Controle de preços pela ANS e o pequeno
número de operadoras atendendo este segmento podem dificultar a transferência
da carteira de pessoas físicas
O
destino dos 744 mil clientes da Unimed Paulistana segue indefinido. A operadora
tem 30 dias, prazo concedido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar),
para encontrar outra operadora que acolha os seus clientes. Mas não será uma
tarefa fácil, sobretudo para os clientes dos planos individuais, afirma a
advogada Rosana Chiavassa, especialista em Direito do Consumidor com foco nas
áreas da saúde. “Hoje são raras as operadoras que atendem a este segmento do
mercado. O desinteresse se deve, principalmente, pelo fato dos reajustes das
mensalidades e rescisão serem controlados pela ANS”, explica.
De
acordo com informes da ANS, a decisão imposta à Unimed Paulistana foi motivada
pelo histórico de dificuldades técnicas e financeiras da operadora, o que
resultava em constantes reclamações de usuários por falhas no atendimento. “Os
temores da ANS são justificáveis. Mas esperou a operadora chegar ao seu limite
para agir. Agora, dificilmente uma boa operadora vai se interessar pela
carteira. A ANS deveria ter avaliado as opções do mercado para os clientes
individuais que, a meu ver, ficaram numa situação ainda pior. Não sabem onde
estão e nem para onde podem ir”, argumenta Chiavassa, que é uma das referências
do direito na área da saúde. “Espero que os direitos destes consumidores sejam
respeitados”, acrescenta.
Chiavassa
lembra que boa parte dos contratos individuais da Unimed Paulistana é antigo,
de pessoas com idade ligeiramente avançada. “Quem vai assistir a estas pessoas?
Será que existe alguma operadora que possa lhes garantir os mesmos direitos que
o contrato com a Unimed Paulistana lhes assegurava? Será que a ANS vai garantir
que recebam o mesmo tratamento? Espero que sim, mas tenho minhas dúvidas”,
revela.
A
advogada teme que as dificuldades da Unimed Paulistana em alocar os seus
clientes individuais em uma nova operadora acabem por apressar a liberação dos
preços dos planos de saúde voltados para pessoas físicas, tema que já foi
estudado pelos Ministérios da Saúde, Fazenda e ANS. “Estas discussões começaram
recentemente e a expectativa era de que a liberação dos preços estimulasse a
volta das grandes operadoras ao segmento de pessoas físicas. Houve protestos,
pois as entidades de defesa do consumidor não foram convidadas a participar. O
tema esfriou, mas pode voltar se a Unimed Paulistana não conseguir encaminhar
os seus clientes”, avalia.
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