Sancionada a lei que promete incentivos à Internet das Coisas, a expectativa é que a medida aqueça o setor, torne a tecnologia mais barata, traga investimentos para o Brasil e gere mais de 10 milhões de empregos nos próximos anos, segundo o Ministério das Comunicações.
Por outro lado, a tecnologia desponta como uma das
viabilizadoras para promover a transformação digital e lastrear novos modelos
de negócios na pós-pandemia. Em um mundo de tantas oportunidades, num país de
dimensões continentais, como esse avanço deve impactar a nossa vida, no Brasil?
Primeiro, é necessário dizer que o avanço e a
popularização dessa tecnologia não devem tomar lugar “a jato” no país. Isso
porque o Brasil ainda precisa investir em infraestrutura adequada para suportar
a larga escala desse tipo de tecnologia fora dos grandes centros urbanos.
Isso não significa, entretanto, que o setor não
esteja avançando – e alguns segmentos podem exemplificar muito bem essa
dinâmica. Em termos práticos e mais próximos do cotidiano de grande parte dos
cidadãos, o uso de IoT para conectar maquininhas de cartão e rastreadores de
veículos já é bastante empregado há algum tempo.
Um outro setor que tem esse uso avançado no país é
o da manufatura, com a indústria 4.0. Vale ressaltar que o avanço está presente
majoritariamente em fábricas de grande porte e companhias com fôlego de
investimento, mas seus avanços já são notáveis.
O uso de IoT para melhorar a segurança de
funcionários em fábricas e plantas, ativando alertas para os operários que se
encontram em situação de risco ou que não estão utilizando EPIs, ou ainda se
são identificadas oscilações anômalas em estruturas, são algumas das aplicações
de sucesso que a Minsait tem realizado. A companhia também utiliza o IoT
na eficiência operacional, mediante a capitalização de dados de dispositivos
IoT para otimizar custos e maximizar a vida útil de ativos por meio da
manutenção preditiva baseada no dado. De fato, graças ao desenho e implantação
de soluções como estas a Minsait já reduziu em até 50% os custos operacionais
de supervisão de ativos em zonas de alto risco, minimizando a necessidade de
atuação humana na prevenção de acidentes.
Partindo para outras esferas, o setor elétrico é
outro exemplo próximo, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de
soluções relacionadas à descarbonização e eficiência energética. Pontos como o
armazenamento de energia, geração distribuída, mobilidade elétrica e gestão de
demanda ativa, bastante discutidos, dependem do avanço de tecnologias como IoT
e Big Data para ampliarem seu potencial no país.
Neste âmbito, a Minsait tem apoiado o maior
produtor de energia renovável de um importante país europeu a alcançar altos
níveis de antecipação e controle, por meio da adoção de uma plataforma IoT e Big
Data que permite o processamento contínuo de mais de 200 sinais de suas 1.500
turbinas para convertê-los, com o uso de analítica avançada, no conhecimento
que permite a esta companhia prever a produção eólica do dia seguinte,
maximizando assim sua rentabilidade e evitando penalizações por desvios.
O setor de saúde também pode se beneficiar
largamente do uso de IoT. Com dispositivos conectados, será cada vez mais fácil
fazer diagnósticos e cruzar informações para obter benefícios. Alguns exemplos
práticos disso são o armazenamento automático na nuvem, empoderamento do
paciente e o registro autônomo de informações.
Há vários anos a Minsait posicionou-se como
pioneira com uma solução de tele assistência e monitoramento em hospitais,
habilitando a análise em tempo real e de maneira remota e desatendida das
variáveis clínicas de pacientes crônicos por meio de dispositivos IoT, assim
como reduziu os deslocamentos aos hospitais em até 40% e deslocamentos médicos
às residências em cerca de 20%. Portanto, o IoT não só se tornou uma ferramenta
de eficiência hospitalar, como também estabeleceu desde então novos níveis de
qualidade de vida a estes pacientes, mantendo sua segurança e controle, sem
implicar em visitas periódicas e desnecessárias ao hospital.
O agronegócio também tem sua parcela de benefícios.
Eficiência na produção, transporte e no plantio já são realidade e contam com o
apoio de dados para minimizar perdas. Fazer com que o país avance no ranking
mundial de produção de alimentos certamente é um interesse para os brasileiros
que atuam nesse setor – um dos mais representativos para a economia do país.
Na outra ponta, em termos de setores com aplicação
ainda em menor escala da internet das coisas, está a meteorologia, por meio do
conceito de “weather of things”. Basicamente, trata-se do uso de dados – além
dos tradicionais e conhecidos satélites – para fornecer previsões super
precisas a respeito da previsão do tempo, um fator extremamente útil se
considerarmos regiões de risco ou previsões de alagamentos, por exemplo.
O uso de drones conectados, medidores de poluição e
carros autônomos também entram nesse escopo. Para seu amplo desenvolvimento no
país, a aprovação e o uso do 5G devem desempenhar um papel essencial,
contribuindo não só para a conexão individual de cada setor, mas para a
construção de um objetivo final ainda maior: o das cidades inteligentes.
O IoT teve nos últimos anos um papel protagonista
na transformação de cidades em Smart Cities. A centralização e exploração
cruzada do dado proveniente das diferentes “verticais” da cidade (transporte,
comunicações, iluminação, turismo, etc) habilitou a criação de casos de uso
sofisticados que otimizaram a utilização dos recursos nas cidades, tais como:
iluminação inteligente, gerando economias de cerca de 40% no consumo elétrico e
irrigação inteligente, com economias de até 25% no consumo de água.
Do ponto de vista tecnológico, as empresas que
buscam avançar em IoT serão desafiadas a revisitar sua estratégia e arquitetura
tecnológica. No “final do dia”, IoT se trata de dados, “Things” geram dados e
estes serão gerados em uma escala cada vez maior, exigindo uma arquitetura que
seja capaz de capturá-los, processá-los e armazená-los. Além disto, com o IoT,
uma porta para implementação de novos casos de uso se abre e estes, por sua
vez, requerem tecnologias complementares como soluções de “streaming” para
análises real time, microsserviços, Inteligência Artificial e edge
computing.
Neste contexto, é preciso bastante atenção para não
se perder neste universo de novas possibilidades. É preciso priorizar os casos
de uso a serem implementados, definir corretamente o roadmap
de evolução da arquitetura tecnológica e escolher adequadamente as soluções a
serem implantadas. Aqui, vale lembrar que as soluções disponíveis no mercado
estão cada vez mais diversificadas e sobrepostas, levando a um aumento de
complexidade no processo deseleção e tomada de decisão. Este é um ponto em que
temos aportado bastante valor aos nossos clientes. Ao combinar conhecimento de
diversas indústrias com conhecimento tecnológico, temos sido capazes de
acelerar toda esta jornada e, principalmente, otimizar os investimentos dos
nossos clientes.
Glênio
Araújo - Gerente Sênior de Tecnologias Avançadas da Minsait no Brasil
Minsait
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