Essa anomalia foi uma descoberta de pescadores na costa oeste da América do Sul, próximo do litoral do Peru.
El Niño é um fenômeno climático que ocorre periodicamente no
Oceano Pacífico Equatorial. É caracterizado pelo aquecimento anormal das águas
superficiais do Oceano Pacífico, que têm um grande impacto nas condições
climáticas globais. Ele ocorre em intervalos irregulares de cinco a sete anos e
tem duração média que varia entre um ano a um ano e meio, com início nos
últimos meses do ano.
Embora seja um fenômeno natural, o El Niño pode apresentar
uma série de consequências graves que afetam tanto o meio ambiente quanto a
comunidade humana.
“Somado a este fenômeno, evidências científicas confirmam
que o planeta está ficando mais quente e que as consequências do aquecimento
global serão cada vez mais graves. Tempestades, ondas de calor, secas
prolongadas e inundações são alguns dos fenômenos climáticos extremos que serão
cada vez mais frequentes”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios.
O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA),
instrumento federal criado para promover a redução da vulnerabilidade nacional
à mudança do clima e realizar uma gestão do risco associada a esse fenômeno,
reforça a necessidade de adaptação da zona costeira por meio de um recorte
totalmente voltado a esse tipo de ambiente.
Ex-economista chefe do Banco Mundial, Nicholas Stern, foi
escolhido pelo governo britânico, em 2006, para produzir um relatório sobre o
clima. O resultado foi um texto de 700 páginas, no qual Stern
afirmava: "as emissões de gases de efeito estufa são a maior falha do
mercado que o mundo já viu". Uma de suas principais conclusões foi a
de que seria necessário o investimento de 2% do PIB mundial para mitigar os
efeitos das mudanças climáticas.
As cidades costeiras merecem destaque. Conforme ressaltou o
secretário geral da ONU, António Guterres, as cidades são o grande campo de
batalha onde a guerra do clima será ganha ou perdida. E são as cidades
costeiras que receberão com maior intensidade os efeitos das mudanças do clima,
mas que também podem proteger o continente como um todo.
Sem investimentos na proteção dos ambientes costeiros, a
infraestrutura e as comunidades localizadas na zona costeira podem ser expostas
a progressivos riscos de enchentes e erosões costeiras.
“Algumas regiões formadas por ilhas podem sofrer grandes prejuízos ou até mesmo vir a se tornar inabitáveis. Além disso, outros impactos como comprometimento dos recursos naturais e intrusão salina, podem prejudicar fortemente as populações que vivem nessas regiões”, afirma o professor de educação ambiental José Raul Lopez Gomes.
Em determinadas regiões do Brasil, já estão sendo registrados
efeitos climáticos cada vez mais intensos, que promovem destruição por onde
passam, causando legiões de desabrigados e promovendo ou intensificando a
desagregação social.
Segundo Francisco Eliseu Aquino, climatologista e Chefe do
Departamento de Geografia da UFRGS, as tempestades que geraram chuva extrema
nos últimos sete dias decorrem de complexa situação atmosférica formada sobre o
Rio Grande do Sul. Os contrastes entre a onda de calor no centro do Brasil e o
ar frio de origem antártica ao sul, associado a ciclones extratropicais,
favorecem eventos extremos em um planeta mais quente.
Pelo trabalho de investigação em eventos extremos que estão
sendo feitos nos últimos 20-30 anos no Rio Grande do Sul, já era previsto que a
mudança climática se somasse aos fatores naturais, intensificando eventos
climáticos e meteorológicos extremos no mundo e em especial no Sul do Brasil.
“Os impactos das tempestades na sociedade gaúcha demonstram
que, se persistirmos com a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento das
florestas do planeta, eventos climáticos severos e extremos, como chuvas
intensas e secas escaldantes, se tornarão cada vez mais frequentes”, finaliza a
ambientalista Vininha F. Carvalho.
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