Hoje em dia, muito tem se falado sobre os gatilhos – ou seja, sobre os acontecimentos e eventos aleatórios que disparam, nas pessoas, reações adversas, compulsivas e automáticas. O tema, emprestado da psicologia, ficou muito comum nas redes sociais, onde os “avisos de gatilho” se tornaram recorrentes. Isso porque, como forma de alerta, muitos usuários e contas passaram a adotar a expressão para avisar, de antemão, que aquele conteúdo tem potencial de despertar emoções difíceis ou complexas.
Independentemente da discussão sobre o que é ou não
um gatilho, a verdade é que todos nós, mais dia, menos dia, somos pegos
desprevenidos por acontecimentos que desafiam a nossa razão e provocam
sentimentos inesperados. Basta uma cena de filme, um capítulo de um livro, uma
música ou mesmo a fala de alguém que a gente gosta e pronto: nós nos deparamos
com uma série de emoções doloridas e quase sempre conectadas a eventos do
passado. Isso acontece porque, inconscientemente, os gatilhos nos remetem a
situações que já vivemos e com as quais não lidamos muito bem. Como resultado,
revivemos essas emoções aqui, no presente, por conta da associação estabelecida
pelo nosso cérebro entre o acontecimento do agora e aquele do passado. Mas,
então, o que fazer para lidar melhor com essas situações que, embora tão
sensíveis, são também tão comuns?
O primeiro passo, evidentemente, é promover um
debate capaz de sensibilizar e de fomentar a empatia. Temos, sim, de ensinar as
pessoas a se responsabilizarem por suas falas, mas não podemos esperar que
mudem do dia para a noite. Por isso, a melhor maneira de lidar com um gatilho é
a partir de nós mesmos e da nossa autoconsciência.
De acordo com Heloísa Capelas, uma das principais
especialistas em autoconhecimento, inteligência emocional e inovação pessoal do
país, “os gatilhos mentais e emocionais vão ser disparados, infelizmente, sem
que se possa evitá-los; mas não podemos dar tanto poder ao outro, o outro não
pode ser responsável por nos tirar do cerne. A prática do autoconhecimento nos
permite justamente isso, ou seja, perceber que aquilo é um gatilho, perceber
que nos causa uma emoção negativa e dolorida e, então, decidir o que podemos e
queremos fazer a respeito – em vez de simplesmente responder no automático”.
Heloísa, que é criadora do Universo do
Autoconhecimento (o primeiro clube de assinaturas de autoconhecimento do
Brasil), defende que a autorresponsabilização é uma escolha saudável para
evitar a vitimização. “O que o outro fez ou faz é dele. Nós não temos como
impedi-lo, mas temos como decidir, com atenção e intenção: ‘eu sei que ele está
fazendo para me ferir e, por isso, não vou permitir que isso aconteça’. Mas
essa escolha só pode ser tomada se estivermos, antes de tudo, atento aos nossos
pensamentos e emoções”.
Assim sendo, a autoconsciência, um exercício a ser
praticado diariamente e que nunca tem fim, pode ser um meio muito eficaz para
evitar os ressentimentos causados pelos gatilhos. É como Heloísa Capelas
ensina: “Todo dia, você pode parar por um instante para se perceber. É uma das
maneiras de praticar o autoconhecimento, e, essencialmente, tudo o que você
precisa fazer é decidir que vai se olhar com honestidade e isenção. Que vai se
perguntar e responder, com abertura e sem autocrítica, o que você está
realmente pensando e sentindo, e quais comportamentos têm vontade de adotar em
resposta a isso (em vez de simplesmente adotá-los por impulso). Isso, por si
só, é suficiente para que comece a se conhecer de verdade”.
Heloísa
Capelas - É CEO do Centro Hoffman e, há quase três
décadas, está à frente do Processo Hoffman no Brasil – treinamento de
autoconhecimento aplicado em 15 países e que já teve seus resultados
cientificamente atestados. Por sua sala de aula já passaram mais de 12 mil
alunos, entre os quais algumas das principais lideranças e gestores do mercado
nacional. Criadora do “Universo do Autoconhecimento”, primeira plataforma de
treinamentos e conteúdos online sobre o tema, e autora dos best-sellers “O Mapa
da Felicidade” e “Perdão, a Revolução que Falta”, Heloísa é reconhecida como
uma das principais especialistas do país em autoconhecimento, inteligência
emocional e inovação pessoal.