Pesquisa sobre assédio sexual realizada pela Microcamp, rede de escolas de informática e inglês, revela que 46,4% dos alunos entrevistados já sofreram assédio sexual nas escolas de ensino regular, e 58,9 % dos assediados afirmaram que não ligaram e agiram naturalmente.
Os dados mostram o quanto o assédio é comum entre os jovens nas escolas, “porém, não pode ser encarado como normal” analisa Helder Hidalgo, psicólogo e coordenador de cursos da Microcamp que defende a realização de debate sobre o tema nas salas de aulas.
“Os estudantes precisam saber de seus direitos e ser informados que o assédio pode trazer danos psicológicos. É uma ofensa punível e não algo que deve ser tratado com naturalidade”, defende o psicólogo.
A pesquisa foi realizada no período de 04 a 07 de abril com 2560 jovens da Microcamp (66,1% mulheres e 33,8% homens) com idades entre 12 e 31 anos, sendo que a maioria (73,2%) está na faixa etária dos 12 aos 21 anos e frequenta o ensino médio (60,7%), enquanto19,6% são estudantes do ensino superior, 12,5% ensino fundamental II e 7,1% de Colégio Técnico.
De acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados (83,9%) sabe o que é assédio sexual, enquanto 21,5% afirmam que já ouviram falar, mas não sabem o quão complexo é o assunto e 7,1% não sabem o que é.
Para 44,6% dos jovens, assédio sexual é quando alguém tenta agarrar uma pessoa à força por várias vezes. 3,6% disseram que é quando alguém olha para outra pessoa com desejo; e outros 3.6% interpretam como sendo quando alguém manda mensagens insinuantes. Contudo, para a maioria (48,2%) todas essas situações podem configurar um assédio, somadas a outras: quando alguém convida para tomar alguma coisa, alguém fica olhando com certo desejo e quando ganha um elogio.
O estudo revela também que a maioria (85,6 %) foi assediada por pessoa desconhecida; enquanto 7,2% por amigos e 7% por alguém da própria família.
A pesquisa também quis saber qual foi a reação dos entrevistados assediados. 58,9% afirmaram que não ligaram e agiram naturalmente; 32,1% não gostaram e contaram para alguém da família; 5,4% ficaram contentes e flertaram com a pessoa que os assediou e 3,4% ficou com medo e pediu para não ir mais à escola.
O estudo também questionou se os alunosassediados comentaram o assunto com alguém e a maioria (48,2%) respondeu que não. 25% disseram ter comentado com os pais e 23,2% com os amigos e apenas 1,6 relataram para a direção da escola.
Quem nunca sofreu assédio (53,6%) respondeu o que faria caso fosse assediado: 44,6% disseram que comentariam com a família; 42,9% pediriam para a pessoa parar, 10,7% comentariam com os amigos e 1,8% acharia normal.
Quando questionados se já assediaram alguém, 85,7% disseram que não, enquanto 8,9% afirmaram ter assediado alguém desconhecido; 3,6% algum amigo e 1,8% o professor.
A pesquisa questionou ainda se o assunto é discutido em sala de aula: 64,3% respondeu que não. Por fim, a pesquisa mostrou que a grande maioria dos jovens (98,2%) acha importante debater o tema na escola.
Com base nos dados da
pesquisa, a Microcamp resolveu realizar uma palestra sobre assédio sexual para
seus alunos. “Nosso público alvo são os jovens que, como apontam os estudos,
são as principais vítimas de assédio sexual. E a maioria deles, como mostra a pesquisa,
considera importante discutir o tema em sala de aula. A Microcamp, embora seja
uma escola de cursos livres, e não de ensino regular, vai dar a sua
contribuição. A palestra vai entrar para o nosso calendário de ações no próximo
mês”, antecipa o coordenador.