dias ficam mais curtos, as noites mais longas e o frio vem chegando devagar.
Também marca o fim do outono e, portanto, das colheitas, sobretudo dos
alimentos que a Natureza, sabiamente, oferece como mais calóricos - para nos
ajudar a enfrentar a escuridão e o frio do inverno.
Neste
momento, as famílias e comunidades celebravam as colheitas e armazenavam os
alimentos próprios para a difícil travessia do inverno. Talvez fosse a última
vez que se vissem em meses, pois todos moravam mais afastados e o frio impedia
grandes deslocamentos. A celebração era quase uma despedida... A tradição
européia preservou as festas, as quadrilhas e casamentos.
Os
alimentos desta época, utilizados ainda hoje nessas celebrações, são de fato
mais calóricos: milho, batata-doce, amendoim, aipim, abóbora, e todas as suas
variantes. A razão de serem calóricos é para nos ajudar a atravessar o frio do
inverno, além de serem alimentos de fácil conservação. Mas eles também são
ricos em diversos nutrientes que, naturalmente, nos fazem falta nessa época do
ano de pouco sol e poucas frutas. Por exemplo:
-
O milho tem muita fibra, é rico em vitamina B1, que ajuda na
regularização do sistema nervoso e aparelho digestivo, e tonifica o músculo
cardíaco. Também é rico em vitamina E, antioxidante que combate a degeneração
muscular, atua no crescimento e protege o sistema reprodutor, aumentando a
potência sexual. É ainda rico em Fósforo (necessário ao cérebro).
-
A batata-doce é rica em betacaroteno (precursor da Vitamina A),
vitamina C (ácido ascórbico) e vitaminas do complexo B. A batata-doce é também
uma excelente fonte de potássio, fósforo, cálcio e ferro (cerca de 25% das
necessidades diárias em ferro). São também de referir os elevados níveis de
polifenóis, como as antocianinas e os ácidos fenólicos, que são poderosos
antioxidantes. Excelente fonte de fibras.
-
O amendoim tem proteínas ricas em aminoácidos essenciais, que não podem
ser sintetizadas pelo organismo humano. Seu valor nutritivo não se altera
durante a torrefação e suas gorduras também são ricas em ácidos graxos
essenciais. O amendoim é uma fonte excelente de vitaminas do complexo B e
uma das mais importantes é a B5, já que sua carência conduz à avitaminose
denominada pelagra ou doença dos 3D (dermatite, diarréia e demência). Este
fruto também inibe a absorção do colesterol, reduzindo os riscos de problemas
no coração. Segundo algumas pesquisas, o consumo de amendoim,
seja in natura, em doces ou em confeitos, também pode ajudar
na prevenção e no tratamento de tumores. A responsável por isso é
uma substância encontrada na sua composição química,
chamada resveratrol, que possui propriedades antiinflamatórias e
anticancerígenas.Também é rico em fibras, potássio, cálcio, magnésio, além
de fitosteróis, Omega-6 e outros componentes.
-
O aipim é boa fonte de energia,
não tem proteínas nem gorduras e contém grande quantidade de vitaminas do
complexo B, principalmente a vitamina B3 (niacina), além de boa
quantidade de potássio, cálcio, ferro e fósforo.
-
A abóbora possui grandes quantidades de vitaminas antioxidantes
(vitamina C, E e betacaroteno - provitamina A). Possui também boas quantidades
de vitaminas do complexo B (B1, B2 e B5), fibras e os minerais cálcio, fósforo,
ferro e potássio. Devido ao seu grande conteúdo de betacaroteno (provitamina
A), seu consumo ajuda a diminuir o risco de câncer, doenças do coração, derrame
e cataratas. Suas sementes, para os índios Cherookee, podem curar cólicas,
diminuir pedras nos rins e acalmar febres, desde que servidas em chás. O
suco retirado das flores é digestivo; as sementes são vermífugas, mas com
efeito lento, e quando trituradas fornecem um suco refrigerante, próprio para
os períodos de febre e nas inflamações das vias urinárias, como cistite e
hipertrofia prostática. Adstringente, laxante, diurética, alcalinizante. A
decocção da polpa é indicada nos casos de diarréia e gases; o sumo da polpa
para prisão de ventre. O cataplasma das folhas é indicado em casos de
queimaduras, inflamações e dores de ouvido. É um excelente vermífugo,
principalmente para crianças. É tônico para o cérebro, fígado, rins e
intestinos.
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