Em uma dessas peças que a vida nos prega – quem nunca? – ganhei uma geladeira branca de aniversário. Era um aniversário importante, começava ali uma nova década e quando a duplex (que não era uma Brastemp) chegou lá em casa, senti que tinha entrado na curva decrescente da vida... aquela que tudo passa a ser um plus e que todos nos enxergam como quem nós definitivamente não somos. Meu Deus! Cadê aquele perfume maravilhoso? Aquela jóia assinada, aquele anel que vale um carro, mas pode ser adquirido em 12 vezes? Onde estão as flores? O livro? A geladeira me faz pensar até hoje, depois de mais de duas décadas. E depois de mais de duas décadas, tenho a certeza que a curva na qual me encontro ainda é a crescente e que embora muitos não me enxerguem, eu não me perdi de vista.
Sim, sou mãe. E muitas como eu, nessa altura da vida, começam a se questionar sobre o sentido de todas as coisas. Nós mulheres estamos em um momento descortinador do nosso destino, pensando mesmo a jornada. Isso está acontecendo no mundo inteiro. Observe! Esse momento é aquele que antecede um grande salto. Muitas de nós, de todas as classes sociais e faixas etárias, começamos a mudar.. talvez seja o derrame de informação mundial – o acesso à informação nos trouxe um poder de pensamento nunca antes experimentado. Por óbvio, dores e angústias também, mas prazeres que estavam anos-luz se colocam a um click de distância.
Geladeiras brancas não fazem mais sentido. E chegando o segundo domingo de maio, essa reflexão passa a ser importantíssima, afinal, o que se quer é agradar as homenageadas. Mãe são pessoas, independentemente de serem pessoas que geraram outras pessoas – nesse caso, filhos!
Aliado a esse pensamento – de realmente agradar a pessoa e não carimbá-la com um presente que represente somente o papel famíliar ou social que ela desempenha, nós brasileiros não podemos deixar de olhar como está nossa economia. Um novo governo federal e logo governos municipais, reformas sociais e legislativas às portas, greves sendo ensaiadas e os meninos nas Universidades Federais lutando com um calendário que nunca fecha. Isso aqui dentro das nossas fronteiras... calo-me sobre o que está acontecendo mundo afora.
De todo, se ainda insistem na geladeira branca, atentem: mães sonham sobre o futuro. Se o seu resto de ano ficar comprometido com a geladeira branca, não a dê de presente. Se a televisão for muitoooo importante, tente comprá-la à vista, pechinche, negocie, faça as contas, mas não se endivide!
Mães esperam que
os filhos e a família estejam emocionalmente saudáveis e a saúde financeira de
uma casa, seja a mais humilde delas, gere cidadãos mais equilibrados e com um
futuro mais promissor.
Isso é muito mais importante para a geração seguinte à nossa do que um eletrodoméstico com prazo de validade sendo diminuído a cada ano (antes uma geladeira durava décadas – agora não dura cinco anos) e com um parcelamento a perder de vista.
Agrade sua mãe, mas não se esqueça da sua mente e das suas emoções, elas fazem de você um filho melhor.
Feliz dia das mães... sem geladeiras por favor!
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